Carlos Bolsonaro deixa sede da Polícia Federal no Rio após 40 minutos

Investigação da PF mira 'núcleo político' no caso da 'Abin Paralela' em nova frente contra a família Bolsonaro

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Rio de Janeiro e Brasília

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) permaneceu nesta terça-feira (30) por 40 minutos na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é alvo de investigações que miram monitoramentos ilegais feitos pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante a gestão do ex-mandatário e tinha depoimento marcado para esta terça-feira.

O vereador se apresentou à sede da corporação no Rio de Janeiro, no centro da capital fluminense, por volta das 10h, acompanhado de seu advogado, Antônio Carlos Fonseca. Deixou o local às 10h40.

O vereador Carlos Bolsonaro nesta terça-feira na sede da PF no Rio
O vereador Carlos Bolsonaro nesta terça-feira na sede da PF no Rio - Mauro Pimentel/AFP

Na segunda-feira (29), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Carlos —uma casa, seu gabinete na Câmara Municipal e seu escritório político. Nessa ação, a corporação mirou pessoas que foram destinatárias das informações produzidas de forma ilegal pela agência de inteligência do governo federal.

Na decisão em que autorizou as buscas, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), relata que o objetivo da PF foi "avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin".

A ação desta segunda-feira é uma nova frente investigativa mirando a família Bolsonaro, que nos últimos anos esteve no centro de apurações envolvendo, por exemplo, a prática de "rachadinha" e a articulação de milícias digitais.

Mais cedo, Carlos escreveu nas redes sociais que estava indo depor por uma publicação que fez em agosto do ano passado criticando a atuação da Polícia Federal em relação a ataques direcionados ao pai. A postagem fazia uma provocação ao diretor da corporação, Andrei Rodrigues.

"O seu guarda diretor aqui enxerga com outros olhos", escreveu Carlos em agosto, compartilhando outro post com fotos que faziam alusão a Bolsonaro atacado.

Na publicação feita nesta terça antes do vereador ir à sede da PF, ele escreveu: "Atualizando: indo depor por causa disso aqui. Qualquer outra linha de desinformação diferente disso é mais uma fake news! Tire suas conclusões! Um abraço".

O irmão do vereador, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também usou o X, antigo Twitter, para criticar a operação da PF e afirmar que o depoimento de Carlos já estava marcado para hoje.

"Tinha mais de mês que Carlos Bolsonaro estava agendado para que fosse depor na PF. Havia mesmo a necessidade de se fazer uma operação da PF ontem para pegar seu celular? Ou algum fato político recente motivou a operação na casa de Jair Bolsonaro em Mambucaba?", escreveu.

Segundo o advogado Antônio Carlos Fonseca, que defende Carlos, o vereador disse aos policiais que "não direcionou nenhum tipo de mensagem do Diretor-Geral da PF".

"Além de não ter ofensa no que ele publicou, ele disse [aos policiais] que não teria direcionado nenhum tipo de informação a nenhuma pessoa, foi indignação genérica", disse à Folha.

O defensor afirmou ainda que o depoimento em si não teve questionamentos a respeito da operação que ocorreu na véspera, que apura existência de uma "Abin paralela" no governo Bolsonaro.

Fonseca negou a existência da estrutura e qualquer irregularidade por parte do filho do ex-presidente. Ele disse ainda aguardar acesso aos autos. Até o momento, a defesa só teve acesso ao mandado de busca e apreensão, ao qual Calos foi submetido na véspera.

Questionado sobre como o vereador está nesta terça, após a ação da PF, o advogado disse: "Ninguém que faz nada de errado se acostuma com receber a visita da PF. Ser alvo de operação da PF não é coisa rotineira. É claro que isso incomoda, isso tira a gente da rotina, mas hoje é vida que segue. Acredito que ele [Carlos] esteja trabalhando normalmente".

Carlos Bolsonaro, o principal responsável pela estratégia de campanha online na eleição presidencial de 2018, já tinha sido incluído em inquérito sobre disseminação de fake news, ainda durante o mandato do pai.

A autorização para as buscas —que foram solicitadas pela PF e tiveram parecer parcialmente favorável da PGR (Procuradoria-Geral da República)— tem como base uma mensagem de 2020 em que uma assessora de Carlos pede, por meio de uma auxiliar de Alexandre Ramagem, então chefe da Abin, que levante informações sobre investigações contra o então presidente da República e seus filhos.

Na mensagem, a assessora Luciana Almeida diz: "Bom diaaaa Tudo bem? Estou precisando muito de uma ajuda". Depois, ela envia outro texto com referência a inquéritos. "Delegada PF. Dra. Isabella Muniz Ferreira – Delegacia da PF Inquéritos Especiais Inquéritos: 73.630 / 73.637 (Envolvendo PR e 3 filhos)."

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