O jantar de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) com o presidente Lula (PT), na noite de terça-feira (19), teve clima ameno e convite do mandatário para ato de um ano dos ataques às sedes dos três Poderes, em 8 de janeiro.
A sucessão de Flávio Dino (Justiça), apesar de estar na pauta do dia, não entrou nas conversas dos magistrados com o mandatário e integrantes do governo. A posse dele no STF ocorrerá na segunda quinzena de fevereiro, provavelmente no dia 22.
Além do próprio Dino, também participaram do jantar o ministro Jorge Messias (AGU) e Wellington César Lima e Silva, subchefe para assuntos jurídicos (SAJ) e cotado para a pasta da Justiça.
O encontro ocorreu na casa do presidente do STF, Luís Roberto Barroso. De acordo com ele, Lula solicitou que organizasse o encontro quando estiveram juntos em reunião no Palácio do Planalto sobre a presidência do Brasil no G20.
Nesta quarta-feira (20), a corte divulgou uma nota em que diz que Barroso confirmou a presença no ato de janeiro.
"O presidente do STF mantém relação amigável com o presidente da República, embora atue com independência em relação ao governo. Durante o encontro, o ministro Barroso confirmou a Lula que estará em Brasília para participar de atos referentes ao 8 de janeiro", diz nota do Supremo.
Segundo relatos, Lula está muito engajado no evento e também convidou demais ministros da corte, que agora adaptam suas agendas para estar em Brasília em 8 de janeiro. A organização está a cargo de Dino, que permanece ministro do governo até o evento.
O encontro na casa de Barroso, no Lago Sul, área nobre de Brasília, ocorreu em clima de confraternização e tom ameno.
Além de Barroso, estiveram no jantar 8 dos atuais 10 ministros: Edson Fachin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux, Alexandre de Moraes, Kassio Nunes Marques e Cristiano Zanin. André Mendonça e Cármen Lúcia não compareceram por estarem em São Paulo e Belo Horizonte, respectivamente.
Além da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, esposas de cinco ministros também acompanharam o encontro.
Segundo relatos, os ministros fizeram gestos a Dino e disseram que ele será bem acolhido na corte. Eles discutiram desde questões locais e internacionais a futebol. Não foram tratados, contudo, temas polêmicos e nem houve discursos dos participantes, que conversavam em grupos.
Indicado por Jair Bolsonaro (PL), Kassio Nunes Marques estava à vontade no local e também conversou com o presidente. Eles falaram sobre a cirurgia a que ele se submeteu em novembro, no quadril, igual à de Lula.
O cardápio tinha desde de coxinha de pato e espetinho de mozarela de búfala e tomate a bobó de camarão.
Ao chegar em casa, Barroso foi questionado por jornalistas sobre assuntos que seriam discutidos, ao que ele respondeu: "É apenas uma conversa institucional, de cortesia".
No STF são julgados processos de interesse do governo federal, a exemplo da ação que questiona os dispositivos da Lei das Estatais que restringem a indicação de políticos para cargos em conselhos e diretorias de empresas públicas. No início do mês, Kassio paralisou o julgamento por meio de um pedido de vista (mais tempo para análise).
Também tramita no STF inquérito contra o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), que pode ficar sob relatoria de Dino caso ele não se declare impedido. Moraes também conduz inquéritos que investigam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), adversário político de Lula.
Ainda não há detalhes sobre o ato para marcar o aniversário de um ano dos ataques de bolsonaristas, mas Lula também já convidou governadores para participarem. "Vamos fazer um ato aqui em Brasília para lembrar o povo que tentou se dar um golpe dia 8 de janeiro, e ele foi debelado pela democracia desse país", afirmou em reunião no último dia 12.
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