Leitores consideram novo formato da Folha prático e inovador

Público do impresso consultado pelo Datafolha vence estranhamento inicial e se pergunta o porquê de o jornal não ter mudado antes

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São Paulo

"Único", "prático", "gordinho", "compacto", "resume", "fofo". Estas foram algumas das definições dadas por leitores da Folha para o novo formato berliner do jornal impresso, que começa a ser adotado no próximo dia 1º de setembro. É a primeira vez na história da Folha que o jornal adota um formato diferente do tradicional standard, usado desde a sua fundação, em 1921.

O jornal promoveu, no último dia 23, uma pesquisa qualitativa coordenada pelo Datafolha com um grupo de assinantes do impresso. Homens e mulheres, com mais de 40 anos, moradores da cidade de São Paulo, foram questionados sobre os seus hábitos de leitura de notícias. Todos são assinantes da Folha há pelo menos seis meses –alguns o são por décadas, desde a infância.

Ao serem apresentados ao formato berliner, houve um estranhamento inicial. "É difícil de se achar"; "Parece que tem menos conteúdo"; "Será que a Folha quer economizar papel?" –estes foram alguns dos comentários iniciais.

A imagem mostra um grupo de seis pessoas sentadas ao redor de uma mesa retangular. Cada pessoa está segurando jornais abertos e parece estar lendo. A mesa está coberta com mais jornais e alguns materiais de escritório. O ambiente é bem iluminado e possui paredes claras. As pessoas estão concentradas em suas leituras.
Assinantes da Folha analisam o novo formato do jornal, na versão berliner. - Bruno Santos/Folhapress

Mas ao fazerem uma leitura mais atenta, perceberam que o novo formato trazia benefícios. "Agora o conteúdo está mais bem distribuído, não senti falta de nada"; "O espaço dos colunistas ficou melhor"; "Consigo passear pelas diversas editorias, antes ia direto para a minha preferida"; "Ficou mais prático, dá para ler no avião ou no transporte público" foram alguns dos comentários mais comuns.

Uma das grandes vantagens apontadas, além do formato ergonômico, foi a textura do papel e o fato de a tinta não sujar mais os dedos.

Paula Aparecida dos Santos, 61, que trabalha como writer para chatbot –ou "professora de robôs", como ela mesma define–, afirmou que o novo formato da Folha vai deixá-la menos "ansiosa". "Agora com este tamanho não vou me deparar com uma página enorme para ler, era muita informação em uma página só e eu não tinha tempo para ver tudo", afirma. "Poderia ter mudado antes, é mais moderno."

O advogado Fábio Miranda Maia, 53, que lê o jornal à noite, também acha que o novo formato vai permitir que ele acompanhe mais notícias. "A gente perde muita coisa na correria do dia, e à noite, em casa, posso me aprofundar nos assuntos."

Para o comerciante Paulo Henrique Taietta Domingu, 50, o formato vai ajudá-lo a compartilhar melhor o conteúdo com a mãe, de 86 anos. "Ela lê a Folha todinha e nós sempre conversamos sobre as notícias do dia no fim da tarde", diz ele, que começou lendo o jornal ainda criança, com a Folhinha. "Ler a Folha é como um vício: se eu não leio, não consigo sair de casa", diz ele, que elogia a postura editorial do jornal. "A Folha é muito crítica, consegue se manter neutra. Não tem visão à direita ou à esquerda. Isso me ajuda a formar a minha própria opinião", diz.

MAIS CONTEÚDO, COM SUPLEMENTOS DIÁRIOS

Os leitores entrevistados apoiaram a nova versão do jornal, com a oferta de mais conteúdo a partir dos suplementos diários: FolhaInvest às segundas, Veículos às terças, Equilíbrio às quartas, Turismo às quintas, o retorno do Guia Folha como um caderno à parte, junto com Comida, às sextas, a Folhinha aos sábados, em uma edição mensal, e a Ilustríssima se mantendo aos domingos.

"O jornal é para compartilhar com a família, na mesa do café da manhã", diz a psicóloga Daniele Breyton, 58, que não aprecia acompanhar notícias pela internet. "É um bombardeio", diz. "Com o jornal, você dá o ritmo, faz a leitura no seu tempo."

O consultor Cristiano Euler de Menezes, 48, também não é fã de internet e prefere o impresso. "O que funciona para mim é o papel, ainda não achei um substituto à altura", diz ele, que, no entanto, se sente um pouco "velho" por ser o único da casa que aprecia o impresso. "Mas eu gosto do layout, de olhar as notícias todas ao mesmo tempo, de ter essa curadoria do que é o mais importante do dia."

Já o consultor financeiro Roberto Cesar Lobos, 64, tem o aplicativo do jornal e até dá uma olhada nas notificações ao longo do dia. "Mas ainda assim gosto do impresso", afirma.

O médico aposentado Alberto Kanamura, 74, diz que o jornal serve melhor do que outras mídias tradicionais, como o rádio e a TV, para aprofundar um assunto. "Uma coisa é você saber da notícia. Outra coisa é o comentário por trás da notícia", diz ele, que faz uma primeira leitura de meia hora durante a manhã e guarda a edição para ler com mais calma à tarde.

Para a advogada Ana Lúcia Pires Dias, 58, o novo formato agradou especialmente pela nitidez da fotografia. "Está mais bonito", diz ela, que, por conta da profissão, está acostumada a uma leitura "dinâmica". "Eu leio o jornal inteiro, sempre do fim para o começo", afirma.

Na opinião do engenheiro Ciro de Morais Ferreira, 52, acompanhar o jornal impresso é algo que remete à sua "raiz". "É manter uma tradição", diz. A psicóloga Cristiane Barros, 56, concorda: "Tem diferença no toque, no cheiro, é como se fosse um livro, algo que traz aconchego."

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