Segurança de Lula exclui PRF de comboio presidencial na posse

PM do DF usará batedores para a chegada e saída de petista na Esplanada dos Ministérios

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Brasília

A equipe de transição definiu que a escolta do comboio oficial do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a posse não será feita pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), como ocorre tradicionalmente.

No lugar dela, neste domingo (1º), a Polícia Militar do Distrito Federal empregará batedores da corporação.

A escolta da PM deve ser feita do hotel em que o presidente eleito está hospedado até a Catedral de Brasília —local em que será iniciada a cerimônia, com desfile em carro aberto ou blindado que levará Lula até o Congresso Nacional.

O local de partida do presidente, no entanto, pode ser alterado de acordo com a agenda que Lula definir para 1º de janeiro.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Pedro Ladeira/Folhapress

Os batedores da PM também serão responsáveis por auxiliar o presidente na saída da Esplanada dos Ministérios. O momento ainda é incerto porque a transição avalia a participação de Lula em um dos shows previstos para celebrar a posse, após o presidente participar de solenidade no Palácio do Itamaraty.

Segundo pessoas ligadas à segurança de Lula, a decisão de que a PRF não estará no comboio de Lula foi tomada no início da transição, quando Silvinei Vasques ainda era diretor-geral da corporação. O pedido para a Polícia Militar ficar responsável pela escolta foi oficializado recentemente.

Com a solicitação da equipe de Lula, a PRF deve realizar a escolta somente das autoridades estrangeiras que acompanharão a posse do presidente eleito.

A Força Nacional foi convocada nesta quarta-feira (28) para auxiliar no trabalho, já que são cerca de 50 delegações de outros países confirmadas para a posse. Isso demandará um efetivo maior do que nos anos anteriores.

A mudança ocorreu em meio às desconfianças do governo eleito com um possível aparelhamento na PRF, após a corporação ser acusada de realizar operações no dia da eleição para prejudicar Lula.

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Jair Bolsonaro (PL) conversa com o então diretor-geral da PRF Silvinei Vasques durante cerimônia sobre o programa Agenda Brasil para Todos, no Palácio do Planalto, em fevereiro - Pedro Ladeira/Folhapress

Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para chefiar a corporação, Silvinei Vasques deixou o cargo no último dia 20 e conseguiu sua aposentadoria aos 47 anos de idade.

Ele é investigado por três atos nos quais teria excedido as atribuições da PRF para oferecer um possível favorecimento a Bolsonaro nas eleições deste ano.

Primeiro, ele fez uma postagem em seu perfil no Instagram declarando voto no presidente no dia anterior ao segundo turno das eleições deste ano, que foi apagada depois da repercussão do caso.

A postagem continha uma foto da bandeira do Brasil e o texto "vote 22. Bolsonaro presidente". A imagem viralizou nas redes sociais antes de ser excluída.

A segunda diz respeito a uma operação da PRF na manhã do segundo turno para averiguar situações de transporte ilegal de pessoas.

A operação foi realizada mesmo com a proibição expressa de atuação da PRF no dia do pleito, decisão tomada pelo presidente do TSE (tribunal Superior Eleitoral), o ministro Alexandre de Moraes.

A operação só foi encerrada depois de um encontro entre Vasques e Moraes na tarde do domingo de eleição. No encontro, o juiz pediu que a operação fosse finalizada. A Folha apurou na ocasião que a PRF já tinha realizado 514 ações de fiscalização contra ônibus até 12h35 daquele dia.

A terceira investigação apura a atuação da PRF depois da vitória de Lula, quando a corporação teria sido leniente com os bloqueios de rodovias promovidos por caminhoneiros insatisfeitos com a derrota de Bolsonaro.

O MPF (Ministério Público Federal) disse que a atuação da PRF diante dos bloqueios mostra "não apenas a ausência de providências da Polícia Rodoviária Federal diante das ações ilegais dos manifestantes, mas até declarações de membros da corporação em apoio a manifestantes, como se fosse essa a orientação recebida dos órgãos superiores da instituição".

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