Em visita à Folha, leitores discutem política e tiram dúvidas sobre bastidores do jornalismo

Escolhidos entre os leitores que mais interagem com o jornal, a turma formada refletiu algumas das qualidades que a Folha persegue

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São Paulo

Um grupo aguerrido de leitores da Folha visitou a sede do jornal na noite de quarta-feira, 30 de agosto. Dezessete pessoas, de 23 a 86 anos, tiveram a oportunidade de conhecer a Redação e conversar com o ombudsman, José Henrique Mariante, e o secretário de Redação Vinicius Mota.

Escolhidos entre os leitores que mais interagem com o jornal, a turma formada refletiu algumas das qualidades que a Folha persegue: diversidade, pluralismo e muita crítica.

Dagmar Zibas, 86, pesquisadora aposentada da área de educação, afirmou que a Folha exagera nas notícias negativas sobre o governo Lula. Mota respondeu que o jornal sempre incomoda o governo de turno, citando as queixas de Fernando Henrique Cardoso em seu livro de memórias. Em "Diários da Presidência", ele reclama do que considera "niilismo arrogante" do jornal.

Dagmar não se convenceu. "Sei bem que houve críticas à administração FHC, inclusive no caso da compra de votos, mas é um caso típico de 'manipulação de ênfases'. Enquanto mensalão, o triplex e o sítio de Atibaia renderam centenas de matérias, manchetes seguidas, os escândalos tucanos foram mencionados uma ou duas vezes e enterrados", disse. A leitora se referia à frase de Paulo Francis (1930 - 97) de que a "malandragem da imprensa" se dá na "omissão e manipulação de ênfases".

Sentado na fileira de trás do auditório na alameda Barão de Limeira, o empresário e ex-superintendente do Banespa Osvaldo Cesar Tavares, 72, discordou de Dagmar. "Eu acho que a Folha passa pano para o Lula."

O engenheiro José Hamilton, 61, não gosta do que chama de "cruzada arrecadatória" do fisco federal, que age como "se não existisse um centavo a ser cortado do gasto público". "Fiz tudo que estava ao meu alcance para tirar o inominável. Mas acredito 'zero' no modelo estatizante do PT."

O ombudsman aproveitou a discussão para resumir: "É isso, tem leitor que acusa o jornal até de comunista e outros que consideram a Folha bolsonarista."

O advogado José Ronaldo Curi, 72, afirma que o jornal mistura opinião e reportagem. A seu ver, quando o jornal publica que Bolsonaro faz afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral, está fazendo um julgamento, não dando uma informação. "Isso começou com William Bonner e sentou praça até aqui."

O encontro foi pautado também por curiosidades sobre os bastidores do jornalismo. Danilo de Oliveira Valério, 27, engenheiro de software, perguntou como a direção reage quando um "poderoso" pede a demissão de um profissional por discordância do que foi publicado. "Na Folha, o efeito é até o contrário. Pensamos que se a reação foi tão extremada é porque deve ter mais coisa ali a ser investigada", disse Mota.

Após a troca de ideias, o grupo conheceu a Redação, guiado por Luciana Coelho, secretária-assistente de Redação e responsável pela edição do jornal impresso.

Bruna Rios de Paula Soares, 23, pós-graduanda em jornalismo esportivo, avaliou positivamente o evento.

"Foi uma honra. Os tópicos levantados me fizeram refletir bastante sobre o papel social do jornalismo hoje. A visita à Redação me reconectou com o motivo inicial de eu ter escolhido essa profissão."

Quem tiver interesse em participar em um próximo encontro de leitores deve escrever para treina@grupofolha.com.br.

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