Descrição de chapéu Eleições 2022

EUA e Europa têm votação mais tranquila no 2º turno, com longas filas pontuais

Embaixadas e consulados brasileiros fizeram mudanças nos locais de votação e número de voluntários aumentou

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Madri, Lisboa, Milão, Buenos Aires e Washington

Em Madri, Berlim e Londres, as eleições foram mais tranquilas neste domingo (30) de segundo turno. Mudanças pontuais de organização promovidas pelas embaixadas e consulados brasileiros nessas cidades contribuíram para a redução das filas. Também houve menos registros de confusões entre eleitores.

Nos Estados Unidos, as filas nas seções eleitorais brasileiras não foram nem próximas do que foi visto no primeiro turno, quando a espera para votar para presidente podia chegar a até 4 horas, relataram eleitores à Folha.

Em outras cidades europeias, como Lisboa e Milão, porém, as filas longas continuaram. Em Paris, houve pessoas relatando até 4 horas de espera para votar, enquanto em Zurique esse tempo chegou a 3 horas.

Movimento de eleitores brasileiros em seção eleitoral de Lisboa, em Portugal, para a votação do segundo turno presidencial entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva.
Movimento de eleitores brasileiros em seção eleitoral de Lisboa, em Portugal - Giuliana Miranda/Folhapress

Em Miami, maior colégio brasileiro nos EUA, com 40 mil eleitores registrados, uma multidão vestindo verde e amarelo encheu o local de votação, mas as filas andavam rápido e em poucos minutos era possível sair do local, segundo Gustavo Pimentel, 27.

"Tinha muito mais voluntários desta vez, eu vi mais de 50 pessoas organizando a fila, havia placas orientando por todos os lados aonde deveríamos ir para não ficarmos em filas desnecessárias. Foi bem rápido", diz. Houve carros de som com mensagens contra Lula, relataram eleitores da cidade onde, no primeiro turno, Bolsonaro recebeu 74,26% dos votos.

As filas também andavam rápido em Nova York, terceiro maior colégio do país, com 28 mil eleitores registrados. Guilherme Siqueira, 31, conta que levou duas horas e meia para votar no primeiro turno, e menos de 15 minutos no segundo.

Ao todo, 183 mil brasileiros estão registrados nos EUA, mas a abstenção costuma ser alta porque muitos eleitores precisam viajar para votar, já que não há urnas em todas as cidades.

É o caso de Siqueira, que pegou um ônibus de mais de 2 horas para viajar da Filadélfia a Nova York para votar. "É importante marcar posição e participar desse momento crucial do Brasil. Por mais custoso que seja fazer essa viagem, me sentiria mal se não fizesse."

Na capital, Washington, onde votam 14 mil pessoas, não havia nenhuma fila por volta do horário do almoço, e o clima era de tranquilidade.

A votação no exterior segue o horário local, das 8h às 17h. Por isso, as urnas de San Francisco (11,7 mil eleitores) e Los Angeles (11,2 mil) estarão entre as últimas do mundo a serem computadas: quando for 17h no horário local, serão 21h em Brasília.

Brasileiros residentes em Portugal —segundo maior colégio eleitoral no exterior, atrás apenas dos EUA— também enfrentaram longas filas para votar, embora o fluxo de pessoas tenha sido mais organizado do que no primeiro turno.

Lisboa, cidade com mais eleitores fora do Brasil, teve reforço na organização da votação. Uma empresa foi contratada para fazer a gestão da entrada e foram instaladas placas de orientação, além da criação de duas filas únicas: uma geral e outra para prioridades.

Ainda assim, durante a manhã, a estrutura montada não foi suficiente para atender ao fluxo intenso de pessoas, que relataram problemas para encontrar o fim da fila em meio à multidão.

Segundo dados do consulado do Brasil na cidade, mais de 5.000 pessoas já haviam votado na capital portuguesa até as 10h (7h do Brasil). Havia 45.273 brasileiros aptos a votar, um aumento de mais de 113% em relação a 2018.

Após as 11h30, a afluência diminuiu, e os eleitores esperavam menos de 45 minutos para entrar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, local único de votação.

A estrutura de grades montada para as filas, em frente à entrada principal, também impediu a aglomeração de "torcidas" dos candidatos no local, como aconteceu no primeiro turno.

Grupos pró-Lula e pró-Bolsonaro migraram então para um local mais distante, entoando gritos de provocação uns aos outros.

Embora a manifestação tenha sido majoritariamente pacífica, houve um princípio de confusão, e a polícia portuguesa precisou intervir.

Em Paris, a professora universitária Márcia Consolim disse à Folha que a espera para votar foi de quase 4 horas, e que o esquema realizado no primeiro turno, com uma zona eleitoral para toda a França, foi replicado neste segundo turno.

Ela também afirmou que os eleitores, a maioria vestidos de vermelho ou com algum adesivo ou símbolo de apoio à Lula, estavam se manifestando timidamente, sem mais confusões ou problemas.

Fila para votar na eleição presidencial no centro de Milão (Itália), às 8h30 deste domingo (30)
Fila para votar na eleição presidencial no centro de Milão (Itália), às 8h30 deste domingo - Sofia Torres Freire/Leitor

A votação do segundo turno em Milão, décimo maior colégio eleitoral do Brasil no exterior, com 20 mil inscritos e 31 seções, registrou menos filas em comparação com o primeiro turno, quando foram registradas esperas de mais de três horas no início da tarde.

Desta vez, a chegada dos eleitores ao local de votação, uma universidade alugada pelo consulado brasileiro na cidade, era acompanhada desde a saída da estação de metrô mais próxima. Agentes de uma empresa de segurança privada indicavam o final da fila e monitoravam toda a sua extensão.

A fila para votar às 8h30 (horário local, 3h30 no Brasil) dava a volta na quadra do Milano Luiss Hub. Uma eleitora que votou nesse horário esperou 1 hora e 15 minutos para entrar na seção e mais meia hora para votar. Eleitores de Lula e Bolsonaro cantavam slogans de suas campanhas de preferência, mas não havia discussões nem tumulto. Por volta das 9h30 (hora local), foi necessário esperar 1h30 para votar.

No primeiro turno, a fila foi formada espontaneamente, sem orientação, e centenas de eleitores precisavam percorrer um trecho de calçada ao lado de uma via de alta velocidade. Neste domingo, a fila foi organizada para ocupar a parte de uma ponte, que foi parcialmente fechada para automóveis.

Uma equipe de fiscais ligados ao PT fez um relatório após o primeiro turno, indicando os problemas referentes às longas filas, ao TRE-DF, responsável pela votação no exterior.

Segundo um mesário, o fluxo de eleitores também mudou, com muitos brasileiros antecipando o horário de votação em relação ao primeiro turno. Por volta das 12h30, a fila para entrar na universidade se concentrava somente na entrada, sem ocupar mais a parte de cima da ponte. Às 14h30, não havia fila nenhuma para votar.

"A organização está melhor, mas tem mais gente fazendo arruaça e provocação. Hoje o clima está mais pesado", disse Renata Ramos, que viajou 170 km de Verona para Milão para votar e ficou uma hora e meia na fila —uma hora a menos do que no primeiro turno.

"Vi um pouco de baixaria e falta de respeito entre os grupos, com xingamentos. Muita torcida. Mas a fila foi mais rápida, pelo menos isso", contou Elizabeth Fernandes, que mora em Vigevano, a 30 km de Milão.

Em Roma, onde estavam inscritos 12 mil eleitores com 20 seções, o cônsul-geral Luiz Cesar Gasser afirmou, por volta das 16h (hora local), que a votação ocorreu sem incidentes. "Um dia tranquilo, com número de eleitores equiparável ao número do primeiro turno. Redistribuímos seções e tivemos pico de filas de no máximo 15 pessoas, na hora do almoço", disse à Folha.

Nas redes sociais, uma brasileira chegou a filmar a aglomeração que se formava em Zurique, na Suíça, e afirmou que, apesar de ter levado 3 horas para votar, a organização estava melhor que a do primeiro turno, quando levou 4 horas na fila. Em Genebra, o segundo local de votação na Suíça, no entanto, o movimento foi mais tranquilo neste domingo.

 Fila para eleitores brasileiros que foram votar em Paris
Fila para eleitores brasileiros que foram votar em Paris - Paloma Passos

Em Madri, que tem cerca de 45 mil eleitores aptos, foram feitas mudanças para melhorar a organização das filas.

"No primeiro turno, esperávamos 5.000 pessoas e vieram 6.000. Por isso, tiramos todos os móveis do local e fizemos filas tipo aeroporto, uma para cada seção. O resultado foi que, mesmo com o maior movimento pela manhã, não houve demora", disse a cônsul-geral, Gisela Padovan, no Colégio Mayor Casa do Brasil, onde se vota em Madri.

A tranquilidade era tanta que Padovan não descarta que um número menor de brasileiros tenha aparecido para votar. A maior fila no Colégio Mayor era a da lanchonete, que vendia pães de queijo grandes a € 2 (R$ 10,55) e coxinhas e cachorros-quentes a € 4 (R$ 21,10).

Uma voluntária da embaixada brasileira em Berlim contou que foram chamados mais colaboradores para organizar as filas tanto do lado de fora quanto do lado de dentro. Também foram alugadas grades para separar melhor as filas e seções.

No primeiro turno, os eleitores em Berlim enfrentaram até três horas de espera para votar. O mesmo aconteceu em Londres, onde um novo andar para votação foi aberto no prédio da escola usada pela embaixada, distribuindo melhor as seções e diminuindo as filas. Eleitores que demoraram duas horas no início do mês relataram ter votado em 20 minutos agora.

No primeiro turno, Lisboa, Londres, Paris e Milão registraram espera de mais de uma hora. Cidade com maior número de eleitores brasileiros no exterior, a capital portuguesa ainda registrou tumulto entre grupos que apoiam Lula e Bolsonaro.

Nas capitais francesa, britânica e alemã, o tempo de espera chegou a ser de três horas no primeiro turno. Quando o horário de votação se encerrou em Paris, às 17h (12h em Brasília), cerca de 2.000 senhas foram distribuídas pelo consulado brasileiro para dar conta das pessoas que ainda seguiam na fila. Com isso, a votação seguiu até as 19h (14h em Brasília).

Na América Latina, Buenos Aires, capital argentina, amanheceu chuvosa e fria. Houve filas grandes para votar pela manhã, chegando a dobrar o quarteirão da embaixada, no bairro da Recoleta. A votação começou às 7h (mesmo horário de Brasília). Ainda assim, o processo esteve mais rápido com relação ao primeiro turno. A espera para votar era de aproximadamente uma hora e meia.

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