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Facebook muda nome da empresa para Meta, com foco no metaverso

Redes sociais do grupo, que inclui ainda Instagram e WhatsApp, não terão nova nomenclatura

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Sheila Dang Elizabeth Culliford Hannah Murphy
Londres e San Francisco | Reuters e Financial Times

O Facebook anunciou nesta quinta-feira (28) que mudará a nome da empresa que reúne suas diferentes plataformas para Meta, refletindo o esforço da companhia para construir um mundo virtual cheio de avatares conhecido como metaverso, enquanto luta uma crise de relações públicas cada vez mais profunda e o crescente escrutínio dos órgãos regulatórios.

Os nomes das redes sociais da companhia, que além do próprio Facebook incluem Instagram, WhatsApp Messenger e Oculus, não mudarão. A estrutura corporativa também não será alterada.

O presidente-executivo da companhia, Mark Zuckerberg, disse nesta quinta-feira (28), durante conferência de realidade aumentada e virtual transmitida ao vivo, que o novo nome reflete o foco do grupo na construção do metaverso.

"No momento, nossa marca está tão intimamente ligada a um produto que não pode representar tudo o que estamos fazendo hoje, muito menos no futuro", disse.

"A partir de hoje, vamos ser metaverso primeiro, e não Facebook primeiro", disse.

Logo do Facebook - AFP

O metaverso, um termo cunhado pela primeira vez em um romance distópico três décadas atrás e que agora ocupa os holofotes no Vale do Silício, refere-se à ideia de um ambiente virtual compartilhado que pode ser acessado por pessoas usando dispositivos diferentes.

O Facebook, que investiu pesadamente em realidade virtual (VR, na sigla em inglês) e realidade aumentada (AR, na sigla em inglês), incluindo a compra de empresas como a Oculus, pretende conectar seus quase 3 bilhões de usuários por meio de vários dispositivos e aplicativos.

Usando tecnologias como realidade virtual e aumentada, o Facebook planeja criar um maior senso de "presença virtual", que irá imitar a experiência de interagir pessoalmente.

Zuckerberg acredita que o metaverso seria acessível em VR, AR, computadores pessoais, dispositivos móveis e consoles de jogos.

A empresa planeja criar 10 mil empregos na União Europeia nos próximos cinco anos para ajudar a construir o metaverso, enquanto concorre com a Apple e outras para construir a próxima geração de plataforma de computação.

Nick Clegg, vice-presidente de assuntos globais do Facebook, escreveu em um blog que nenhuma empresa será proprietária ou operará o metaverso. "Dar vida a isso exigirá colaboração e cooperação entre empresas, desenvolvedores, criadores e formuladores de políticas", escreveu.

A companhia disse na segunda-feira (25) que a partir do quarto trimestre deste ano pretende divulgar os resultados de sua unidade Facebook Reality Lab, que constrói produtos de realidade aumentada, realidade virtual e metaverso, separadamente do resto da empresa.

Em uma declaração de receitas na segunda, Zuckerberg disse que o metaverso será "o sucessor da internet móvel". O Facebook espera atrair mais 1 bilhão de usuários e "centenas de bilhões de dólares em comércio digital por dia" na próxima década, acrescentou.

Especialistas dizem que o metaverso pode ser o futuro da internet, ao permitir que o usuário entre em um universo virtual mais amplo, conectado com todo tipo de ambiente digital, seja para ver um espetáculo ou um filme, trabalhar ou apenas relaxar.

Nesta quinta, a empresa anunciou novas funções e projetos de metaverso, RA e RV, e tentou tranquilizar os usuários de que a privacidade e a segurança farão parte deles. Estes incluem "Horizon Home", aplicativo destinado a permitir que os usuários socializem como avatares em um lar imaginário compartilhado enquanto usam seus equipamentos de realidade virtual Oculus.

O Facebook também disse que está indo além de seus atuais avatares, que parecem desenho animado, e desenvolvendo outros mais realistas, que imitam e acompanham os usuários. Zuckerberg indicou que as criptomoedas e NFTs (tokens digitais não fungíveis que representam obras de arte e outros objetos colecionáveis) farão parte da visão do metaverso.

A companhia ainda lançou um conjunto de ferramentas chamado Presencepara ajudar os desenvolvedores a construir experiências de realidade mista para o metaverso, e um app chamado Polar para ajudar os criadores a construir com mais facilidade filtros de realidade aumentada para fotos e vídeos.

O presidente do grupo disse que "a falta de opção e as altas taxas que estão sufocando a inovação" para os desenvolvedores que usam os sistemas operacionais existentes, em uma aparente crítica a Apple e Google, cujas lojas de apps cobram comissões de 15 a 30% sobre produtos digitais.

O Facebook pretende cobrar taxas baixas "no maior número possível de casos" para desenvolvedores e criadores que usarem seus serviços relacionados ao metaverso, disse ele.

O Facebook já comprometeu US$ 50 milhões (R$ 276 milhões, na cotação atual) para construir o metaverso e testar um novo aplicativo de trabalho remoto onde os usuários de headsets Oculus Quest 2 podem realizar reuniões de trabalho como versões de avatar de si mesmos.

Para a companhia, contudo, o mundo ainda precisa de outros 10 ou 15 anos para que a ideia comece a tomar forma de maneira mais concreta.

No evento desta quinta, a empresa ainda revelou uma nova placa em sua sede em Menlo Park, Califórnia, substituindo seu logotipo "Like" com o polegar para cima por uma forma azul infinita.

Escrutínio público

A mudança no nome do grupo ocorre em meio a críticas que a empresa enfrenta de legisladores e reguladores sobre seu poder de mercado, suas decisões algorítmicas e o policiamento de abusos em suas plataformas.

O Facebook está enfrentando um dilúvio de escrutínio depois que a ex- funcionária Frances Haugen acusou a companhia de aprofundar a polarização e constantemente colocar os lucros à frente da segurança de seus usuários.

Numerosos canais de notícias, incluindo o Financial Times, obtiveram versões editadas de milhares de documentos que Haugen forneceu a órgãos reguladores e ao Congresso dos Estados Unidos, oferecendo uma visão do funcionamento interno da empresa.

O Facebook disse em um documento regulatório na terça (26) que se tornou alvo de investigações e solicitações do governo americano relacionadas às denúncias da ex-funcionária que envolvem algoritmos, métricas de publicidade e de usuários e práticas de restrição de conteúdo, "assim como desinformação e outras atividades indesejáveis em nossa plataforma, e o bem-estar dos usuários".

Na quarta, The Wall Street Journal relatou que a Comissão Federal de Comércio dos EUA começou a analisar a pesquisa interna do Facebook, em particular sobre se as plataformas da companhia –no caso, o especialmente o Instagram– exacerbaram problemas de saúde mental de adolescentes, para avaliar se ela tinha violado um acordo de US$ 5 bilhões fechado com o órgão federal em 2019 sobre questões de privacidade.

O Facebook também confirmou que instruiu funcionários na quarta-feira para não deletar documentos. "Pedidos de preservação de documentos fazem parte do processo de responder a inquéritos legais", disse Joe Osborn, porta-voz do Facebook.

As ações da companhia caíram mais de 16% desde que o WSJ começou as reportagens chamadas de Facebook Papers, em meados de setembro.

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