Descrição de chapéu Eleições 2022

Lula tem mais palanques no 2º turno dos estados, e Bolsonaro cativa eleitos

Presidente é aliado da maioria dos governadores já definidos e negocia novos apoios, mas desmobilização das campanhas prejudica

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Salvador

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa o segundo turno das eleições presidenciais com o apoio da maioria dos candidatos a governador que também permanecem na disputa em seus estados.

Dos 24 candidatos que disputam o segundo turno em 12 estados, dez apoiam o petista, nove estão com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros cinco ainda não indicaram qual posição devem adotar em 30 de outubro.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - Pedro Ladeira-12.jun.2022/Folhapress e Gabriela Biló-25.ago.2022/Folhapress

A polarização nacional entre Lula e Bolsonaro deve se replicar no segundo turno em quatro estados que somam 45 milhões de eleitores: São Paulo, Amazonas, Santa Catarina e Espírito Santo.

Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) devem replicar a estratégia do primeiro turno de nacionalizar a disputa local e se ancorar em seus respectivos padrinhos políticos. Terceiro lugar na disputa, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) deve ficar neutro.

Já em Santa Catarina, estado que deu 62,2% dos votos a Bolsonaro, o petista Décio Lima conseguiu chegar ao segundo turno e garante um palanque para Lula em um estado com forte viés conservador.

Dois estados terão um segundo turno com dois apoiadores de Jair Bolsonaro: Rondônia e Mato Grosso do Sul. Neste último, o presidente rompeu o acordo que tinha com o tucano Eduardo Riedel e, durante o debate na TV Globo na última quinta-feira (29), anunciou apoio a Capitão Contar (PRTB). Ambos disputam o segundo turno de olho no eleitorado de Bolsonaro, que teve 52,7% dos votos no estado.

Por outro lado, em Sergipe, o senador Rogério Carvalho (PT) e o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD) são apoiadores declarados de Lula e disputam o segundo turno no estado.

Cinco candidatos que chegaram ao segundo turno ficaram neutros ou apoiaram candidatos da terceira via no primeiro turno. Três deles são do PSDB e dois da União Brasil.

Quatro deles são de estados do Nordeste, região predominantemente lulista, o que torna remota a possibilidade de um apoio a Bolsonaro.

Disputando o segundo turno contra Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto disse considerar prematuro falar sobre o segundo turno presidencial, mas indicou que deve persistir em um discurso de neutralidade.

"A gente tem uma linha que já foi apresentada no primeiro turno e que eu não vou, de maneira nenhuma, modificar. Vou mostrar aos baianos que estamos prontos para governar com o presidente que o Brasil escolher", disse.

Aliados de ACM Neto estimam que cerca de metade dos 3,3 milhões de votos que o político teve no primeiro turno na Bahia foram de eleitores de Lula, motivo que torna improvável um movimento em apoio a Bolsonaro.

Jerônimo Rodrigues, por sua vez, vai dobrar a aposta na polarização nacional e tentar ampliar a frente de votos de Lula no estado –o petista teve 69,7% dos votos no quarto maior colégio eleitoral do país.

Pedro Cunha Lima (PSDB), da Paraíba, e Rodrigo Cunha (União), de Alagoas, ainda não se pronunciaram sobre a eleição nacional.

Em Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) está reclusa após a morte de seu marido, Fernando Lucena, no dia da eleição para o segundo turno. Sua adversária Marília Arraes (Solidariedade), contudo, indicou que vai nacionalizar a disputa: "O estado vai decidir entre um projeto alinhado ao presidente Lula e um bolsonarismo pintado com outras cores".

No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) enfrenta o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). Nesta segunda (3), o tucano declarou que rejeita "a régua estreita" da polarização, mas busca construir pontes com o deputado estadual Edgar Pretto (PT), terceiro colocado na disputa pelo governo gaúcho.

"Como governador, me reuni com o deputado Pretto em momentos-chave para a aprovação de projetos importantes sem que isso representasse, necessariamente, um apoio político. Mas é preciso haver disposição das duas partes para diálogo, senão é um monólogo", disse Leite.

Apoio entre eleitos

Se Lula tem a maioria dos candidatos que concorrem no segundo turno, Bolsonaro prevalece entre os governadores já eleitos. O presidente tem o apoio de sete governadores que venceram no primeiro turno, enquanto Lula é aliado de cinco.

O apoio de governadores eleitos, no entanto, tende a ter menos tração para interferir na disputa nacional. Isso porque as estruturas de campanha e cabos eleitorais estarão desmobilizados.

Três governadores reeleitos seguem indefinidos: Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Helder Barbalho (MDB), no Pará.

Os dois primeiros têm um histórico de proximidade com Bolsonaro e apoiaram o presidente no segundo turno nas eleições de 2018. Mas buscaram manter distância do presidente durante as eleições estaduais deste ano.

Depois da reeleição em primeiro turno, Zema disse que vai levar para a direção nacional do Novo a decisão sobre o segundo turno. Mas aliados dizem que é pouco provável que o posicionamento pessoal do governador não seja de apoio a Bolsonaro.

"O governador é um homem de direita e, na minha opinião, vai apoiar o presidente", afirmou o deputado federal Lincoln Portela (PL-MG).

Antes da eleição, Bolsonaro chegou a negociar uma possível aliança com Zema ainda no primeiro turno, mas o acordo não prosperou. O PL lançou ao governo o senador Carlos Viana, que terminou a disputa com 7,2% dos votos.

O governador reeleito Ronaldo Caiado, por sua vez, tem um histórico de proximidade com Bolsonaro, mas afastou durante a pandemia e passou a ser alvo de constantes críticas do presidente. Em seu estado, enfrentou críticas duras dos adversários bolsonaristas.

Questionado pela imprensa sobre quem vai apoiar no segundo turno, Caiado disse que seguirá a decisão que for adotada pela União Brasil, que ainda vai reunir a sua cúpula para deliberar sobre o assunto.

Helder Barbalho, reeleito no Pará com a maior votação proporcional do Brasil, é próximo a Lula e abriu o seu palanque para o petista no primeiro turno, mesmo mantendo o voto em Simone Tebet (MDB).

A expectativa no núcleo petista é que o governador anuncie apoio a Lula e tente ampliar a margem de votos do ex-presidente no estado, sobretudo no sul do Pará, região de viés bolsonarista com forte influência do garimpo e do agronegócio.

Colaboraram José Matheus Santos, Leonardo Augusto e Caue Fonseca

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