Descrição de chapéu transição de governo

Equipe de Lula exclui agentes de Heleno de segurança da transição

Integrantes da PF dispensaram agentes do GSI que foram ao CCBB para ajudar na proteção de presidente eleito

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Brasília

A equipe de segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), coordenada por integrantes da Polícia Federal, descartou a participação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no local que abriga o escritório de transição de governo.

O GSI é um órgão ligado à Presidência da República e, atualmente, é comandado pelo general Augusto Heleno —um dos ministros mais próximos de Jair Bolsonaro (PL).

Na segunda (7), policiais federais que compõem a equipe de segurança do petista foram surpreendidos com a chegada ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de cerca de mais de 30 agentes do GSI. O CCBB é a sede do governo de transição.

A exclusão do GSI foi revelada pela GloboNews e confirmada pela Folha.

Lula se encontra com governadores e representantes da área de segurança pública dos estados - Marlene Bergamo - 30.ago.22/Folhapress

Questionados pela segurança de Lula, os agentes do GSI afirmaram que estavam no local para ajudar no esquema de proteção.

O comando da equipe do petista conversou com os integrantes do GSI e informou que não seria necessária a permanência deles, especialmente nas áreas em que o presidente eleito frequentará.

Segundo pessoas com conhecimento do episódio disseram à Folha, a conversa foi de "bom nível".

De acordo com a lei, o GSI não participa da segurança do presidente eleito e passa a atuar somente após a posse. Mas o gabinete pode ser acionado em caso de necessidade, sempre a pedido da equipe do vencedor do pleito —o que não ocorreu.

De acordo com relatos de fontes da PF, o Gabinete de Segurança Institucional atuou na transição do ex-presidente Michel Temer (MDB) para Bolsonaro, em 2018. Portanto a pasta teria entendido que o modelo se repetiria neste ano. O GSI foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.

De acordo com pessoas ligadas a Lula, os servidores do GSI serão chamados para integrar o grupo de segurança antes da posse, caso haja necessidade.

A proteção do petista é um tema que preocupa aliados desde a campanha presidencial. Ainda no início do ano, integrantes do partido pediram a Lula que ele evitasse viagens e escolhesse a dedo as agendas presenciais que faria —algo que não foi atendido pelo então candidato.

O receio de que ele sofresse um atentado foi constante durante a campanha e se mantém após a eleição.

Sem o GSI, Lula seguirá com a mesma equipe de segurança que o acompanhou durante a corrida presidencial. Fazem parte do time agentes treinados pelo GSI —algo que ele tem direito por ser ex-presidente— e os policiais federais que trabalham na proteção de presidenciáveis.

No CCBB, a segurança terá direito a duas salas. Há ainda um planejamento específico para onde Lula estiver.

O delegado da Polícia Federal Andrei Passos, que coordena a segurança do presidente eleito, afirmou na segunda-feira (7) que conversou com o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Ferreira, e que monitora os protestos de bolsonaristas contrários ao resultado da eleição.

"Ação é preventiva sempre, de precaução, que a gente faz sempre que o presidente estiver aqui", afirmou o delegado. Passos foi responsável pela proteção de Lula durante a campanha.

Como revelou a Folha em abril, a facada que Bolsonaro tomou em 2018 e a perspectiva de uma disputa acirrada entre ele e Lula levaram a PF a reforçar o esquema de segurança dos candidatos à Presidência.

Até 2018, a PF fazia a segurança dos candidatos com base em lei e portaria sucinta do Ministério da Justiça, que tratava genericamente da necessidade de a corporação proteger aqueles que disputassem o Palácio do Planalto.

Neste ano, a polícia editou instrução normativa específica para a segurança dos candidatos com diretrizes que deveriam ser seguidas pelos agentes e com recomendações claras aos políticos que vão concorrer.

Nesta campanha, a PF avaliou o perigo e definiu o tipo e o tamanho de equipe que foi colocada à disposição dos presidenciáveis seguindo uma escala de risco que ia de 1 a 5. Lula e Bolsonaro foram classificados com o risco máximo.

Outra medida prevista na instrução normativa estipulou que os candidatos avisassem suas agendas com 48 horas de antecedência para que os policiais pudessem analisar a periculosidade de cada evento e fizessem varreduras nos locais quando necessário.

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