O PT determinou a retirada da candidatura própria à Prefeitura de Maceió e definiu nesta segunda-feira (29) o apoio ao deputado federal emedebista Rafael Brito, candidato apoiado pelo governador Paulo Dantas, pelo senador Renan Calheiros e pelo ministro dos Transportes, Renan Filho —todos do MDB.
A decisão, tomada pelo diretório nacional do PT por 16 votos a favor e 2 contrários, anula a escolha do diretório municipal do partido, que havia definido o advogado e ex-vereador Ricardo Barbosa para a disputa. A candidatura já havia sido oficializada em convenção e teria Eliana Silva (PSOL) como vice.
No diretório nacional, contudo, houve um entendimento de que a candidatura de Barbosa não era competitiva e que a melhor estratégia seria uma composição com o MDB, partido da base aliada do governo Lula (PT).
Juntos, os partidos vão enfrentar o prefeito João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, que vai concorrer a um novo mandato.
"Vamos acatar a decisão da direção nacional, mesmo entendendo que o melhor para Maceió seria uma candidatura própria", afirma o presidente do diretório municipal do PT, Marcelo Nascimento.
Ele afirma que a decisão contraria o desejo da militância, que via a candidatura própria como fundamental para o crescimento do partido em Maceió.
A retirada da candidatura passa pela estratégia nacional do partido de fortalecer as alianças com partidos da base de sustentação do governo Lula. O PT vai concorrer com candidatos próprios em 14 capitais e vai apoiar partidos aliados em outras 12.
Além de Maceió, o PT vai apoiar o MDB em Salvador, com a candidatura do vice-governador Geraldo Júnior, e em Rio Branco, na aliança do ex-prefeito Marcus Alexandre.
A executiva municipal do PT de Maceió se reúne nesta terça-feira (30) para reavaliar a estratégia e decidir se vai pleitear o posto de vice na chapa liderada por Rafael Brito. Uma parte do PT defende que o partido se concentre em ampliar a bancada na Câmara Municipal, onde tem atualmente dois vereadores.
PT e MDB têm uma aliança em Alagoas que se consolidou nas três últimas eleições estaduais, com apoio dos petistas a Renan Filho em 2014 e 2018 e a Paulo Dantas em 2022.
Em Maceió, contudo, os partidos adotavam caminhos distintos. O PT teve candidatos próprios nas eleições de 2016 e 2020, com um desempenho que ficou aquém das expectativas.
Em 2016, o candidato foi o deputado federal Paulão, que ficou em quinto lugar com 2,4% dos votos. Quatro anos depois, o partido concorreu com Ricardo Barbosa, que ficou com 2,3%.
Neste ano, a eleição em Maceió caminha para replicar o cenário de polarização nacional, opondo um aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um candidato tem o aval do presidente Lula.
Rafael Brito é um nome umbilicalmente ligado ao ministro Renan Filho. Foi secretário estadual da Educação e também ocupou a pasta de Desenvolvimento Econômico no segundo mandato de Renan como governador de Alagoas, de 2019 a 2022.
Com a consolidação da aliança com o PT, o deputado vai para a disputa com uma aliança ampla, que inclui o apoio do presidente, do governador Paulo Dantas e de ex-prefeitos como Rui Palmeira (PSD) e Ronaldo Lessa (PDT).
O prefeito JHC, por sua vez, é considerado favorito na disputa e tem como um dos trunfos o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e de Bolsonaro. Em 2022, Maceió foi a única capital do Nordeste em que o ex-presidente teve mais votos que Lula no primeiro e no segundo turno.
A convenção que oficializa sua candidatura será realizada na próxima quinta-feira (1º) e deve ter como vice o senador Rodrigo Cunha (Podemos). O posto é cobiçado porque JHC é apontado como potencial candidato a governador em 2026, quando deve concorrer tendo Lira como candidato ao Senado.
Ainda disputam a eleição local o ex-deputado estadual Lobão (Solidariedade) e a jornalista Lenilda Luna (UP). Com a decisão do PT de sair da disputa, o PSOL também pode ter candidatura própria na capital alagoana.
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