Descrição de chapéu Folhajus TSE

Moraes e família são hostilizados em aeroporto de Roma, e PF abre inquérito

PF apura ação de grupo de brasileiros e agressão a filho de ministro; políticos repudiam violência

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Brasília

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e familiares foram hostilizados na sexta-feira (14) por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma.

A Polícia Federal foi acionada e instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da abordagem, ocorrida pouco depois das 18h no horário local. O órgão também investiga uma possível agressão a um filho do ministro.

Os responsáveis dirigiram ao integrante do Supremo e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) expressões como "bandido", "comunista" e "comprado", segundo informações colhidas pelos investigadores.

Alexandre de Moraes em sessão do Tribunal Superior Eleitoral - Divulgação/TSE

O STF informou que não se manifestará sobre o caso.

O empresário Roberto Mantovani Filho, 71, um dos alvos da apuração da PF, disse à Folha aguardar um comunicado oficial sobre a acusação que pesa contra ele e familiares para detalharem suas versões.

Mantovani afirmou que avistou Moraes no aeroporto, mas que não falou com ele. "O que eu posso falar para você é que eu vi realmente o ministro. Ele estava sentado em uma sala, mas eu não dirigi nenhuma palavra a ele", disse.

Segundo a TV Globo, Mantovani chegou a atingir um golpe no rosto do filho de Moraes, cujos óculos caíram no chão devido ao impacto. Questionado pela Folha, o empresário não comentou.

A PF apura também a participação da esposa dele (Andreia Munarão), do filho (Giovanni Mantovani) e do genro (Alex Zanatta Bignotto) dele no episódio.

O empresário afirmou ainda que, como estava acompanhado das duas netas, de 4 e 2 anos, ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, preferiu não conversar com uma delegada da PF na madrugada deste sábado (15), deixando para comparecer à corporação posteriormente.

Roberto Mantovani (direita), esposa e genro são abordados pela PF ao desembarcar no Brasil - Arquivo pessoal

Moraes participou na Itália de um fórum internacional de direito realizado na Universidade de Siena. Ele compôs mesa no painel Justiça Constitucional e Democracia, da qual participou ainda o ministro André Ramos Tavares, integrante também do TSE.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, repudiou a hostilidade a Moraes. "Até quando essa gente extremista vai agredir agentes públicos, em locais públicos, mesmo quando acompanhados de suas famílias? Comportamento criminoso de quem acha que pode fazer qualquer coisa por ter dinheiro no bolso. Querem ser 'elite' mas não tem a educação mais elementar", escreveu Dino.

Por meio de uma publicação também em rede social, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se solidarizou com Moraes e familiares.

"Mais do que criminoso e aviltante às pessoas, às instituições e à democracia, esse tipo de comportamento mina o caminho que se visa construir de um país de progresso, civilizado e pacífico", afirmou.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), classificou de "inaceitável" que se use o argumento de liberdade de expressão para agredir, ofender e desrespeitar autoridades constituídas. "Democracia se faz com debate e não violência", afirmou o deputado.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, cobrou punição. "Ataque a Alexandre de Moraes e sua família é deplorável, resultado do ódio disseminado por lideranças bolsonaristas, que só sabem estimular a violência alimentada por mentiras. Isso tem de acabar. Todo rigor da lei aos agressores e toda solidariedade ao ministro."

"Toda solidariedade ao ministro @alexandre e à sua família, agredidos por antidemocratas. A defesa do Estado de Direito e a segurança de nossas instituições, incluindo de seus agentes públicos, são pilares essenciais da democracia", afirmou o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais).

Ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), o senador Sergio Moro (Podemos-PR) disse que nada justifica ataques ou abordagens pessoais agressivas contra ministros do STF ou seus familiares. "Minha solidariedade ao Min @alexandre. Não é esse o caminho", disse.

O senador Rogério Marinho (PL-RN), também integrante da gestão Bolsonaro, afirmou que "a intimidação e a violência física não são instrumentos da luta política".

"Repudio essa forma irracional de manifestação, que não ajuda, que se volta contra quem a pratica e nos nivela com aqueles que representam o pior em nossa sociedade", disse.

Moraes se tornou nos últimos anos o principal algoz de Bolsonaro no Judiciário, comandando inquéritos que atingem o ex-presidente no STF.

Também comandou o TSE nas eleições de 2022 e no julgamento do mês passado que decidiu pela inelegibilidade de Bolsonaro até 2030.

Moraes já foi alvo de xingamentos por parte de Bolsonaro, que, nos últimos dois anos, já chegou a se referir ao ministro como "vagabundo" e como "canalha".

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