Agronegócio de SP anuncia apoio em série a Tarcísio contra Haddad

Em comum, entidades pregam combate a invasões de terra, segurança jurídica no campo e defesa do armamento legalizado dos fazendeiros

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Ribeirão Preto

Entidades e associações ligadas ao agronegócio de São Paulo anunciaram em série nos últimos dias apoio ao candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo do estado.

Se no primeiro turno o setor se dividia entre apoiar o governador Rodrigo Garcia (PSDB) e Tarcísio (com predominância deste) contra Fernando Haddad (PT), agora os anúncios vão todos na direção do candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que também tem a reeleição defendida na disputa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —o mais votado no turno inicial.

O candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos)
O candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) - Ronny Santos-2.out.22/Folhapress

Anunciaram apoio a Tarcísio entidades como a Oricana (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Orindiúva), a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho) São Paulo, a Assovale (Associação Rural Vale do Rio Pardo) e o Sindicato Rural de Fernandópolis.

Em comum, elas pregam o combate a invasões de terra, a segurança jurídica no campo e a defesa do armamento legalizado dos fazendeiros para reduzir a violência. O estado tem cerca de 400 mil cadastros rurais, a maioria de pequenos e médios produtores, segundo dados da Secretaria da Agricultura paulista.

Presidente do Sindicato Rural de Fernandópolis, o engenheiro Marcos Antonio Mazeti disse que a decisão de declarar apoio a Tarcísio e Bolsonaro, feita por meio de uma nota publicada na quinta-feira (6), foi motivada pelo conjunto de pautas de interesse do setor.

"São algumas pautas que têm se identificado com o que o presidente tem feito e com os compromissos do governador Tarcísio. E tem a questão de o outro candidato [Lula] ter qualificado o grupo como capiau, sempre diminuindo o setor produtivo. É uma questão de repúdio e de posição das entidades", afirmou.

Tarcísio fechou o primeiro turno como o mais votado pelos paulistas, com 42,32% dos votos válidos, ante os 35,70% de Haddad. Rodrigo Garcia obteve 18,40% e, com isso, o PSDB perdeu uma eleição a governador no estado pela primeira vez desde 1994, quando Mário Covas (1930-2001) foi eleito e iniciou uma sequência de sete vitórias seguidas dos tucanos.

Presidente da Assovale, que contempla 15 municípios paulistas, Paulo Junqueira afirmou que os apoios que Tarcísio têm recebido confirmam a tendência do setor desde o primeiro turno.

"Grande parte já estava com o Tarcísio e com o presidente Jair Bolsonaro", disse ele, que também preside o Sindicato Rural de Ribeirão Preto, que atende sete municípios, e a Associação Rural de Ribeirão.

A decisão, conforme ele, foi tomada também porque tanto Lula quanto Haddad "defendem a mesma pauta e usam a mesma camisa e o mesmo boné".

"Não pode um candidato, de forma alguma, colocar um boné do MST, que é uma organização criminosa, terrorista, que comete crimes como por exemplo invasão de propriedade rural produtiva. Somos a favor da reforma agrária e da agricultura familiar, desde que dentro da legalidade."

Ex-secretário da Agricultura de São Paulo, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), anunciou no dia seguinte ao primeiro turno que apoiaria Tarcísio na disputa estadual.

"Ribeirão Preto é a capital nacional do agronegócio e é preciso de um presidente e de um governador que lutem pelo agro", disse.

A Oricana, em nota assinada por seu presidente, Roberto Cestari, disse que "o horror que o Partido dos Trabalhadores quer trazer novamente para o Brasil e para São Paulo não pode voltar".

"Corrupção desenfreada e generalizada, desrespeito à ordem jurídica, ataques contra a produção, violações frontais ao direito de propriedade e violência no campo são pautas de criminosos, não de políticos", afirmou trecho do comunicado emitido na quarta (5).

O texto da associação com sede em Orindiúva é idêntico ao da nota pública emitida pela Aprosoja paulista no mesmo dia.

Mazeti disse ainda que o setor pediu aos deputados eleitos da região que apoiem candidatos que protejam a pauta agrícola. "Se o governador ou presidente, tanto Haddad quanto Lula, tivessem pauta em defesa do setor, ótimo, mas eles não têm pauta nesse sentido."

Os anúncios das entidades coincidem com um vídeo da campanha de Tarcísio publicado em suas redes sociais na quinta (6). O candidato aparece no campo, de chapéu e diz que o "agro vem sofrendo e podemos dar um salto".

O tema foi tratado no último dia 30 em visita a Ribeirão Preto, dois dias antes do primeiro turno. Em entrevista, ele disse que a prioridade em um eventual governo seu é "apostar muito no agro".

ORIGEM RURAL

Do lado petista, Fernando Haddad tem reagido às afirmações e dito ver exagero na preocupação com supostas invasões de sem-terra num eventual governo seu.

Em entrevistas durante a campanha no primeiro turno, o candidato falou em segurança alimentar e em aumentar a produtividade no campo.

Já disse ser filho de agricultor e que, por isso, tem laços históricos com o campo e que é preciso investir na melhoria tecnológica para beneficiar os pequenos agricultores.

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