Descrição de chapéu Eleições 2022

Zema e Castro declaram apoio a Bolsonaro, e presidente fala em ajuda decisiva do mineiro

Presidente também afirma que deve encontrar Rodrigo Garcia, que ficou em terceiro em São Paulo

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Brasília

O governador reeleito Romeu Zema (Novo-MG) anunciou nesta terça-feira (4) o apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). O mandatário afirmou que a ajuda de Zema é "essencial" e "decisiva" para vencer as eleições.

Zema, por sua vez, disse que tem divergências com o chefe do Executivo, mas que neste segundo turno das eleições é importante deixar as diferenças de lado para evitar uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governador de Minas Gerais Romeu Zema declara apoio ao presidente Jair Bolsonaro
O governador de Minas Gerais Romeu Zema declara apoio ao presidente Jair Bolsonaro - Reprodução/TV GloboNews

"Sempre dialoguei com o presidente Bolsonaro, sabemos que em muitas coisas convergimos e em outras, não, mas é momento em que Brasil precisa caminhar para frente e eu acredito muito mais na proposta do presidente Bolsonaro do que na proposta do adversário", disse.

Bolsonaro afirmou que teve sempre afinidades com Zema, mas que lançou o senador Carlos Viana (PL-MG) para a disputa ao Governo de Minas para facilitar a chegada de seu nome em "pontos mais isolados do estado".

"Quem ganha lá [em Minas Gerais], diz a tradição, pode ganhar a Presidência", resumiu o presidente.

Ao lado de Zema, Bolsonaro afirmou que também está marcado para encontrar nesta terça-feira o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que ficou em terceiro lugar nas eleições e não conseguiu ir para o segundo turno.

O mandatário disse que irá "conversar sobre política" com chefe do Executivo paulista e que a situação é igual a um "namoro" e que será negociado se "vai dar noivado ou não" entre eles.

Ele, porém, se mostrou confiante e disse que não imagina ver o PSDB apoiando Lula pelo histórico do PT. Nesse momento, aproveitou para fazer críticas à gestão de Fernando Haddad (PT) na prefeitura de São Paulo.

O presidente disse que a conversa não envolve apoio a Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu candidato, no segundo turno paulista. "É questão nacional, local ele trataria com Tarcísio. Desconheço qualquer trabalho nesse sentido".

Bolsonaro também disse que está aberto a conversar com ACM Neto (União Brasil), que disputará o segundo turno das eleições para governador da Bahia contra Jerônimo Rodrigues (PT), que tem o apoio de Lula. "Se o ACM Neto quiser, estou à disposição", disse.

O chefe do Executivo anunciou que já conversou com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), mas não deu detalhes de como foi o diálogo. "Devemos encontrar brevemente", afirmou.

No primeiro turno, Bolsonaro apoiou o deputado federal Vitor Hugo (PL-GO) para o governo goiano, mas Caiado acabou se reelegendo em primeiro turno.

Ambos sempre tiveram uma relação próxima, mas se distanciaram durante a pandemia da Covid-19 por divergências em relação à adoção de medidas sanitárias para evitar o alastramento da doença.

O mandatário também disse nesta terça-feira que já conversou com Cláudio Castro (PL) e Ratinho Jr. (PSD-PR), que se reelegeram, respectivamente, para os executivos do Rio de Janeiro e do Paraná. Ambos já haviam apoiado Bolsonaro no primeiro turno e se comprometeram, segundo o presidente, a manter o apoio no segundo turno.

O presidente disse que a ideia é ir ao menos três vezes a Minas Gerais neste segundo turno e se mostrou confiante na virada eleitoral contra Lula no estado.

No primeiro turno, Lula fez 48,29% em MG, contra 43,60% de Bolsonaro. Historicamente, Minas é visto como um reflexo do resultado nacional e o que ocorre no estado costuma se repetir no país. Agora, Bolsonaro aposta na ajuda de Zema para reverter o cenário local.

O presidente tentou contar com o apoio do mineiro já no primeiro turno, mas Zema preferiu se manter alinhado a Luiz Felipe D'Ávila (Novo), que representou seu partido na disputa presidencial. Mesmo assim, Bolsonaro disse que procurou não fazer muita força por Carlos Viana, seu candidato no estado.

"Não fiz campanha massiva por ele, até porque tinha simpatia pelo Zema. Nas minhas lives todas eu falava que Zema fez bom governo em Minas, não houve nenhum atrito entre nós", afirmou.

Em relação à Simone Tebet (MDB), que ficou em terceiro na disputa presidencial, e a Ciro Gomes (PDT), que ficou em quarto, o presidente não disse se irá procurá-los. No entanto, afirmou que acredita que seus partidos, MDB e PDT, não apoiarão "fechados" ele ou o ex-presidente Lula.

Mais tarde, Bolsonaro concedeu entrevista à imprensa ao lado do governador reeleito do Rio, Cláudio Castro. O chefe do Executivo fluminense disse que focou sua campanha no primeiro turno em se reeleger e que, no segundo turno, poderá ajudar mais o mandatário

"Vamos para as ruas, já pedi voto no primeiro turno. O que eu sempre disse e mostrou que estava certo: não podia governador de estado não estadualizar a eleição, alguém que estava no cargo tinha que divulgar aquilo que tinha feito. E eu falava: eu apoio o presidente e o presidente me apoia, mas aqui não há muleta. Ele está falando o que fez e eu estou dizendo o que fiz", afirmou.

Na entrevista, o presidente também disse que já teve "uma conversa bastante amistosa" com o ex-juiz Sergio Moro, que foi seu ministro da Justiça e deixou o governo sob acusação de que Bolsonaro havia tentado violar a autonomia da Polícia Federal. As afirmações dele ensejaram, inclusive, a abertura de um inquérito contra Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal).

O presidente já chegou a chamar Moro de "traíra" e "mentiroso", mas, nesta terça-feira, afirmou não haver nada "desabonador" para falar do ex-magistrado.

"Apaga-se o passado e qualquer divergência porventura ocorrida. Sergio Moro foi uma pessoa que mostrou realmente o que era corrupção no Brasil, levando dezenas de pessoas a condenações, e deu uma nova dinâmica, muita esperança ao Brasil naquele momento", disse.

Um pouco antes, Moro havia declarado apoio a Bolsonaro nas redes sociais. "Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro", escreveu Moro.

O presidente disse que "está tudo superado". Também elogiou Deltan Dallagnol, ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal e se elegeu deputado federal pelo Paraná.

"Hoje em dia o passado faz parte do passado. Não tenho nada desabonador a criticar o Sergio Moro ou o Dallagnol, muito pelo contrário", afirmou.

Ele admitiu, ainda, que pode ter errado. "Todos nós evoluímos. Eu mesmo errei no passado em alguns pontos. A gente evolui, para o bem do nosso Brasil", disse. E prosseguiu: "Erramos. Pedimos desculpas. Não temos compromisso com o erro. E nós vamos evoluindo. Tenho certeza que o Sergio Moro será um grande senador aqui em Brasília", afirmou.

Bolsonaro falou que terá um "novo relacionamento" com Moro. "Ele pensa obviamente no Brasil e quer fazer bom trabalho para seu país e seu estado. Então, passado é do passado, não têm contas a ajustar. Temos é que cada vez mais nos entendermos para melhor servir à nossa pátria", afirmou.

Ele afirmou que a falta de experiência política de Moro pode ter "contribuído" para que ele tenha cometido "alguns deslizes".

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente e coordenador da campanha presidencial, afirmou que Bolsonaro deve ter uma agenda com deputados eleitos aliados na próxima quarta-feira (5) e, na quinta-feira (6), com senadores que venceram as eleições. Moro foi convidado para a reunião.

Além disso, também deverá ocorrer um encontro em Minas Gerais, ainda sem data definida, com os governadores eleitos alinhados a Bolsonaro.

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