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Escolas públicas derrubam paredes e abrem seus prédios para o espaço público

Rede estadual de ensino em São Paulo atualiza sua arquitetura com economia de recursos

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Ao fundo, Escola Estadual União de Vilanova, projetada pelo escritório H+F, na zona leste de São Paulo, na época de sua inauguração, em 2005

Ao fundo, Escola Estadual União de Vilanova, projetada pelo escritório H+F, na zona leste de São Paulo, na época de sua inauguração, em 2005 Nelson Kon/Divulgação

São Paulo

Para acolher bem os alunos e estimular o aprendizado, uma escola deve levar em conta nove aspectos em sua arquitetura, de ventilação natural a espaços flexíveis, segundo pesquisa do Instituto Real de Arquitetos Britânicos (Riba, na sigla em inglês).

No estudo de 2016, intitulado "Better Spaces for Learning" (espaços melhores para o aprendizado), a entidade busca apontar caminhos para a resolução de um problema de escala mundial: como construir bons colégios públicos com poucos recursos?

Duas iniciativas em São Paulo conseguiram respostas.

Uma delas, da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), braço da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo responsável por obras e reformas, usa, desde 2003, estruturas pré-fabricadas (lajes e vigas) nas escolas.

Isso garante economia, agilidade nas obras e durabilidade do esqueleto dos edifícios, já que esse tipo de estrutura sai da indústria com selos que atestam a sua qualidade.

Mas o maior impacto no cotidiano dos alunos vem de diretrizes que os projetos precisam respeitar, como iluminação e ventilação naturais e integração com o espaço em volta, dando ao prédio caráter de equipamento público de fato.

Por se tratar de um programa do Estado, "há disponibilidade econômica e política de construir equipamentos que 95% das escolas particulares não têm", de acordo com o arquiteto Pablo Hereñú, do escritório H+F, que projetou cinco escolas para a fundação.

A grande maioria da rede privada realiza suas atividades em edifícios adaptados, acrescenta, com exceção dos colégios destinados para ricos.

Pablo destaca a "generosidade" dos edifícios do programa em relação à cidade. Nos projetos, chama a atenção a ausência de muros altos, a presença de espaços vazios, para circulação, e de elementos vazados nas fachadas, que conectam com o exterior.

"Com o uso de muros e de arame farpado, a arquitetura comunica o medo. Se o prédio me agride, eu agrido de volta", diz o arquiteto. O resultado são "vandalismo, depredação e roubo". Os estudantes não se apropriam do colégio.

"Se a escola acolhe melhor os seus alunos, há uma redução nesse tipo de conflito."

Cerca de 200 escolas no estado foram construídas nesse modelo, de acordo com Avany de Francisco Ferreira, gerente de desenvolvimento da edificação da fundação e uma das responsáveis pelo projeto. Atualmente, a demanda por novos edifícios é menor.

Diversos projetos ganharam prêmios no Brasil e no exterior. Em 2006, oito deles foram expostos na Bienal de Veneza.

A maioria fica em áreas periféricas, sendo frequentada por alunos que vivem em condições precárias. A escola, assim, ganha ainda mais importância.

"É um dos poucos momentos em que eles têm acesso a construções que superam a escala doméstica", diz Pablo. 

Os espaços acabam criando situações de liberdade e de convívio, segundo a arquiteta Fernanda Barbara, sócia e fundadora do Una Arquitetos. Ela projetou um colégio dentro de um conjunto habitacional em Campinas (a 93 km da capital paulista).

"Sentir-se bem é a condição essencial para que o aprendizado também tenha a conotação de poder que deve ter."

Na Escola Municipal Desembargador Amorim Lima, localizada na Vila Gomes (zona oeste de São Paulo), grandes salões foram criados com a derrubada de paredes. O intuito era estimular a convivência e a troca de conhecimento entre alunos e professores de diferentes anos, conta a diretora, Ana Elisa Siqueira.

Os espaços, onde não há aulas expositivas, são flexíveis e podem ser configurados de acordo com as necessidades.

"Todos são lugares de trabalho. Isso ajuda o estudante a entender que a escola é muito mais do que uma sala de aula", afirma Ana Elisa.

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