Descrição de chapéu forças armadas

Múcio visita maior navio da Marinha e fala em elevar verbas das Forças Armadas; veja fotos

Ministro da Defesa diz que 100 dias de governo foram para 'arrumação' e que atua agora para 'materializar' planos

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Rio de Janeiro

Em visita ao maior navio da Marinha do Brasil, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta quarta-feira (12) que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda proposta para elevar as verbas das Forças Armadas.

Segundo Múcio, o governo analisa projeto para aumentar gradualmente os recursos a um nível equivalente a 2% do PIB (Produto Interno Bruto).

O maior navio da Marinha do Brasil, o Atlântico, em operação no  litoral do Rio de Janeiro
O maior navio da Marinha do Brasil, o Atlântico, em operação no litoral do Rio de Janeiro - Leonardo Vieceli/Folhapress

"Hoje nós gastamos 1,3% do nosso PIB nos investimentos das Forças Armadas", disse o ministro.

"Estamos preparando uma proposta combinada com os três comandantes para apresentar primeiro um orçamento de 1,5% [do PIB], depois de 1,8%, depois de 2%, que é o número recomendado pela Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]", afirmou.

As declarações foram dadas durante a visita de Múcio a bordo do maior navio da Marinha, o Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico.

A embarcação tem em torno de 200 metros de comprimento, e a tripulação chega a aproximadamente mil pessoas em um dia de operação, segundo membros da Marinha. Construído na Inglaterra, o Atlântico foi incorporado em 2018.

A Marinha utilizou a embarcação neste ano para ajudar na operação de socorro à população afetada pelas fortes chuvas em São Sebastião (SP).

O navio estava posicionado no litoral do Rio de Janeiro, em uma distância equivalente a cerca de 50 km da costa.

Para Múcio, "os países todos estão investindo em defesa" e o governo também pretende estimular uma retomada da construção de embarcações na indústria naval no Brasil, medida que divide opiniões entre economistas.

"Defendo muito isso porque seria uma geração de emprego num curto espaço. Na hora em que você quiser fazer um navio, os estaleiros estão prontos, um submarino, e assim nas outras armas também", disse.

O setor naval teve impulso nos governos petistas anteriores, mas amargou uma derrocada nos últimos anos.

A dificuldade para competir com países asiáticos é apontada por parte dos economistas como obstáculo para o desenvolvimento dessa indústria. Estaleiros também foram afetados pela descoberta, na Operação Lava Jato, de irregularidades em contratos.

Na avaliação de Múcio, o governo Lula se concentrou em fazer uma "arrumação" nos cem primeiros dias de mandato e agora pretende "materializar" planos.

"Nestes cem dias, cuidou-se muito da arrumação. Agora, vamos começar a materializar os desejos que o governo tem", disse o ministro.

Questionado sobre o relacionamento do Executivo com as Forças Armadas, Múcio minimizou as turbulências registradas na troca de governo. Segundo ele, as relações "estão excelentes", e "as coisas têm funcionado muito bem". "O presidente tem participado dos eventos das três Forças", disse.

A visita de Múcio ao navio nesta quarta foi agendada em meio à realização da feira internacional LAAD 2023, voltada à área de defesa e segurança. O evento, que ocorre nesta semana no Rio de Janeiro, é considerado a maior feira militar da América Latina.

Múcio foi acompanhado na visita ao navio Atlântico pelo comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, que afirmou não ver dificuldade de diálogo entre o governo federal e as Forças Armadas.

Olsen também defendeu elevar os recursos orçamentários da Defesa a 2% do PIB e estimular a construção naval brasileira.

"O presidente Lula, desde o primeiro momento, mostrou-se preocupado em dotar as Forças de meios que correspondessem à altura da estatura política e estratégica do Brasil", disse.

Representantes da indústria naval foram chamados para a visita à embarcação, que ocorreu entre o final da manhã e o início da tarde. O trajeto entre a LAAD e o navio foi percorrido em aeronaves.

A Marinha foi a Força que mais criou dificuldades para Lula durante a transição de governo. O ex-comandante Almir Garnier evitou encontros com Múcio e faltou à passagem de comando para o novo chefe Marcos Sampaio Olsen —ação inédita desde a redemocratização.

A Força ainda foi criticada pela decisão de afundar, em fevereiro, o porta-aviões São Paulo, na costa brasileira, diante da degradação no casco do navio. A embarcação possuía toneladas de amianto e outras substâncias tóxicas que, no fundo do mar, podem provocar mortes de espécies e mudanças nos ecossistemas marítimos, segundo o Ibama.

Olsen, porém, passou a ser celebrado na Defesa e por interlocutores do presidente Lula como um dos comandantes de melhor trato. A atuação da Marinha no auxílio das operações contra o garimpo na Terra Indígena Yanomami também foi vista como exemplar e citada como um símbolo da mudança de postura das Forças Armadas.

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