Descrição de chapéu Por que ir ao espaço

Voos privados vão aumentar interesse das pessoas pelo espaço, diz astronauta que pisou na Lua

Charles Duke abriu seminário promovido pela Folha

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São Paulo

O astronauta Charles Duke, 85, viveu o sonho de muitas crianças e se tornou a pessoa mais jovem a pisar na Lua, com 36 anos, durante a missão Apollo 16, em 1972.

Questionado se a experiência o transformou, ele dá uma resposta pragmática de quem, antes de entrar na Nasa, foi formado na Academia Naval americana e atuou como piloto de caça da Força Aérea.

“Eu estava tão focado no lado técnico, para ter certeza de que fazia tudo certo, que não foi uma experiência filosófica ou espiritual”, disse o americano, que participou da abertura do seminário Por Que Ir ao Espaço?, promovido pela Folha na quinta-feira (26), com patrocínio da Embratel.

Prestes a completar 86 anos, Duke disse que não se sentiu “um estranho num lugar estranho” quando estava na Lua, só extasiado. “Digo que foi uma aventura empolgante.”​

Quase meio século depois, o astronauta nascido na Carolina do Norte parece animado com a iniciativa de voos privados ao espaço e diz que a novidade pode estimular o interesse das pessoas para o que há além da órbita terrestre.

Neste ano, a exploração do espaço voltou a ser tema de discussões, após os bilionários Richard Branson e Jeff Bezos terem feito voos no limite da fronteira terrestre.

Mas a viagem ainda é inacessível para a maioria dos terráqueos. As primeiras passagens vendidas pela Virgin Galactic, de Branson, custam entre US$ 200 mil e US$ 250 mil (R$ 1 milhão e R$1,3 milhão). Embora a Blue Origin, do criador da Amazon, não tenha anunciado preços, um assento no primeiro voo tripulado foi leiloado por US$ 28 milhões.

Duke diz acreditar que os preços vão baixar e que pessoas comuns poderão ter a experiência que até agora poucos tiveram. “Isso vai mudar a perspectiva das pessoas em relação ao nosso planeta.”


Veja, abaixo, a transmissão do debate


uke foi selecionado pela Nasa em 1966. Antes de ser escolhido como piloto do módulo lunar Apollo 16, ele foi o responsável pelo contato com os astronautas no controle da missão durante o pouso da Apollo 11, em 20 de julho de 1969, e chegou a ser cotado para a Apollo 13, mas foi afastado por ter pegado catapora. “Fiquei muito decepcionado.”

Da Terra, ele participou do lançamento, mas, 55 horas depois, um dos tanques de oxigênio explodiu, e Duke foi chamado às pressas para o controle da missão que quase acabou em tragédia. “Ficamos 35 horas trabalhando para trazê-los de volta com segurança.”

A última vez que o homem pisou na Lua foi em dezembro de 1972, com a Apollo 17, a sexta missão tripulada do projeto. Agora, a Nasa está mais uma vez com olhos na Lua, com o programa Artemis.
Agora, o homem deve poder ficar até duas ou três semanas no satélite —não dias, como na época de Duke.

O astronauta foi consultor do veículo lunar que está sendo desenvolvido. “Poderemos trilhar centenas de quilômetros com esse veículo, uma distância duas ou três vezes maior do que conseguimos antes. Vamos começar a explorar a região do polo sul, ver se há água, sinal de vida antiga.”

Se a história de Duke fez com que crianças sonhassem em ser astronautas, ele foi inspirado por veteranos da Segunda Guerra. “Tenho um irmão gêmeo, nascemos em 1935, nos lembramos de Pearl Harbor. Meu pai entrou para a Marinha naquela época.”

No ensino médio tomou a decisão de servir seu país, como seu pai. “Era o começo da época dos jatos, eu via-os cortando os céus e pensava ‘seria bacana fazer isso’.” Anos depois, seria o jato de seu foguete em direção ao espaço.

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