CES 2019 premia e depois proíbe vibrador feito por mulheres

Feira de tecnologia afirmou que proibia inscrições consideradas imorais

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Helton Simões Gomes
São Paulo | do UOL

Maior feira de eletrônicos do mundo, a CES (Consumer Electronics Show, de Las Vegas) é ano a ano palco das maiores evoluções eletrônicas, inclusive daquelas voltadas para a hora do sexo. Isso faz com que TVs de última geração e inovações que mudam sua vida doméstica dividam espaço com vibradores conectados e até robôs criados para servirem como brinquedinhos sexuais.

A organização do evento, realizado em Las Vegas, nos Estados Unidos, contrariou sua tradição em 2019 e protagonizou um papelão: deu um prêmio de inovação tecnológica a um "dildo", mas depois voltou atrás e retirou a homenagem. Não contente, proibiu o aparelho de ser exposto, argumentando que não dava espaço a aparelhos "imorais, obscenos, indecentes ou profanos". A fabricante Lora DiCarlo, empresa conduzida apenas por engenheiras, reclamou e classificou a decisão de machista.

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Lora Haddock, fundadora e CEO do Lora DiCarlo - AFP

A empreendedora diz ainda que o vibrador pode "se ajustar à fisiologia única de cada corpo para se encaixar da forma certa, de modo que atinja os pontos certos, deixando as mãos livres para serem melhor usadas".

A organizadora da CES, a Associação de Tecnologia para Consumo (CTA, na sigla em inglês), concordou com isso. Tanto é que deu ao aparelho o Prêmio Honorário para produtos de robótica ou drones.
"Meu time regozijou e celebrou", disse Haddock. Mas a alegria, que chegou em outubro de 2018, durou pouco:   

"Um mês depois nossa excitação e preparações foram podadas quando nós fomos inesperadamente informações que os administradores da CES e da CTA estavam rescindindo nosso prêmio e, subsequentemente, que nós não seríamos permitidos para lançar ou exibir o Osé na CES 2019".

O argumento dado pela CTA foi o seguinte:

"Serão desqualificadas as inscrições consideradas pela CTA, a seu exclusivo critério, como imorais, obscenas, indecentes, profanas ou não, de acordo com a imagem da CTA. A CTA reserva-se o direito, a seu exclusivo critério, de desqualificar qualquer inscrição a qualquer momento que, na opinião da CTA, coloque em risco a segurança ou o bem-estar de qualquer pessoa, ou não cumpra estas regras oficiais.

Segundo  Sarah Brown, gerente de comunicações de eventos da CTA, a associação comunicou sua posição à Lora DiCarlo e se desculpou pelo erro.

A declaração, no entanto, é contraditória ao que a organização da CES já admitiu em seus salões no passado. Em 2017, a organização liberou a exibição de realidade virtual para a indústria pornográfica. No ano passado, um robô sexual direcionado a homens foi outra novidade a ser apresentada na feira.

"Parece que a administração da CES/CTA aplica as regras para companhias e produtos com base no gênero de seus consumidores. A sexualidade de homens é permitida e pode ser explicitada com um robô sexual na forma de uma mulher com proporções não realistas e realidade virtual pornô. A sexualidade feminina, por outro lado, é pesadamente silenciada, quando não banida", afirmou  Haddock. 

Haddock não está totalmente correta, já que a CES permitiu a exposição de outros brinquedinhos sexuais voltados ao público feminino.

O OhMiBod, um vibrador que vibrava no ritmo da música tocada no iPod da usuária, foi premiado na CES de 2016 na categoria saúde digital e fitness.

Com ou sem CES, a Lora DiCarlo pretende lançar o Osé no terceiro trimestre deste ano.  

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