Briga entre Executivo e Legislativo para destinação de verbas não vai acabar nunca, diz Lira

Para presidente da Câmara, a discussão é equivalente a placas tectônicas

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Brasília

A briga entre o Executivo e o Legislativo para decidir o destino das verbas públicas "não vai acabar nunca", disse nesta quarta-feira (24) o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Ele fez a avaliação no 4º Ciclo de Debates CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil), em Brasília.

"Nós ficamos falando o tempo todo sobre a briga, R$ 5 bilhões pra cá, R$ 3 bilhões para lá, é o Congresso que indica, ou é o governo federal que indica. Essa briga não vai acabar nunca, são posicionamento de placas tectônicas a respeito da destinação de políticas públicas. Toda democracia vive isso e é bom que ela exista", afirmou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira em seminário sobre Descarbonização, promovido pela Esfera e pelo MBCB - Pedro Ladeira/Folhapress

"Câmara é o patinho feio do Congresso. Encontraram um presidente que tem coragem de dar a cara para apanhar pelos outros. Embora pessoalmente tenha votado em outro candidato, nunca faltei com minhas obrigações. Dei todas as condições para que [o governo] fizesse um bom 2023", acrescentou.

O presidente da Câmara tem uma relação tensa com o governo federal. Ele chegou a dizer que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), é incompetente.

Em entrevista ao jornalista Pedro Bial, da TV Globo, Lira afirmou não haver problema em admitir erro após chamar Padilha de "desafeto pessoal" e "incompetente", mas manteve as críticas à articulação política do governo Lula (PT).

O presidente da Câmara indicou que poderia ter usado outros adjetivos, mas afirmou que "palavras ditas estão ditas" e evitou um pedido direto de desculpas.

"Eu tenho erros e acertos, não tenho problema de reconhecer o erro quando eu faço. Eu já vinha apontando ao governo há alguns meses que não funciona a articulação política. Se você prestar atenção, há um esforço muito grande para que as matérias chegam maduras ao plenário", disse em entrevista transmitida nesta terça (23).

"Eu poderia ter adjetivado melhor ou pior, sou humano, posso errar e posso acertar, mas a política para mim precisa ser reta, clara, nada por trás", afirmou.

No debate, Lira abordou assuntos em discussão na Câmara, como a reforma tributária, o projeto que regulamenta o trabalho para aplicativo de transportes e sua sucessão na presidência da Casa.

O governo entregou nesta quarta a regulamentação da reforma tributária. Para Lira, o assunto é essencial pois sem ela a reforma tributária fica vazia.

Já sobre a regulamentação dos serviços de transporte, Lira afirmou que sem mudanças o projeto não passa pela Câmara.

O projeto foi enviado pelo Palácio do Planalto em regime de urgência, mas diante das resistências de parte dos motoristas e de parlamentares ela foi retirada.

Em relação a sua sucessão, Lira disse esperar que a Câmara tenha a "sabedoria para encontrar um perfil que mantenha as características básicas do Congresso, de novo, um Congresso liberal, conservador na sua maioria, que está em busca de reconquistar suas prerrogativas".


Colaborou Matheus Tupina

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