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Rito matrimonial se diversifica em São Paulo
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BÁRBARA LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Brasil já foi mais católico. Segundo dados do IBGE, nos anos 1950 essa religião era declarada por 90% dos brasileiros enquanto hoje arrebanha 68% da população. Um dos reflexos dessa diminuição é a busca dos noivos por outras opções na hora do rito matrimonial -inclusive aquelas que não envolvem nenhum sacerdote.
Arquivo Pessoal |
Os educadores físicos Fernanda Miasiaro e Alexandre Luzzi se casaram em uma cerimônia budista com a monja Coen |
Apesar de continuar como o mais comum, o casamento católico nem sempre é missão fácil em São Paulo. Igrejas famosas, como o Mosteiro de São Bento e a Nossa Senhora do Brasil, têm espera de mais de um ano. Além disso, as autoridades católicas são rígidas em relação à celebração. Como é considerado um sacramento, o casamento deve ser realizado no templo e os padres não têm autorização para fazer a cerimônia em sítios e salões de festa.
Veja galeria de fotos com casamentos em várias religiões
Para realizar o sonho dela de casar no sítio da família e também satisfazer o pai católico, a relações-públicas Ana Rosa Nalini, 31, decidiu fazer dois casamentos em datas diferentes: um na igreja, apenas na presença dos pais e irmãos, e outro no sítio, com todos os convidados. "Somente dessa forma, o padre, amigo da família, concordou em conceder uma bênção também no dia da festa", conta ela.
A amizade com um religioso também motivou a chef de cozinha Morena Leite, 31. Apesar de ter crescido em Trancoso (BA) e sempre ter sonhado em casar na igrejinha do vilarejo, ela e o marido, o publicitário Caio Monteiro da Silva, 48, decidiram que a cerimônia deveria ser comandada pelo babalorixá Paulo de Oyá, amigo de ambos. "Era uma noite de lua cheia, foi um ritual lindo", conta Morena.
Os educadores físicos Fernanda Miasiro, 30, e Alexandre Luzzi, 36, se casaram numa religião que não era a deles: o budismo. Escolheram a monja Coen e, entre 2009 e 2010, assistiram a palestras no templo. "Durante um ano eu e o meu marido escrevemos juntos uma carta. A leitura foi o momento mais especial da cerimônia."
Arquivo pessoal | ||
O casal Roberta Zeiger e Roberto Spagnuolo Filho fizeram uma cerimônia de casamento com um padre e um rabino |
A fim de conciliar diferenças, os publicitários Roberta Zeiger, 29, e Roberto Spagnuolo Filho, 32, optaram por um ritual ecumênico. Como ela é judia e ele, católico, a cerimônia foi celebrada por um padre e um rabino com um mix de tradições. "Ele quebrou o copo, que é uma passagem judaica. E, na hora de colocar a aliança, tocou a Ave Maria", conta Roberta.
Por falta de identidade com uma religião específica ou mesmo por indecisão, há quem escolha um rito de passagem laico. "Para levar em conta as tradições de nossas famílias juntaríamos pelo menos três religiões", explica a socióloga Maíra Machado, 31. Ela e o advogado Daniel Bianchi, 33, decidiram fazer um ritual sem relação com igrejas. "Nossos padrinhos fizeram um discurso sobre nossa história juntos", conta Daniel.
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