Múcio lança disco romântico; ele compõe inspirado na vida real, diz produtor

Ministro da Defesa apresenta álbum com músicas próprias nas plataformas digitais

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São Paulo

O jeito de cantar é como se estivéssemos nos tempos do rádio. Voz empostada. Letras sobre corações sangrando. Uns sambas-canções aqui, um flerte com bolerinhos do passado ali. Passeia por essas referências a estreia nas plataformas digitais do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, como cantor, com o disco "Pra Quem eu Gosto".

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro - Pedro Nunes/Reuters

O álbum foi gravado em 2014, mas só ficou disponível nas redes na semana passada —quando, em tese, era difícil arranjar tempo para tanto romantismo em Brasília. Especialmente na pasta comandada pelo menestrel.

Afinal, militares têm aparecido em situações constrangedoras: as investigações da CPI do 8 de Janeiro e da Polícia Federal; a atuação diante dos acampamentos golpistas; e em casos de corrupção investigados pela PF —como o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

Mas Múcio canta. Ele começa com "Dedicado a Você" ("Ah, se eu tiver você no meu prazer...), gravada por Zizi Possi, mas a grande maioria do disco é de composições próprias. "De repente, viramos estranhos/ e nossos sonhos ficaram para lá/ os amigos que eram da gente/ nos evitam para não comentar", diz uma das canções do disco.

"Por incrível que pareça, ele me contava que se inspira na vida real", diz o músico Nando Cordel, que atuou como diretor musical do álbum e é o autor de sucessos como "De Volta Pro Meu Aconchego" e "Gostoso Demais", com Dominguinhos, além de "Hoje é Dia de Folia", gravada por Xuxa.

"Era um dos sonhos dele ser cantor, ele adora. Ele deixou na minha mão as escolhas das músicas. Fui garimpando as que tinham mais a ver com a história dele", acrescenta. "Peguei no pé dele para ele cantar. Dizia: 'Falta mais lágrima, falta mais beleza...' Ele vai em qualquer nota."

O registro é, segundo a gravadora Polydisc, uma homenagem à avó do ministro, Consuelo Bandeira de Melo Azevedo, de quem ele ganhou o primeiro violão. Uma pesquisa nos arquivos do Diário de Pernambuco na Biblioteca Nacional mostra o nome dela aqui e ali em colunas sociais de Recife.

Múcio ainda está longe de ser um sucesso arrasa-quarteirão. Sua página no Spotify mostra que ele tem 221 ouvintes mensais, e que as canções de maior popularidade do disco foram tocadas menos de mil vezes cada (boa parte desse número com certeza veio da produção desta reportagem). No YouTube, o álbum tem cerca de 4.000 visualizações.

Mas em Brasília não é novidade o lado trovador do homem responsável manter os coturnos pacificados. Não é preciso nem ir muito longe. Em abril deste ano, ele fez dueto com o advogado Antonio Carlos de Almeida, o Kakay, durante uma viagem a Portugal —o ministro cantou "Eu Sei que Vou Te Amar", de Vinicius de Moraes, enquanto Kakay declamou versos.

Em 2007, quando era ministro das Relações Institucionais, ele se apresentou em uma festa de fim de ano do seu antecessor: tocou violão, interpretou canções românticas, recitou poemas e dançou. "A música dele tem muito amor, muito sentimento", conclui o amigo Nando Cordel.

As músicas do disco "Pra Quem eu Gosto"

1 - Dedicado a Você
2 - Quem Diria
3 - Em Todo Lugar
4 - Revés
5 - Dez Marias
6 - Amigo e Companheiro
7 - Saí de Você
8 - Não Conte a Ninguém
9 - A Casa da Gente
10 - Canção pra Ninar Diferente

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