Descrição de chapéu Mobile World Congress

Governos querem usar 5G para ganhar dinheiro, critica chefe da Telefónica

Setor de telecomunicações deve ter faturamento mais estreito nos próximos anos

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José María Álvarez-Pallete López, executivo-chefe da Telefónica, fala na abertura da Mobile World Congress (MWC) em Barcelona
José María Álvarez-Pallete López, executivo-chefe da Telefónica, fala na abertura da Mobile World Congress (MWC) em Barcelona - Lluis Gene/AFP
Barcelona

O executivo-chefe da Telefónica, José María Álvarez-Pallete López, criticou a abordagem de governos em relação à regulação de redes telefônicas para a adoção do 5G. López fez o discurso de abertura do Mobile World Congress (MWC), principal evento do setor de telecomunicações, que ocorre nesta semana em Barcelona.

“Os governos estão usando o 5G para ganhar dinheiro a curto prazo em vez de impulsionar a transformação digital que a sociedade e a economia exigem”, afirmou. “Por que temos que adquirir o mesmo espectro repetidamente?”

Mats Granryd, diretor geral da GSMA, entidade que congrega as teles, fez coro a López na sequência. “Peço aos governos que não sejam gananciosos a curto prazo”, disse o executivo que também pediu menos burocracia e regras harmônicas internacionalmente para o tratamento de dados pessoais e privacidade.

A executiva-chefe da singapuriana Singtel, Chua Sock Koong, expressou a preocupação do setor com uma expectativa de diminuição do crescimento das teles de 5% ao ano para 1% em 2025, enquanto o volume de dados que passa pela infraestrutura dessas empresas deve quadruplicar no período. Parte desse estreitamento se deve aos custos de implementação de redes 5G, que permitirá conexões de dados mais rápidas e prontas para um mundo digital mais conectado. A adoção em massa do modelo, no entanto, ainda deve demorar.

Estudo divulgado pela GSMA nesta segunda-feira (25) aponta a expectativa de que 15% das redes mundiais funcionem em 5G até 2025. Segundo o relatório, 16 países vão passar a adotar redes comerciais da tecnologia em 2019, seguindo os lançamentos nos EUA e na Coréia do Sul, no ano passado.

A expectativa é que o 5G comece a chegar ao Brasil em 2021. A adoção em massa, no entanto, deve ser lenta devido a desafios técnicos --assim como no resto do mundo.

O 5G é um dos principais assuntos do MWC deste ano, como foi em edições anteriores. A GSMA destaca que, pela primeira vez, fazem um evento com progressos mais palpáveis em relação a essa tecnologia e com os primeiros dispositivos com suporte a ela sendo lançados.

Relatório da consultoria Opensignal, especializada no mapeamento de cobertura de telefonia, publicado na última quarta-feira (20) aponta que o 5G deve resolver problemas de congestionamento nas redes de 4G atuais.O estudo analisou 77 países, entre eles o Brasil, e apontou que a velocidade média de download oscila de 5,8 mbps para 31,2 mbps entre os períodos mais e menos congestionados, respectivamente.

A maioria dos países tem a internet mais lenta entre 21h e 23h. No Brasil, esse período é das 20h às 21h, com velocidades de 16,4 mbps. Nos horários mais rápidos, a velocidade chega a 28 mbps. 

De acordo com a Opensignal, o 5G pode oferecer, além de um ganho em velocidade, maior capacidade para dispositivos conectados simultaneamente.

Essa necessidade ganha importância quando se pensa na sociedade que as empresas de tecnologia esperam para um futuro não muito distante: com cada vez mais objetos ligadas à internet. Além de celulares e computadores, a chamada internet das coisas (IoT) conecta mais itens à rede, entre eles eletrodomésticos, carros e equipamento industrial.

A expectativa da GSMA é o que o número de dispositivos IoT triplique até 2025, chegando 25 bilhões ao redor do mundo. 
 

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