Descrição de chapéu ataque à democracia

Governadora do DF fala em 'falha' da PM contra golpistas e diz que Ibaneis recebeu informação equivocada

Ex-comandante da PM Fábio Augusto Vieira foi preso após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF

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Brasília

A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), afirmou nesta terça-feira (10) que a Secretaria de Segurança Pública do DF mudou o planejamento para a contenção dos golpistas no último domingo (8), na Esplanada dos Ministérios, sem comunicar o governo.

Ela disse que vê "falha" do comando da Polícia Militar e que somente um inquérito da Polícia Federal conseguirá esclarecer exatamente o que permitiu que os golpistas invadissem prédios públicos e depredassem o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal).

"Eu só quero lembrar que a mesma segurança que deu suporte para Lula tomar posse é a segurança pública que falhou na semana passada. No meu entendimento, houve uma falha no comando da Polícia [Militar do DF]. Agora, o inquérito e o próprio interventor vão saber identificar por que, quem, como e quando aconteceu", disse à imprensa.

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Celina Leão (PP) assumiu o cargo de governador em exercício do DF após Ibaneis Rocha (MDB) ser afastado por 90 dias. - Pedro Ladeira/Folhapress

Como a Folha mostrou, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou as prisões do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres e do coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da PM.

Celina Leão ainda disse que, da posse para o último domingo, a única mudança que ocorreu na Secretaria de Segurança Pública foi a nomeação de Anderson Torres para chefiar a pasta.

Torres é ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL) e estava nos Estados Unidos durante os atos de vandalismo na capital federal. Ele foi exonerado do cargo por Ibaneis Rocha (MDB) no domingo, horas antes de o emedebista ser afastado do GDF (Governo do Distrito Federal).

Fábio Augusto havia sido escolhido pela gestão Ibaneis para comandar a PM. Dentro do GDF, auxiliares de Celina Leão dizem reservadamente que o coronel alterou o protocolo de segurança no dia da invasão aos prédios dos Três Poderes e deixou de avisar sobre as mudanças ao Palácio do Buriti.

"Nós percebemos uma responsabilização por parte da Secretaria da Segurança, que mudou no meio do percurso o planejamento que havia sido elaborado, da qual sequer foi comunicado para o [secretário] Gustavo [Rocha, da Casa Civil]", disse Celina.

"[A Polícia Federal] Tem informações, tem depoimentos, tem pessoas que estão sendo presas hoje. Eles vão atrás de quem deu as ordens [para a mudança do planejamento], como passaram e por que passaram de forma equivocada [as informações] para o Gustavo e para o governador Ibaneis [Rocha, do MDB] o que estava acontecendo", completou.

O secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, também disse que no domingo, antes das invasões, conversou com o presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), e havia repassado informações de que o plano de segurança não tinha problemas.

"Como eles [do Senado] não tinham contato com o secretário de Segurança Pública [Anderson Torres], me pediram informações. Eu não sou Segurança Pública, sou Casa Civil. Apenas entrei em contato com o responsável, o comandante da PM, pedi as informações e repassei para o ministro da Justiça [Flávio Dino] e o Veneziano [...] Eu só repassei, não é minha área de atuação", completou.

A governadora em exercício do Distrito Federal convocou um pronunciamento nesta terça para explicar as ações que havia adotado para evitar novos atos de vandalismo na capital federal.

Celina anunciou a criação de um grupo de restabelecimento da ordem pública. Foram convidados para integrar o colegiado membros do STF, Senado, Câmara, PF (Polícia Federal), MPF (Ministério Público Federal) e MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios).

Ela ainda adotou discurso ambíguo para reafirmar a firmeza que terá à frente do GDF, sem alimentar rumores de que ela articularia pelo impeachment de Ibaneis Rocha. Disse, por duas vezes, que o Distrito Federal tem uma "governadora que também representa um projeto vencedor", mas destacou que é conhecida por sua "lealdade" e que sua gestão é uma "situação temporária".

O secretário da Casa Civil usou a coletiva para destacar também o apoio que o governo local tem dado aos cerca de 1 mil bolsonaristas presos na Academia Nacional da Polícia Federal.

Segundo Rocha, o governo já distribuiu quase 8 mil refeições aos golpistas, entre café da manhã, almoço e jantar. Ele ainda disse que o interventor da segurança do DF, Ricardo Cappelli, solicitou que seja distribuído alimento aos presos até a tarde de quarta-feira (11), quando o governo espera ter espalhado todos os golpistas pelos presídios da Papuda e Colmeia.

"Nós disponibilizamos 54 profissionais de saúde —médicos, enfermeiros e psicólogos. Algumas pessoas estão percebendo só agora que foram presas. Até hoje, foram 243 atendimentos na área de saúde. Desses, 30 foram encaminhados ao hospital e apenas três continuam internados", disse.

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