Descrição de chapéu Governo Lula Twitter

Janja critica Musk e fala em processar plataforma X; fiquei puto por ela, diz Lula

Fala acontece após a primeira-dama ter sua rede social hackeada na semana passada

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Brasília

O presidente Lula (PT) afirmou nesta terça-feira (19) que fica "puto" com os ataques na internet contra a sua mulher, Janja. A fala acontece após a primeira-dama ter sua rede social hackeada na semana passada, com o invasor postando diversas mensagens de caráter misógino.

O presidente Lula e a primeira-dama, Janja
O presidente Lula e a primeira-dama, Janja - Evaristo Sá/AFP

"Às vezes fico muito puto da vida. E estou falando a palavra puto de verdade. Fico puto da vida com as pessoas que atacam ela [Janja] pela internet. Fico puto porque eu nunca falei da mulher de um presidente, da mulher de um deputado, da mulher de um vereador. Acho uma canalhice a pessoa que faz isso. Por isso, fico puto por ela", afirmou Lula.

A primeira-dama, por sua vez, reclamou da dificuldade para conseguir congelar a sua conta na rede social após a invasão e criticou o dono da rede X, Elon Musk, afirmando que ele "ficou muito mais milionário com aquele ataque". Janja disse que pretende processar a rede social e também citou que o governo trabalha em um plano para combater a violência contra mulheres na internet.

Lula realizou na manhã desta terça-feira a sua tradicional transmissão ao vivo na internet, o Conversa com o Presidente. A primeira-dama foi a participante especial desta edição.

O presidente falou que o país está indo bem, e que as pessoas atribuem isso a sorte, e diz que deveria ser eleito para sempre para trazer mais sorte, arrancando risada de Janja e do apresentador Marcos Uchôa.

"As pessoas costumam dizer que eu tenho sorte. Toda vez que eu ganho eleição, falam que o Lula tem sorte, porque as coisas vão dando certo. Se é verdade que eu tenho sorte, o povo deveria me eleger para sempre. Esse País está precisando de tanta sorte que a gente não deveria sair mais", afirmou.

Janja teve suas redes sociais hackeadas na noite do último dia 11. O seu perfil no X (ex-Twitter) publicou ofensas e diversas mensagens de teor misógino contra a primeira-dama, além de frases afirmando que havia ocorrido a invasão.

Entre as postagens do invasor, há menção ao escândalo do mensalão e ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Lula e Janja falaram da necessidade de regular as redes sociais, para evitar a disseminação de ataques. A primeira-dama citou especificamente uma proposta de um plano de combate à violência contra as mulheres nas redes.

Em relação ao ataque, ela contou que passou a madrugada trocando as senhas das suas redes. E falou das dificuldades que enfrentou para congelar o seu perfil, cessando dessa forma os ataques, mesmo sendo uma pessoa pública. E então criticou o presidente do X.

"Eu fico imaginando, eu, que hoje por estar nesse lugar que estou, sou uma pessoa pública, foi tão difícil que o Twitter derrubasse, congelasse a minha conta, [levou] uma hora e meia. E eu falo, por uma hora e meia o Elon Musk ficou muito mais milionário com aquele ataque. É essa que é a questão. A gente precisa não só a regularização das redes, mas a gente precisa discutir a monetização dessas redes sociais", disse.

A primeira-dama então completou que vai processar a rede social X, embora ainda esteja analisando o caminho a ser feito para dar início a uma ação judicial. O X não tem sede no Brasil.

"Eu não sei nem onde processar, se eu processo no Brasil, se processo nos Estados Unidos, porque processá-los eu vou, de alguma forma. A gente tem uma pesquisa, muitas pessoas públicas que têm as contas invadidas, como o primeiro-ministro da Austrália, então a gente tem que de alguma forma responsabilizar essas plataformas e regulá-las. O problema não é só do Brasil, é global", afirmou Janja.

Na mesma linha, Lula afirmou que é preciso regulamentar as redes sociais, embora seja um tema delicado para que as ações não incorram em censura. E também criticou os ganhos milionários das plataformas, assim como Janja.

"É preciso que o mundo tome cuidado com isso. O mundo já era preconceituoso contra mulher, contra o negro, contra o pobre. Agora com a internet ficou hiperpreconceituoso, porque as pessoas transformam seu preconceito pessoal para milhares de pessoas, milhões de pessoas. Como a gente trata isso sem fazer censura é um desafio", afirmou o presidente.

"A televisão tem regulação, rádio tem regulação. Então você precisa criar regulação para que esse cidadão que não paga nem imposto no Brasil. Todos eles são dos Estados Unidos, ganham uma fortuna, não pagam nenhum imposto e falam o que quer, não obedecem sequer decisão do governo", completou.

O presidente ressaltou em diversos momentos a atuação de Janja durante o primeiro ano do seu terceiro mandato. Afirmou que ela é uma "agente política" e que por isso não deve seguir o papel tradicionalmente destinado às primeiras-damas na história.

Lula também afirmou que Janja não precisa necessariamente ter um cargo para ser importante.

"Ela não pode ser uma primeira-dama tradicionalmente como sempre foram as primeiras-damas, aquela mulher que acompanha o marido, que faz as coisas certinho, a política de visitação. Ela é uma agente política. Era antes de eu a conhecer, continua sendo quando eu a conheci. Era agente política quando eu estava na prisão, foi agente política quando eu estava na campanha. Ela tem que ser agente política", afirmou o presidente.

Em alguns momentos da transmissão, no entanto, Janja e seu marido discordaram sobre as melhores formas de combate às desigualdades de gênero. A primeira-dama, por exemplo, rebateu uma fala de Lula, que havia dito que a mudança apenas se dará pela luta das mulheres, que nenhum avanço seria concedido pelos homens.

Janja complementou que as mulheres sabem que precisam lutar, mas que é preciso que os homens também se conscientizem da necessidade de mudança.

"Um pontinho de discordância que eu tenho é que nós mulheres precisamos lutar e sabemos lutar as nossas lutas. Não precisa ninguém dizer para a gente o que tem que fazer. Mas enquanto os homens não perceberem que essa é uma luta de todos, enquanto os homens não forem parceiros na luta das mulheres com relação à participação delas [as mudanças ficam mais difíceis]", afirmou a primeira-dama.

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