Descrição de chapéu Folhajus

Deltan dá razão a Musk em briga com STF e é vaiado nos EUA ao defender religião na política

Deputado federal cassado também elogiou legado da Lava Jato durante evento no MIT

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Cambridge (EUA)

O deputado federal cassado Deltan Dallagnol deu razão ao empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), em disputa com o STF (Supremo Tribunal Federal), e foi vaiado neste domingo (7) ao defender a fé cristã como um valor político durante um painel no MIT, nos Estados Unidos.

Questionado sobre os ataques do bilionário ao ministro do STF Alexandre de Moraes no X, Deltan disse que "existe razão sim com o Twitter".

"As contas não podem ser censuradas e conteúdos ideológicos que não são criminosos e não são ilegais não podem ser censurados. Isso vem acontecendo no Brasil, isso é absolutamente errado, equivocado, isso é um absurdo. Isso nos aproxima de países com perfil ditatorial, quando o que nós queremos é viver em uma verdadeira democracia", afirmou.

0
Deltan Dallagnol durante entrevista na Folha em março - Gabriel Cabral - 14.mar.23/Folhapress

Neste domingo, o bilionário disse que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment.

Deltan listou o cancelamento de contas de redes sociais e disse que isso constitui "uma versão moderna de você cortar a língua das pessoas". Para ele, esse tipo de ação é uma censura prévia porque "impede as pessoas de falar aquilo que você nem sabe o que elas vão falar".

"É algo absolutamente inconstitucional, ilegal, e para além disso, esses Twitter Papers que estão vindo à tona estão revelando que para além disso existe também uma censura de conteúdo por meio de ordens que determinam a moderação e o desestímulo à difusão de determinados conteúdos que são opiniões, que não são ilegais e não são criminosas, o que também é algo absolutamente inconstitucional", completou.

Deltan participou de um painel sobre combate à corrupção na Brazil Conference, evento organizado por alunos brasileiros de Harvard e do MIT em Cambridge (EUA). No palco, também estava o senador Alessandro Vieira (MDB), que havia criticado misturar religião com política, sob aplausos.

A mesa estava prestes a ser encerrada, mas Deltan pediu a palavra nesse momento para justificar sua posição de tratar sua religiosidade como um princípio político.

"Defendo honestidade, competência, mas sim, levo a religião para o meu trabalho porque ela consiste nos meus compromissos últimos de vida. Você recusar isso é preconceito de natureza religiosa", disse, despertando em seguida a reação negativa do público.

As vaias se intensificaram quando ele citou sua oposição ao direito ao aborto como um exemplo de posição associada à sua religiosidade.

"Houve uma vaia quando eu mencionei que eu levo sim a minha religião para o trabalho, assim como houve um grande aplauso quando eu expliquei a Lava Jato e expliquei os abusos e arbítrios que acontecem no Supremo", disse o ex-procurador ao ser questionado pela Folha sobre a reação da plateia.

"Eu entendo sim que existe hoje um grande preconceito de natureza religiosa contra a expressão da fé no ambiente público. É um preconceito secularizante de uma perspectiva humanista que exclui a fé, mas ao mesmo tempo aceita todas as ideologias, liberalismo, socialismo, comunismo, conservadorismo, todas as ideologias que têm por base, em última análise, a fé", afirmou.

Além de criticar a mistura de fé e religião, Vieira também disse no evento que o Brasil não precisa de "heróis e xerifes" no combate à corrupção.

"Corrupção não é ideológica. Nos últimos anos se permitiu uma narrativa que atribuiu a um partido específico a primazia da corrupção", afirmou. "Enquanto eu imagino que existe algum mega inimigo coordenando isso, quando eu demonizo algum setor da sociedade e tento canalizar a crítica, eu estou me afastando da solução", afirmou ao lado de Deltan.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.