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SP ganha centro de documentação e pesquisa sobre Brecheret
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MARIANNE PIEMONTE
DE SÃO PAULO
Foram bonecos de barro, pequenos animais feitos com a terra do jardim de um dos casarões da região da avenida Rebouças, as primeiras esculturas do paulistano Victor Brecheret (1894-1955). Ele tinha cinco anos, e a Rebouças só seria inaugurada em 1916. Aos 13, depois de um estágio numa sapataria no centro da cidade, seus professores no Liceu de Artes e Ofício, onde hoje funciona a Pinacoteca do Estado, o mandaram para a Itália.
Maria do Carmo/Folhapress |
Estátua de Duque de Caxias, na praça Princesa Isabel (centro paulistano), é um dos exemplos do trabalho de Brecheret |
Depois de longos anos na Europa, Brecheret tornou-se um dos principais nomes da escultura no mundo, tão importante quanto mestres como o inglês Henry Moore ou o francês Auguste Rodin. Sua trajetória de vida se confunde com a história de São Paulo.
Para homenagear e perpetuar essa história, a filha do escultor, Sandra Brecheret, 64, entrega à cidade um centro de pesquisa e documentação sobre escultura que leva o nome de seu pai: Fundação Escultor Victor Brecheret (visitas devem ser agendadas pelo e-mail brecheret@terra.com.br). "A obra de papai é do mundo. Recentemente, um colecionador russo comprou peças dele em Paris", diz. "Mas, como não tive filhos, tudo isso vai ficar de presente para a cidade onde ele nasceu e morreu, São Paulo."
A casa que abriga a fundação é um casarão de 1936, no Jardim Europa. Foi construído pelo russo Gregori Warchavchik (1896-1972), um dos primeiros arquitetos modernistas no Brasil, amigo e colega de trabalho de Victor Brecheret.
No jardim em que Sandra corria quando criança hoje estão as esculturas "Vendedora de Frutas" e "Portadora de Perfume". Há uma réplica da segunda no jardim da Pinacoteca do Estado. A sala, onde aconteciam as recepções que reuniam figuras como os pintores Cândido Portinari e Lasar Segall, o paisagista Roberto Burle Marx e o arquiteto Rino Levi, foi tomada por outras peças. São esculturas, fotos, esboços e bilhetes. "Nós não podíamos participar, papai era muito rígido", diz. Outra figura bem vívida na memória de Sandra é Tarsila do Amaral, autora da mundialmente conhecida "Abaporu". "Foi ela quem me ensinou a andar a cavalo, numa fazenda de café, no interior de São Paulo", conta.
Rogério Assis |
Sandra Brecheret, filha do escultor, com reproduções de obras de seu pai; artista ganha espaço em seu tributo |
Passar os olhos por aquelas paredes é como observar a linha do tempo da história da arte moderna em São Paulo. Mas naquela época, Sandra, ainda menina, não tinha essa percepção. "Para mim, meu pai era um criador de grandes bonecos", diz. Era assim que ela enxergava o trabalho do pai, num barracão em frente ao parque Ibirapuera. Hoje, esses "grandes bonecos" formam o principal cartão-postal da cidade, o "Monumento às Bandeiras", concluído em 1954.
Outra lembrança que faz os olhos de Sandra sorrirem são os jardins do Clube de Golfe São Francisco, em Osasco. Naquele gramado, enquanto ela brincava, Ciccillo Matarazzo, o criador da primeira Bienal de São Paulo, tentava ensinar Brecheret a jogar golfe. "Papai resmungava muito porque não gostava de nada que lhe tirasse foco de suas esculturas", diz.
Veja dez endereços onde é possível apreciar esculturas do paulistano Victor Brecheret (1894-1955):
1. Banho de Sol - Largo do Arouche
2. Fauno - Parque Siqueira Campos (antigo Trianon)
3. Portadora de Perfume - Jardim da Luz - Pinacoteca
4. Duque de Caxias - Praça Princesa Isabel
5. Graça I, Graça II - Galeria Prestes Maia
6. Monumento Às Bandeiras - Parque do Ibirapuera
7. Diana Caçadora - Teatro Municipal
8. Eva (em mármore) - Centro Cultural São Paulo
9. Índio e a Suassupara (obra vencedora da primeira edição da Bienal de São Paulo, em 1951) - MAC, Museu de Arte Contemporânea da USP
10. Fachada do Jockey Club
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