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PlayStation 5 trava em teste após abrir jogo antigo

Sony busca manter liderança do segmento com retrocompatibilidade e altas produções, como novo jogo do Homem-Aranha

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São Paulo

O PlayStation 5 tem a missão de suceder um dos produtos de tecnologia de maior êxito da última década. Líder do segmento, o PlayStation 4 embarcou 113,6 milhões de unidades desde seu lançamento, em 2013. É o segundo console mais vendido da história —só perde para outro PlayStation, o 2.

Para manter sua base de usuários, o PlayStation 5 oferece compatibilidade com a maior parte dos jogos do videogame anterior —é a chamada retrocompatibilidade. Teste da Folha feito com um aparelho cedido pela Sony, porém, detectou problemas que podem ter relação com essa funcionalidade.

O console tinha cerca de seis horas de uso. Após instalar e abrir o jogo “Watch Dogs”, lançado em 2014 pela Ubisoft, o aparelho apresentou erros. Os gráficos deixaram de renderizar. A cena de introdução passou a mostrar apenas pedaços dos corpos dos personagens em meio a explosões coloridas, elementos que não fazem parte da experiência do jogo original. Curiosamente, a série de jogos “Watch Dogs” envolve hackers.

A partir de então, pixels coloridos ficaram travados em todas as telas. Os jogos abriam, com variados defeitos gráficos, por alguns minutos até exibirem uma mensagem de erro, que fechava o programa. Mesmo quando rodava games a partir de discos, o problema persistia.

A assessoria de imprensa da Sony fez a troca do aparelho, mas não deu explicações sobre o que gerou o defeito até a publicação desta reportagem.

Nova experimentação em condições iguais foram realizadas no novo equipamento. Um outro problema surgiu, de menor escala. O jogo “Spider-Man: Miles Morales”, nova superprodução da desenvolvedora Insomniac com o herói da Marvel, fechou em uma determinada cinemática (chamada de "cutscene" no jargão). Ao ser reaberto, o game retomou do exato ponto onde tinha parado.

Não é possível a partir do contato com os dois consoles dimensionar o tamanho do problema e qual é o percentual de unidades atingidas. A expectativa da Sony, fabricante do aparelho, é vender ao menos 7,6 milhões de unidades até março, quando se encerra seu ano fiscal.

Pode ser pontual, algo restrito ao teste, executado com uma atualização feita por meio de pen drive preparado especialmente para a imprensa. Ou, no outro extremo, um defeito que pode gerar um recall do produto. Entre os dois extremos, há remédios intermediários envolvendo atualizações do software, restrições temporárias de funcionalidades.

Com ou sem bug, o PlayStation 5 chega ao mercado cercado de expectativas. Os brasileiros podem comprar o aparelho a partir do dia 19 de novembro, uma semana após o lançamento nos EUA e Japão, com preço sugerido de R$ 4.699 na versão com leitor de discos —modelo que a Folha testou. Sem entrada para mídia física o dispositivo sai por R$ 4.199.

O novo videogame mostra que a Sony posiciona sua marca no pólo da qualidade, em oposição à postura de quantidade do Xbox, da Microsoft.

Por meio de seus estúdios, a Sony investe em altas produções próprias, exclusivas para a sua plataforma. Tem debaixo da manga propriedades intelectuais fortes, como “Horizon” e “God of War”, ambos com continuações em desenvolvimento.

Um dos primeiros títulos, “Spider-Man: Miles Morales” explora as capacidades gráficas do novo aparelho. O PS5 é capaz de chegar a resolução 4K em 120 frames por segundo e é dotado de tecnologia de rastreamento de raios (ray tracing), que processa efeitos de iluminação como reflexos e sombras de maneira mais realista.

O jogo do Aranha custa R$ 250 na versão mais econômica. Outros são mais caros: “Assassin's Creed Valhalla” sai por R$ 300, “Demon’s Souls”, R$ 350. A alta do dólar impacta diretamente o preço dos jogos no Brasil; sucessivos aumentos ocorreram nos últimos meses.

É na proposta de serviço com cobrança recorrente que a Microsoft tenta desbancar a Sony. Pelo valor de lançamento de um jogo é possível assinar meses de Game Pass, o Netflix dos games da concorrente. Ele dá acesso a centenas de jogos.

A Microsoft, que também lança videogames novos neste mês, ofereceu substanciais incrementos na oferta de seu serviço mensal. A empresa está mais interessada em obter usuários do que em vender consoles.

Com crescimento de 50% em menos de seis meses, o Game Pass tem 15 milhões de assinantes. É um terço do que a Sony contabiliza em seu PS Plus, assinatura que oferece conectividade, dois ou três jogos mensais e, a partir do lançamento do PlayStation 5, acesso a 20 jogos. Nesse catálogo estão jogos da geração passada aclamados por público e crítica, como “Bloodborne”, “Persona 5” e “The Last of Us”.

Enquanto os analistas discutem se o futuro do videogame será dominado pelo modelo de serviços, no presente a comercialização de software é a responsável pela maior fatia desse bilionário mercado. Há muitos produtores dispostos a criar jogos multiplataforma e poucos fabricantes de equipamentos. É comum na indústria o uso da célebre tática de vender aparelho de barbear barato para lucrar na venda de lâminas descartáveis. O game é a dispendiosa lâmina do segmento.

Uma das apostas da Sony para diferenciar a experiência em seu sistema é o controle. O Dual Sense produz experiências táteis que vão além da típica trepidação presente desde os anos 1990. A vibração agora chega a diferentes intensidades e regiões do joystick.

Soma-se a isso gatilhos adaptáveis, que oferecem maior resistência conforme a narrativa do jogo, região sensível ao toque, alto-falante e microfone embutidos. São recursos que, se explorados pelos desenvolvedores, fomentam experiências inovadoras, mais imersivas.

Outro argumento para estimular a migração é o sistema de armazenamento SSD. Evolução do HD, o SSD é mais rápido e silencioso.

O PlayStation 5 vem com capacidade nominal de 825 GB. Descontando o espaço para o sistema operacional, em tese seriam 667 GBs livres para a instalação de jogos. Porém, os testes mostraram que o videogame precisava de cerca de 20% da capacidade ocupado em jogos e aplicativos com “outros”, armazenamento que o sistema descreve como necessário para garantir seu funcionamento.

A expectativa é que a memória possa ser expandida por meio de drives externos de SSD vendidos separadamente. A Sony deve lançar uma lista de modelos compatíveis.

Um fator que pode consumir espaço é a facilidade para se gravar vídeos. Por padrão, o aparelho faz um clipe de 15 segundos quando o jogador obtém um troféu —no PlayStation 4 era só uma imagem. Dá para desabilitar, mas é um registro tentador das façanhas realizadas nos jogos. Com a integração facilitada com as redes sociais, vai ser fácil de exibir os feitos —e a marca da Sony, claro.

O bug com o jogo do Homem-Aranha ocorreu justamente no momento em que um troféu era destravado. Essa funcionalidade estava ligada. Outros troféus não geraram problemas ao longo dos testes.

Em termos de design físico, o dispositivo é o maior PlayStation já lançado. Na posição vertical, tem 39 centímetros de altura (40,5 cm com a base circular para deixar o aparelho em pé), 9 cm de largura (sem contar a base de 15 cm de diâmetro) e 26 de profundidade. Pesa pouco mais de quatro quilos.

O formato em tese faria com que o aparelho seja mais silencioso, um ponto fraco do PlayStation 4. Porém, com um disco inserido ele faz ruídos similares ao dispositivo anterior, mesmo que o jogo em uso seja outro, na memória do console.

Independentemente da razão, a Sony abandona a postura discreta dos antecessores e dá um ar à la desenho dos Jetsons ao PlayStation 5. Parte física circulando, agora cabe acompanhar os jogos. Sem eles, o PlayStation 5 é mero objeto decorativo.

Xbox Series X e PlayStation 5 usados na apuração foram emprestados pelas fabricantes

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