A jornalista e colunista da Folha Cristina Serra lança na próxima quinta-feira (9) o livro "Nós, Sobreviventes do Ódio – Crônicas de um País Devastado" no qual apresenta sua visão sobre os três anos finais do governo Bolsonaro.
A obra reúne uma seleção de 224 colunas publicadas no jornal de 1º de janeiro de 2020 a 17 de janeiro de 2023.
A ideia de reunir as crônicas em um livro foi uma sugestão que veio dos leitores da coluna, por meio dos comentários. Ela começou a notar que alguns assuntos tiveram grande repercussão e que de fato poderia render um livro.
"A sociedade brasileira vai precisar se debruçar sobre o bolsonarismo e o que ele [Bolsonaro] fez com o Brasil", afirma a colunista.
Depois de amadurecer a ideia, Cristina releu todas as crônicas publicadas e fez uma seleção. O critério foi escolher aquelas que pudessem dar ao leitor um panorama de como foi o governo Bolsonaro.
"Quem pegar o livro para ler, mesmo que já acompanhe, porventura, o meu trabalho na Folha, vai ter ali um registro do que foram esses três anos de governo Bolsonaro, que coincidem com o período da pandemia", afirma.
Segundo ela, os textos escolhidos abordam os ataques do ex-presidente à vida dos brasileiros e o comportamento dele durante a pandemia do coronavírus. "A pandemia foi uma combinação muito letal para nós brasileiros, tanto que resultou [em cerca de] 700 mil mortos, aliás, é a eles que eu dedico o livro."
A obra também traz colunas que retratam os ataques do governo Bolsonaro à democracia, aos direitos humanos e ao meio ambiente.
O título do livro é o mesmo dado a uma coluna publicada no dia 19 de setembro de 2022 ("Nós, Sobreviventes do Ódio – Crônicas de um País Devastado").
A colunista diz que, depois do primeiro turno, já achava que o Lula seria eleito e passou pela sua cabeça que o Brasil viveu um período dificílimo, mas sobreviveu.
"De imediato veio o título dessa coluna que eu já tinha escrito há muito tempo", afirma.
"É uma das colunas mais fortes e que tem esse sentido de construção da memória, para que a gente não passe por isso novamente", conclui.
Há outros temas abordados no livro, como o desmonte da cultura, como o jornalismo cobriu o governo Bolsonaro, assuntos relacionados à geopolítica internacional e os ataques do ex-presidente aos indígenas.
Outros assuntos que aparecem em suas colunas são questões relacionadas à mineração. Cristina Serra é autora de um livro sobre o tema —"Tragédia em Mariana: A história do maior desastre ambiental do Brasil"— e escreveu sobre ele também na Folha.
A princípio, o livro se encerraria na eleição de Lula, com a coluna do dia seguinte ao segundo turno, mas com o ataque golpista de 8 de janeiro a autora decidiu estender a obra.
"Aquilo foi um marco na história do Brasil. Nós tínhamos visto aqueles atos no dia 12 de dezembro, em Brasília, mas o 8 de janeiro está a muitos graus acima", afirma. "Foi a primeira vez que nós vimos uma articulação terrorista organizada para atacar os três Poderes."
Portanto ela e os editores do livro decidiram retratar também o começo do governo Lula e a reação institucional dos atos golpistas.
Para terminar o livro, Cristina afirma que selecionou uma coluna que fala sobre o show do Chico Buarque e a posse das ministras Sônia Guajajara e Anielle Franco e do ministro Silvio Almeida, pois esses eventos apontam para um futuro melhor.
"Pelo menos para aqueles que votaram nesse novo governo. Um futuro de inclusão, de democracia e de cidadania para todos", conclui.
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