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Bolsonaro banca Nunes e desautoriza aliados do PL a atuarem por Pablo Marçal

Ex-presidente esteve na Prefeitura de São Paulo em almoço nesta sexta-feira, ao lado do governador Tarcísio de Freitas

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São Paulo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu nesta sexta-feira (14) que deve fechar as portas de seu partido para conversas com Pablo Marçal (PRTB).

Após almoço com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), ao lado de seu indicado para a vice, o coronel Mello Araújo, ele reafirmou seu apoio ao emedebista.

Rafaela Araújo/Folhapress
Jair Bolsonaro abraça o prefeito Ricardo Nunes e entrega a medalha "imorrível, imbrochável e incomível", em São Paulo, nesta sexta (14) - Rafaela Araújo/Folhapress

A fala aconteceu após pergunta sobre encontro na Assembleia Legislativa de São Paulo entre deputados estaduais do PL e Marçal. "Mais quem?", questionou o ex-presidente, após ser citado o nome de uma deputada que estaria presente.

Bolsonaro então afirmou que, apesar de estar impedido pela Justiça de falar com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, fará chegar a ele que o partido deve ficar unido.

Questionado se não se incomoda de um eventual uso de seu nome para que Marçal ganhe votos, ele disse que espera que seu nome seja usado por candidatos apoiados de seu partido ou apoiados por ele.

"Eu não tenho como impedir isso daí, o Pablo Marçal me criticava muito até 2022. E quando ele perdeu a oportunidade de disputar a presidência, passou a me apoiar, esteve comigo algumas vezes", disse.

Ele afirmou ter tido conversa com Marçal, que tem procurado muita gente. "Eu não vou impedir de conversar com ele, agora, apoio em si vamos estar alinhados", disse, dando a entender que o alinhamento se refere a Nunes.

Ao fim do encontro, ele ainda deu uma medalha de "imorrível, incomível e imbrochável" ao prefeito e disse que a aliança com ele está em fase de noivado.

Nesta sexta-feira, ao lado de Bolsonaro, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do coronel da reserva Mello Araújo, esse último indicado por eles para sua vice, Nunes afirmou que se reunirá com os partidos de sua coligação na próxima semana para sacramentar o escolhido para o posto.

Nunes disse que há "argumentos fortes" a favor do coronel da reserva.

Os quatro almoçaram na sede da prefeitura, sinalizando que Mello Araújo é o favorito para a vice de Nunes, que disputará a reeleição. Nos bastidores, o entorno da pré-campanha já reconhecia ao longo da semana que, com a pressão de Bolsonaro e Tarcísio, o ex-coronel havia se firmado como o principal nome.

Depois do encontro, os quatro falaram juntos à imprensa e Nunes afirmou que existe uma posição "muito forte" em torno de Mello Araújo. "Apoio do Bolsonaro, do Tarcísio, o maior partido. O Tarcísio possivelmente deve trazer o Republicanos nesse apoio. São argumentos fortes."

Havia a expectativa no meio político que o prefeito anunciasse a indicação após o almoço.

Ele afirmou, porém, que ainda é necessário conversar com os demais partidos da coligação. "Não teria sentido fazer uma imposição sem um diálogo, sem escutar deles e poder entender o por que das indicações, quais são os argumentos", disse.

Marçal despontou bem colocado na última pesquisa Datafolha —a depender do cenário, entre 7% e 9%. O coach, que evita rótulos entre esquerda e direita, diz ter crenças parecidas com Bolsonaro, de quem buscou o apoio, e se declara conservador.

Ele chegou a dizer que não havia chance de Bolsonaro apoiar Nunes e que a pré-candidatura do prefeito estava desidratando. Depois, voltou atrás e afirmou que não espera ajuda do ex-presidente e que se encontrou com ele apenas para buscar conselhos.

Formado em direito, Marçal se apresenta nas redes sociais como investidor, empresário e escritor —só no Instagram ele tem mais de 10 milhões de seguidores.

Essa não é a primeira vez que ele tenta entrar na política. Em maio de 2022, Marçal se lançou pré-candidato à Presidência da República pelo Pros, bancado pela antiga direção do partido que, como mostrou a Folha em reportagens, foi suspeita de ter tentado comprar decisões judiciais favoráveis.

Ao ver inviabilizada sua candidatura à Presidência, o coach passou a apoiar Jair Bolsonaro (PL) e se lançou a deputado federal, tendo obtido 243 mil votos. A direção do partido acabou sendo afastada e o Pros, sob novo comando, aderiu formalmente à campanha de Lula (PT).

Em 30 de outubro de 2022, o então ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Ricardo Lewandowski indeferiu o registro de candidatura do coach para a Câmara dos Deputados.

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