Descrição de chapéu pernambuco

João Campos exonera secretários cotados para a vice e reduz chances do PT

Exonerações acontecem por causa de prazo de desincompatibilização previsto na legislação eleitoral

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Recife

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), exonerou, na noite desta quarta-feira (5), dois secretários cotados para ocupar a vaga de vice da chapa na tentativa de reeleição em outubro.

Com a medida, Campos afunila o processo de escolha do nome para a vice e reduz as chances do PT de ocupar a vaga. Em abril, quatro secretários haviam se aliado a partidos da base do prefeito. Nesta quinta-feira (6) se encerra o prazo para a desincompatibilização dos cargos previsto na legislação eleitoral.

O presidente Lula (PT) durante anúncio de obras de contenção de encostas no Recife ao lado do prefeito João Campos (PSB) - Ricardo Stuckert - 5.abr.2024/Divulgação

Victor Marques (PC do B), favorito para a vice, deixou a chefia de gabinete do prefeito, cargo que tem status de secretário no município. A outra exonerada foi a secretária de Infraestrutura, Marília Dantas (MDB).

Marques tem perfil mais político, embora não tenha disputado mandatos. Ele é considerado o braço direito de Campos na prefeitura. Também é amigo do prefeito há anos e de extrema confiança dele. Ambos são engenheiros. O PC do B, partido ao qual Victor agora é filiado, foi vice de Geraldo Julio (PSB) na prefeitura de 2013 a 2020 e de Paulo Câmara (PSB) no governo de 2015 a 2022.

Marília Dantas comanda uma pasta com Orçamento de R$ 1 bilhão por ano e as obras com mais impacto na cidade, como encostas em morros, pontes e calçamento de ruas. Ela acumulava a função de secretária com o comando da Emlurb, estatal que cuida da limpeza urbana da cidade, função que também exerceu na gestão de Geraldo Julio. A presidência da empresa pública é um dos postos mais cobiçados pelos partidos políticos.

Ao articular a filiação de secretários a partidos da base governista em abril, Campos buscou fazer um contraponto ao PT, que continua com o pleito de indicar um nome para a vaga.

O prefeito não quer ceder a vaga a um nome petista, já que há possibilidade de ser candidato a governador nas eleições de 2026 em Pernambuco contra a governadora Raquel Lyra (PSDB). Nesse cenário, Campos quer deixar um nome da sua confiança no comando da capital pernambucana.

Nos bastidores, partidos aliados, com exceção do PT, não acreditam que a vice ficará com um nome petista.

Na legenda pessebista, a avaliação é que, se a vice ficasse com o PT —ainda que o PSB não acredite nisso —, Campos não seria candidato a governador em 2026, para não entregar o poder na capital aos petistas. O PSB considera que, se fizesse isso, o PT faria corpo mole na campanha eleitoral de 2026, podendo trabalhar pela derrota de Campos para Raquel.

A esperança dos petistas para conseguir a vice é uma eventual atuação do presidente Lula (PT), que se reuniu com os senadores pernambucanos Humberto Costa e Teresa Leitão, ambos do PT, na terça (4), no Palácio do Planalto.

De acordo com interlocutores de Humberto e Teresa, a reunião teve discussões sobre o cenário político e eleitoral no Recife. Os dois parlamentares reforçaram a vontade do PT do Recife de ter a vice de Campos. O presidente deverá ter uma conversa definitiva com o prefeito do Recife ainda no mês de junho.

O entorno do prefeito diz que, se Lula insistir, o chefe do Executivo municipal jamais diria não ao presidente, mas há dúvidas tanto no PT quanto no PSB se Lula estaria disposto a se mostrar irredutível no assunto.

O PT do Recife avalia que o PSB precisa fazer um gesto para o partido, já que os petistas abriram mão de candidaturas aos governos estaduais em 2018 e 2022 em prol de nomes do PSB.

Os petistas têm dois nomes como pré-candidatos à vaga: o assessor do Ministério das Relações Institucionais, Mozart Sales, e o deputado federal Carlos Veras (PE).

Mozart tem apoio da maioria no diretório municipal do partido no Recife, do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e da senadora Teresa, enquanto Veras é aliado de Costa.

Um fator que atrapalha o PT, reconhecido no próprio partido, é a divisão. Vendo o cenário ficar mais difícil, petistas intensificaram nos últimos dias conversas para tentar chegar a um nome de consenso.

Para a disputa da reeleição, Campos tem apoios garantidos de MDB, Republicanos, federação PT/PV/PC do B, Avante, Solidariedade e recentemente firmou aliança com a União Brasil, em troca de votos do PSB para a candidatura do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA) à presidência da Câmara dos Deputados. O prefeito ainda tenta obter o apoio do PDT.

Adversários

Nesta quinta (6), Raquel Lyra exonerou o ex-deputado federal Daniel Coelho (PSD) do cargo de secretário de Turismo de Pernambuco. Ele será adversário de Campos na disputa do Recife com apoio da chefe do Executivo estadual. Recém-filiado ao PSD, Daniel terá o apoio de Podemos, PP e da federação PSDB/Cidadania.

O campo bolsonarista terá como candidato o ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto.

O deputado federal Túlio Gadêlha (Rede) e a deputada estadual Dani Portela (PSOL) disputam a candidatura na federação entre os dois partidos. Dani tem a maioria no diretório em Pernambuco, mas Túlio articula para obter aval da direção nacional da federação para ser candidato. Caso se viabilize, o parlamentar deverá ter apoio do PDT.

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