Congresso pode ficar viciado com emendas milionárias, diz Lula

Presidente volta a criticar controle do orçamento pelo Legislativo e diz que 'não é correto' ter emenda secreta

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Brasília

O presidente Lula (PT) voltou a criticar nesta sexta-feira (16) o controle do Congresso sobre o orçamento federal, acrescentando que os altos valores das emendas parlamentares podem "tornar a pessoa viciada".

Lula também afirmou que é a favor do mecanismo de emendas, mas ponderou que elas não podem ser secretas e disse que o atual momento é uma oportunidade para negociar e encontrar uma solução para a disputa.

"Se o cidadão tem o direito de ter uma emenda de R$ 30 milhões, de R$ 40 milhões, de R$ 50 milhões, diz que tem comissão, que o presidente da comissão tem direito a R$ 300 milhões, R$ 400 milhões. Isso pode tornar a pessoa viciada e não querer abrir mão disso", afirmou o presidente.

O presidente Lula durante evento no Planalto

Lula concedeu entrevista para a Rádio Gaúcha. O presidente está em viagem ao Rio Grande do Sul para o lançamento de programas e inauguração de obras.

O presidente foi questionado sobre as emendas secretas e sobre o volume de recursos nas mãos dos parlamentares. Disse que não há uma "briga eterna" com o Congresso Nacional e que o momento atual é uma oportunidade para negociar uma solução "justa".

O mandatário também culpou o que chamou de "desgovernança" do seu antecessor Jair Bolsonaro (PL), que abriu mão da execução do orçamento em detrimento do Congresso Nacional.

"O que não é correto é o Congresso, sabe, ter emenda secreta. [A emenda] não pode ser secreta. Por que alguém apresenta emenda e não quer que seja publicizada, se é feita para ganhar apoio político? Então ele deveria ter o direito de publicizar".

Lula já havia chamado de "loucura" o volume de recursos nas mãos do Congresso Nacional, nesta quinta-feira (15).

"Emenda impositiva significa que o deputado pode ser contra ou a favor e tem mesmo direito. Se ele passar o dia inteiro no microfone me xingando, se ele passar o dia inteiro votando contra as coisas do governo, vai receber do mesmo jeito. Isso foi o começo de uma loucura que aconteceu neste país, o Congresso hoje tem metade do orçamento que o governo tem", disse.

Nesta sexta-feira (16), o Supremo Tribunal Federal formou maioria pela manutenção da decisão do ministro Flávio Dino que suspendeu as emendas impositivas apresentadas por deputados e senadores.

O colegiado vota o tema por meio de sessão virtual, aberta desde a meia-noite. No início da madrugada, o ministro André Mendonça votou acompanhando o relator. Pela manhã, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli também votaram no mesmo sentido.

As emendas são uma forma pela qual deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais e, com isso, ampliar seu capital político. A prioridade do Congresso, porém, é atender seus redutos eleitorais, e não as localidades de maior demanda no país.

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