Não mandei ninguém vender nada, diz Bolsonaro sobre joias

Ex-presidente nega ter recebido dinheiro por venda de joias

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UOL

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o tenente-coronel Mauro Cid tinha "autonomia" como seu ajudante de ordens na Presidência da República. Ao jornal O Estado de S. Paulo ele comentou o caso de venda ilegal de joias da Presidência.

Bolsonaro disse querer esclarecer o caso "o mais rápido possível". A PF investiga a venda ilegal de presentes dados a Bolsonaro em agendas oficiais. "Ele [Mauro Cid] tem autonomia. Não mandei ninguém vender nada. Não recebi nada", afirmou.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília - Adriano Machado - 12.jul.2023/Reuters

A declaração de Bolsonaro acontece um dia após o advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, afirmar que o cliente faria uma confissão à PF.

Segundo o advogado, Cid admitiria que o esquema de desvio e venda de joias foi a mando de Bolsonaro e que todo o dinheiro da venda era entregue em espécie ao ex-presidente. Nesta sexta-feira, porém, Bitencourt recuou e disse que um novo depoimento de Cid à PF não vai tratar do caso das joias.

Na véspera, à Folha, o advogado disse: "Ele [Cid] confessa que comprou as joias evidentemente a mando do presidente. Comprou e vendeu. 'Resolva esse negócio e venda', [teria dito Bolsonaro]", disse Bitencourt sobre a venda das joias e relógios.

Ainda nesta sexta-feira (18), Paulo Amador da Cunha Bueno, um dos defensores do ex-mandatário, afirmou que ele nunca recebeu dinheiro de Cid. "O presidente Bolsonaro nunca recebeu valor em espécie do tenente-coronel Mauro Cid referente à venda de nada", disse à GloboNews.

Bueno argumentou, ainda, que o ex-ajudante de ordens tinha autonomia para exercer o cargo e resolver demandas sozinho, e disse que Bolsonaro poderia vender os itens por ele recebidos, apesar do acórdão do TCU (Tribunal de Contas da União) que regula o tratamento destes bens.

"Quando um chefe de Estado, o presidente da República brasileiro recebe um presente, esse presente é diretamente direcionado ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, [...] onde ele recebe esse tratamento, que é um tratamento binário: ou ele ingressa pro acervo público, e aí ele permanece no Palácio do Planalto, ou ele ingressa no acervo privado de interesse público, e aí ele vai para o titular do Executivo."

Quebra de sigilo

O STF autorizou nesta quinta-feira a quebra de sigilo fiscal e bancária de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle. O objetivo é saber se o dinheiro da venda de joias da Presidência chegou até o ex-presidente.

Michelle reclamou da determinação do ministro Alexandre de Moraes. "Pra quê quebrar meu sigilo bancário e fiscal? Bastava me pedir".

As suspeitas da PF

A PF aponta que os recursos gerados com as venda dos bens eram repassados a Bolsonaro em dinheiro vivo. Outros indícios da participação do ex-presidente se deve ao fato de as joias serem levadas ao exterior durante viagens presidenciais em aviões da FAB.

O advogado Frederick Wassef, que trabalha na defesa de Bolsonaro, disse que foi aos EUA para recomprar o relógio Rolex dado por autoridades sauditas com a intenção de repassar o item para o governo federal.

Os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.

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