Justiça torna réu trio acusado de planejar explosão perto do aeroporto de Brasília

George Washington de Oliveira Sousa, Alan Diego dos Santos e Welligton Macedo de Souza foram denunciados

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Brasília

O TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal) aceitou denúncia do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) e tornou réu o trio acusado de estar por trás da tentativa de explosão de um caminhão com combustível nos arredores do Aeroporto Internacional de Brasília em 24 de dezembro de 2022.

Foram denunciados Alan Diego dos Santos, Welligton Macedo de Souza e George Washington de Oliveira Sousa, que chegou a ser preso pela Polícia Civil de Brasília.

O suspeito George Washington Oliveira Sousa foi preso sob acusação de tentar explodir um caminhão de combustível em Brasília - Divulgação - 24.dez.22/Polícia Civil

A denúncia foi recebida pelo juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília, que considerou que os requisitos previstos no Código de Processo Penal estavam preenchidos e que havia "justa causa" para abertura da ação penal contra os acusados. O despacho foi assinado na última terça-feira (10).

O processo foi registrado no sistema da Justiça do DF com a classificação "crimes do sistema nacional de armas" e a indicação de "motivação político partidária". O sigilo da ação, que havia sido imposto para preservar a investigação, foi retirado.

Os réus vão responder na Justiça pelo crime de explosão, caracterizado por "expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos". A pena é de três a seis anos de prisão e multa.

George Washington também foi denunciado por conta das armas e munições apreendidas em poder dele. Segundo os autos, foram encontrados armamentos e artefatos "capazes de causar danos a uma grande quantidade de pessoas e bens", entre eles um fuzil AR10, duas espingardas calibre 12, 30 cartelas de munição 357 magnum, 39 cartelas de munição 9 mm contendo dez munições intactas não deflagradas, duas caixas contendo 50 munições de 9 mm.

O indiciamento pelos crimes de terrorismo e de associação criminosa deverão ser analisados pela Justiça Federal.

Preso no mesmo dia da tentativa de explosão, George Washington afirmou à Polícia Civil de Brasília que planejou com manifestantes do QG (Quartel General) no Exército a instalação de explosivos em pelo menos dois locais da capital federal para "dar início ao caos" que levaria à "decretação do estado de sítio no país", o que poderia "provocar a intervenção das Forças Armadas".

Segundo ele, as "palavras" de Jair Bolsonaro (PL) o encorajaram a adquirir o arsenal de armas apreendido em seu poder. Na versão dada aos policiais, à qual a Folha teve acesso na ocasião, ele fez referência ao discurso armamentista do presidente da República —marca de Bolsonaro durante seu mandato e da campanha que em 2018 o levou ao Palácio do Planalto.

Alan Diego, que continua foragido, foi mencionado por George Washington em seu depoimento. "Eu entreguei o artefato a Alan e insisti que ele instalasse em um poste de energia para interromper o fornecimento de eletricidade, não concordei com a ideia de explodir no estacionamento do aeroporto. Porém, eu soube pela TV que a polícia tinha apreendido uma bomba no aeroporto e que o Alan não tinha seguido o plano original", disse ele em sua oitiva.

O jornalista Wellington Macedo de Souza já havia sido preso anteriormente por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), sob acusação de incentivar ato antidemocrático no 7 de Setembro de 2021. Ele deixou a prisão no dia 15 de outubro do mesmo ano.

A investigação do caso começou quando a Polícia Militar do DF afirmou ter interceptado o artefato explosivo no dia 24 de dezembro. A polícia foi acionada pelo motorista do caminhão, que percebeu que uma caixa havia sido colocada no interior do veículo.

Foi encontrada no local uma pequena dinamite com temporizador. O explosivo foi retirado pelo esquadrão antibombas, e, de acordo com nota da PM, foi realizada a "desativação do artefato" ainda no local. O material apreendido foi entregue à Polícia Civil do DF para perícia sobre seu conteúdo e apuração.

A pista foi interditada durante a operação, com as vias marginais liberadas para trânsito, e não houve impacto na operação do aeroporto de Brasília.

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