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Haddad provoca Tarcísio e diz que ordem para apagar vídeo é 'coisa de milícia'

Assessoria do candidato diz que cenas poderiam 'expor quem estava lá'; Jovem Pan, emissora do profissional, afirma que exibiu todas as imagens

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São Paulo

O candidato Fernando Haddad (PT) provocou nesta terça-feira (25) seu adversário em publicação na rede social com base em reportagem da Folha que mostra que a equipe de Tarcísio de Freitas (Republicanos) mandou um cinegrafista apagar vídeos de tiroteio em Paraisópolis (zona oeste de SP).

"O que Tarcísio quer esconder de você?", escreveu o ex-prefeito paulistano, que também divulgou o áudio.

Haddad já vinha criticando Tarcísio por conta da ideia de rever as câmeras nas roupas dos policiais.

Posteriormente, em uma agenda de campanha no interior, Haddad afirmou que se trata de um crime.

"Como é um áudio que foi confirmado pelo meu adversário, é grave. Precisa apurar a responsabilidade porque isso é crime. Se você presenciou um crime, qual é a atitude correta, preservar os elementos para a investigação. Se você vai destruir os elementos para que o investigador consiga refazer o crime, você está obstruindo a Justiça. É muito grave, e essa é uma prática típica de milícia", afirmou.

O ex-governador Márcio França (PSB) também afirmou que "mandar apagar prova de assassinato é um crime inaceitável para qualquer um".

O profissional da Jovem Pan fazia imagens da campanha do postulante ao Governo de São Paulo. Tarcísio estava na sede de um projeto social que inaugurou um polo universitário na favela quando um tiroteio entre policiais e suspeitos terminou com uma morte.

Fernando Haddad durante evento com participação de Lula
Fernando Haddad durante evento com participação de Lula - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Em seguida, o cinegrafista e outros profissionais de imprensa foram levados em uma van da campanha a um prédio na zona sul usado pela equipe de Tarcísio.

No local, houve perguntas ao profissional sobre o que ele havia filmado e a ordem para que ele apagasse as imagens. "Você filmou os policiais atirando?", questiona um integrante da campanha. "Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras", responde o cinegrafista.

O membro da campanha ainda pergunta se ele havia filmado as pessoas que estavam no local onde o evento com Tarcísio foi realizado. "Você tem que apagar", diz o segurança.

A Folha apurou, no entanto, que as imagens já tinham sido enviadas à Jovem Pan. No momento logo após o tiroteio, a emissora passou a exibir imagens do local do tiroteio, da ação da polícia e da retirada às pressas da equipe de Tarcísio.

Procurada e informada sobre o teor da reportagem, a emissora se manifestou por meio de nota.

"A Jovem Pan exibiu todas as imagens feitas durante o tiroteio. O trabalho do cinegrafista permitiu que a emissora fosse a primeira a noticiar o ocorrido no local. Não houve contato da campanha do candidato Tarcísio com a direção da emissora com o intuito de restringir a exibição das imagens e, por consequência, o trabalho jornalístico."

A Folha enviou a descrição do áudio obtido à assessoria de Tarcísio e questionou se a ordem do integrante da campanha não consistiria em apagar uma prova do caso, que ainda está sob investigação pela Polícia Civil do estado de São Paulo.

Em resposta, a equipe do candidato disse que "um integrante da equipe perguntou ao cinegrafista se ele havia filmado aqueles que estavam no local e se seria possível não enviar essa parte para não expor quem estava lá".

"Nunca houve nenhum impedimento por parte da campanha em relação a isso. Qualquer afirmação que questione isso é uma mentira", disse em nota.

O coordenador do programa de governo de Haddad, Emídio de Souza (PT), também repercutiu o tema e falou em sigilo de 100 anos.

Em sabatina da rádio CBN, nesta segunda-feira (24), Fernando Haddad afirmou não ter segurança armada feita por policiais.

"Não tenho policial militar à minha disposição como ele tem. Não me foi colocado à disposição. Sou tão candidato quanto ele. Os policiais tinham câmeras no uniforme, [algo] que ele é contra. Onde estão as imagens? As imagens das câmeras de Paraisópolis? Onde estão, sumiu tudo", disse.

Logo após o episódio na favela, o atual governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB), disse ter oferecido reforço nas seguranças de Haddad e de Tarcísio.

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