Padilha fala em novas adesões ao governo Lula e cita partidos de oposição

Ministro da coordenação política afirma, porém, que não há definição de trocas em outra pastas, além do Turismo

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Brasília

O ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) disse nesta sexta-feira (7) que não há ainda definição para mudanças em outros ministérios, além da iminente troca no Turismo, mas que o governo está aberto a discutir a entrada de outras legendas na Esplanada, inclusive com parlamentares de oposição.

"Não tem nenhuma definição por parte do governo em relação a isso [ministérios abertos para negociação]. Nos concentramos nesta semana num esforço para que pudéssemos concluir o desfecho da reorganização de ministérios de partidos que já compõem o governo e queriam fazer reformulação de indicados", disse Padilha, em referência à troca no Turismo, demandada pela União Brasil.

"Não discutimos outros espaços, mas quero dizer que o governo está absolutamente aberto a discutir a entrada no governo de outras forças políticas. (...) Sobretudo de parlamentares que ou já fizeram campanha para o presidente Lula ou que sinalizaram claramente a defesa do governo, sobretudo a partir do dia 8 de janeiro."

O minsitro da SRI, Alexandre Padilha, em coletiva de imprensa no Planalto, em abril - Ueslei Marcelino-4.abr.23/Reuters

A declaração foi dada a jornalistas no Palácio da Alvorada, após reunião com o presidente Lula (PT), na manhã desta sexta.

Depois, arrematou que até mesmo integrantes da oposição –PP, PL e Republicanos– podem compor o governo.

"Nesses três partidos, você tem vários parlamentares que já participaram no primeiro turno da campanha do presidente Lula naquela frente, já de alguma forma dialogam nos seus estados com orientações para o governo e vários parlamentares que se aproximaram ainda mais do governo depois de atos golpistas."

O PL é o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na votação da reforma tributária, foram 20 votos favoráveis à proposta, apesar do contundente posicionamento contrário do ex-mandatário e da própria legenda.

O movimento de Bolsonaro de eleger a tributária como seu primeiro grande ato na oposição levou a um racha na direita, desentendimento com o governador Tarcísio de Freitas (São Paulo) e também à sua primeira derrota.

Na noite de quinta, o SBT veiculou uma entrevista feita com Lula no mesmo dia. Ele foi questionado sobre pressão de integrantes do centrão pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, comandado hoje por Wellington Dias.

O chefe do Executivo disse que o governo é dono de ministério, sem mencionar nenhum especificamente.

"Não é a pessoa que quer vir para o governo que escolhe o cargo. Quem escolhe o cargo é o governo. Se tiver de fazer acordo com partido político, vou dizer tenho tal cargo, tal ministério, para saber se você quer participar ou não. Senão você não governa. Não é o partido que é dono do ministério, é o governo que é dono do ministério, a escolha é do governo", disse Lula.

O texto-base da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Reforma Tributária foi aprovado, no primeiro turno, com 382 votos, depois de 30 anos de discussão.

Padilha negou que o amplo placar tenha a ver com a liberação de emendas parlamentares nos últimos dias.

Como mostrou à Folha, o governo bateu um novo recorde na liberação de emendas às vésperas de votações decisivas no Congresso Nacional. Foram R$ 5,3 bilhões autorizados agora para projetos, compras e obras em redutos eleitorais de parlamentares. Os partidos mais beneficiados foram o PL e o PP.

"Quem faz qualquer insinuação desconhece, em primeiro lugar, o calendário estabelecido pela lei ou por portaria da SOF [secretaria de orçamento federal]. Comete um segundo engano, que é rebaixar a importância da reforma tributária. Teve os 380 votos porque é algo muito importante para o país", disse.

Segundo Padilha, o presidente Lula ligou para Arthur Lira (PP-AL) nesta sexta para agradecer o empenho pela reforma e parabenizá-lo pelo esforço. Do Alvorada, o ministro da articulação política seguiu para o Palácio do Planalto, onde teve reunião com Luciano Bivar, presidente da União Brasil.

O partido esperava ainda na quinta, em reunião entre Lula e Daniela Carneiro, a saída da ministra do cargo. Uma primeira sinalização do Planalto veio na contramão: não apenas ela permaneceria no posto, por ora, mas o governo dizia ainda esperar votações de pautas econômicas na Câmara.

A reação foi imediata e parlamentares fizeram chegar à Secretaria de Relações Institucionais descontentamento com o governo. Na Câmara, uma ala da União Brasil passou a defender não votar a reforma tributária.

Coube ao Padilha, em nota, confirmar a saída de Daniela Carneiro e a indicação do deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), ainda que sem definir uma data. O partido ainda negocia outros detalhes da nomeação e de cargos para oficializar a troca.

Segundo Padilha disse a jornalistas, a mudança no ministério deve ocorrer na próxima semana, após reunião com lideranças da União Brasil. Ele disse que quer, inclusive, promover um encontro deles com o presidente Lula, o que ainda não ocorreu.

O ministro da articulação política também afirmou que foi discutido com o prefeito de Belford Roxo e marido de Daniela, Waguinho, que ela assumisse um cargo de vice-líder na Câmara ou no Congresso –ela foi eleita deputada federal no ano passado.

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