Estátua da Justiça foi pichada com batom por golpistas e é lavada com água e detergente

Pigmento penetrou em granito da obra e foi removido com a ajuda de solventes biológicos

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Brasília

A escultura "A Justiça", que fica em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal), foi pichada com batom, segundo o tribunal. Ela foi lavada com água e detergente neutro nesta quarta-feira (25) para "uma última limpeza".

Durante a invasão e destruição das sedes dos três Poderes, em 8 de janeiro, vândalos subiram na obra e escreveram a frase "Perdeu, mané". O pigmento do batom penetrou no granito, o que dificultou o trabalho de limpeza.

Estátua da Justiça, vandalizada no dia 8 de janeiro na Praça dos 3 Poderes, é lavada por agente de limpeza
Estátua da Justiça, vandalizada no dia 8 de janeiro na Praça dos 3 Poderes, é lavada por agente de limpeza - Gabriela Biló/Folhapress

Restauradores do STF fizeram uma série de testes para descobrir qual material poderia ser usado para limpar a mancha sem danificar a obra. Nesta terça (24), a corte informou que a frase tinha sido removida com a ajuda de solventes biológicos.

"[Usaram] batom em pasta normal. O pigmento penetrou no granito. Após vários testes para não danificar a obra, usamos solventes biológicos. A finalização da limpeza será feita com detergente neutro e jato d'água", afirmou o STF em nota.

Esculpida em granito, "A Justiça" é uma das principais obras do mineiro Alfredo Ceschiatti. Avaliada entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões, a estátua tem cerca de três metros de altura e um metro e meio de largura.

Fotos registradas pela Folha em 8 de janeiro mostram a possível pichadora. A reportagem identificou uma moradora do interior de São Paulo que seria a mulher das fotos e falou com ela por telefone.

Ela demonstrou surpresa quando foi questionada na sexta (20) sobre a vandalização da estátua, e disse: "Eu vandalizei estátua?". A partir desse momento, ficou em silêncio e deixou de responder a perguntas.

Em uma das imagens, a mulher está em cima da escultura com uma das mãos tocando a frase pichada: "Perdeu, mané". Em seguida, ainda em cima da obra, ela exibe as mãos sujas com o pigmento e sorri.

Em cima da escultura 'A Justiça', mulher exibe as mãos sujas de tinta e sorri - Gabriela Biló-8.jan.23/Folhapress

Depois, ela senta na estátua e pega o celular das mãos de um homem, que está em pé. Na sequência, a mulher desce da escultura e abraça o homem, que também está sorrindo.

No momento em que a mulher está em cima da estátua, o homem aparece nas imagens de pé com o celular apontado para a cena. É possível ver ainda que há dois traços de tinta no rosto da mulher.

Foto mostra mulher com uma das mãos na pichação 'Perdeu, mané', na estátua 'A Justiça', durante invasão às sedes dos Três Poderes - Gabriela Biló-8.jan.23/Folhapress

A frase pichada na escultura é uma referência à resposta do ministro Luís Roberto Barroso (STF) ao assédio feito por um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Perdeu, mané. Não amola!", disse o ministro ao homem que o abordou na rua, em Nova York (EUA), em novembro.

A escultura de 1961 retrata a deusa da Justiça na mitologia grega. A deusa está sentada, de olhos vendados, com uma espada no colo. Diferentemente de outras representações, "A Justiça" de Ceschiatti não carrega uma balança.

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