Descrição de chapéu ataque à democracia Folhajus

Ato de Bolsonaro foi de cidadão que tentou dar golpe e sabe que pode ser preso, diz Lula

Presidente também critica imprensa e diz que ela 'vai continuar mentindo sobre a Lava Jato até o fim do milênio'

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Brasília

O presidente Lula (PT) afirmou nesta segunda-feira (4) que o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista, em São Paulo, foi de "um cidadão" que "sabe que fez burrice" e que "pode ser preso".

"Não sei se vocês repararam que teve um ato no domingo passado [dia 25]. Aquele ato o que que era? Aquele ato é de um cidadão que sabe que fez caca, que fez uma burrice, que tentou dar um golpe e que ele vai para Justiça e que ele vai ser julgado e, se for julgado, ele pode ser preso e está tentando escapar."

O petista participou da abertura da 4ª edição da Conferência Nacional de Cultura, organizada pelo Ministério da Cultura, em Brasília. O evento, que tem neste ano o tema "Democracia e Direito à Cultura", pretende debater políticas públicas culturais e definir prioridades para as ações do setor.

Em seu discurso, Lula afirmou que a extrema direita tem crescido em diferentes países do mundo. Ele voltou a criticar Bolsonaro, ao citar os depoimentos que têm sido colhidos na investigação sobre uma trama golpista para evitar a posse do petista.

"A verdade nua e crua é que esse cidadão preparou um golpe para o país quando ele ficou trancado dentro de casa várias semanas, que a gente não sabia se ele estava chorando. Ele estava preparando um golpe, tentando imaginar como é que ele ia fazer para não deixar o presidente eleito tomar posse", disse Lula.

O presidente afirmou ainda: "Eu acho que ele se borrou de medo e resolveu ir embora para os Estados Unidos para não ver a posse. Ele imaginava que as pessoas que ele pagou, organizou e ajudou a financiar para ficar na porta dos quarteis... [ele] achava que essa gente ia dar o golpe, [para que] ele fosse ungido pelo povo fascista deste país a voltar nos braços do povo, para assumir a Presidência da República. Era isso que ele estava desenhando e [foi] isso que não aconteceu".

Lula e a primeira-dama Janja com a cantora Fafá de Belém em evento nesta segunda (4), em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Em seu discurso, Lula também criticou a cobertura da Lava Jato feita pela imprensa. A operação completa dez anos de sua primeira fase no próximo dia 17.

O petista afirmou que alguns setores da sociedade não sabem pedir desculpas e que esse é um gesto "muito nobre".

"A imprensa brasileira vai continuar mentindo sobre a Lava Jato até o fim do milênio (...) eles compraram e santificaram algumas pessoas e agora perceberam que as pessoas não eram os santos que eles imaginavam e eles não têm coragem de reconhecer", afirmou.

"Não é nem falar mal, é só reconhecer, é só dizer que não era daquele jeito, é só dizer que as coisas eram viciadas, para a gente politizar a sociedade brasileira, informar corretamente e para que as pessoas fiquem sabendo das coisas", continuou o petista.

Lula disse ainda que foi muito criticado pelas declarações que deu sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

Em viagem à Etiópia, Lula comparou a ofensiva militar israelense em Gaza ao Holocausto, o que desencadeou uma crise diplomática com Israel, críticas de entidades judaicas e um pedido de retratação feito pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

"Vocês tão lembrados há 20 dias como eu apanhei pelo que eu falei da Palestina. Vocês estão lembrados. Com o tempo a gente vai provar que eu estava certo, o povo palestino tem o direito de viver, de criar o seu país. Você não pode fazer o que foi feito, anunciar comida e mandar torpedo, mandar bala e morte para aquelas pessoas. Até quando a gente vai ter medo, até quando a gente vai se curvar?", disse o petista.

No começo do ato, o presidente posou para uma foto com uma bandeira da Palestina e aplaudiu de pé uma apresentação de um poeta que pediu o "fim do genocídio" e saiu em defesa do povo palestino.

Ainda em seu discurso, o petista citou a decisão de Bolsonaro de acabar com o Ministério da Cultura e transformá-lo numa secretaria especial, além da série de ataques que o ex-presidente e seus aliados fizeram contra a classe artística.

"Eles tinham um secretário da Cultura fazendo vídeo inspirado no nazismo. A gente não pode esquecer que tinha um secretário da Cultura chamado Mario Frias que chamava artistas de criaturas imundas. Não pode esquecer as acusações repetidas de Bolsonaro e aliados que artistas eram vagabundos ", disse Lula.

"Estou lembrando apenas algumas das coisas que vamos pesquisar rapidamente para saber o que há pouco tempo uma matilha de cachorro louco que governou esse país fez nesse país", completou.

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