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Consolidação do mercado de games preocupa, mas não é bicho-papão

Mesmo em meio a onda de fusões e aquisições, especialistas veem espaço para novos estúdios

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São Paulo

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Se há um setor da economia que não pode reclamar da pandemia de Covid-19 é a indústria de games. Com as pessoas trancadas em casa e consumindo mais jogos, houve um crescimento considerável no faturamento.

Ainda assim, Rodrigo Terra, presidente da Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos), estava inquieto. "A gente ficou com muita preocupação com a verticalização do mercado", afirma.

A ideia de que a indústria de games estaria passando por um processo de "verticalização" (ou "consolidação", como costuma ser chamado) ganhou força em janeiro, após uma sequência nunca vista de negócios bilionários:

Esses negócios levantaram questionamentos sobre a concentração de muito poder (e dinheiro) na mão de alguns poucos atores na indústria de games e dúvidas sobre como isso mudaria o mercado.

Logo da Microsoft em frente a personagens de jogos da Activision Blizzard
Logo da Microsoft em frente a personagens de jogos da Activision Blizzard - Dado Ruvic - 18.jan.22/Reuters

A preocupação de Terra era com uma repetição, em menor escala, desse fenômeno no Brasil, com estúdios médios e grandes comprando ou se fundindo com estúdios menores. "O que acabaria diminuindo a base da pirâmide e não teríamos um ciclo de novas empresas surgindo", afirma.

Esse movimento realmente aconteceu, mas com resultados distintos do esperado por ele. "Como explodiu o mercado de jogos, teve um interesse muito grande de estudantes e até mesmo profissionais de outras áreas da economia, que começaram a ver os games como um mercado em potencial", relata.

O efeito disso foi que muitos estúdios nasceram durante a pandemia, em 2020 e 2021. "Gente nova com muito talento", afirma Terra.

Segundo pesquisa divulgada pela Abragames, nos últimos quatro anos, o Brasil passou de 375 estúdios de desenvolvimento de games para 1.009, um aumento de 169%, sendo que cerca de 40% dessas empresas têm até cinco anos de existência.

Chris Charla, Gerente Geral de Projetos e Curadoria de Conteúdo da Xbox, também nota uma franca expansão da indústria brasileira. "A qualidade dos jogos está crescendo muito rápido. Desenvolvedores lançando um, dois, três títulos em sequência, e cada vez melhores", afirma.

Como responsável pelo programa ID@Xbox, que ajuda a levar títulos indies para as plataformas da Microsoft, e funcionário de uma das empresas responsáveis pelo atual processo de consolidação, Charla está em um local privilegiado para observar as consequências desse fenômeno no mercado.

Ele reconhece que existe um processo de consolidação, mas não o vê como algo negativo. "Para um estúdio, se juntar a uma empresa maior pode ser a coisa certa. Para outros, começar de novo, com um projeto pequeno e surpreender é o caminho."

Charla vê que as duas opções podem alcançar o sucesso ao mesmo tempo. "Isso mostra que estamos em uma indústria saudável", afirma.

"Como na indústria de entretenimento, você nunca sabe de onde vai vir o próximo grande sucesso. Não vejo nada nos números de vendas e em projeções de longo prazo que possa preocupar os desenvolvedores independentes", completa o executivo, que cita "Cuphead", título de estreia do estúdio canadense MDHR, como exemplo de jogo indie que se tornou um sucesso global –ganhando inclusive uma série na Netflix.

Chris Charla, Gerente Geral de Projetos e Curadoria de Conteúdo da Xbox
Chris Charla, Gerente Geral de Projetos e Curadoria de Conteúdo da Xbox e responsável pelo progarama ID@Xbox - Ina Fassbender/Divulgação Microsoft

Também é verdade que muita coisa ainda pode mudar. Os principais negócios envolvendo empresas de games ainda não foram concluídos ou dependem de aprovação de órgãos reguladores --o FTC (Comissão Federal de Comércio dos EUA) ainda analisa a compra da Activision Blizzard pela Microsoft.

Além disso, analistas ouvidos pelo site GamesIndustry.biz não veem a onda de aquisições e fusões acabando tão cedo. A única certeza é que o mercado de games nunca mais será o mesmo.


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dica de game, novo ou antigo, para você testar

Stray

(PC e PS 4/5)

Se você já viu um gato bem folgado dormindo embaixo do sol sem nenhuma preocupação e sentiu uma pontinha de inveja, então "Stray" é o jogo para você. Popularmente conhecido como jogo do gatinho, o título de estreia do estúdio francês BlueTwelve foi lançado na última terça (19) e se tornou um clássico instantâneo. No game, o jogador assume o controle de um gatinho amarelo perdido que precisa explorar diversas áreas para reencontrar o caminho de casa em um mundo habitado por robôs. O forte do jogo, no entanto, é mesmo ser um "simulador de gato", em que o jogador pode brincar com bolinhas, derrubar objetos, arranhar móveis e encontrar cantos aconchegantes para tirar uma soneca.

Imagem do jogo "Stray", lançado para PC e consoles PlayStation
Imagem do jogo "Stray", lançado para PC e consoles PlayStation - Divulgação

Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • O estúdio Mojang, criador de "Minecraft", divulgou nota refutando qualquer possibilidade de implementação de NFTs em seu principal jogo, inclusive por terceiros. Segundo a empresa, essa tecnologia "cria modelos de escassez e exclusão que entram em conflito com nossas diretrizes e com o espírito de ‘Minecraft’". A medida é vista como um aviso para empresas que utilizam o jogo para implementar seus próprios esquemas de venda de NFTs.
  • Enquanto isso... A Square Enix anunciou o lançamento em novembro de 2023 de cards e bonecos comemorativos de "Final Fantasy 7" que incluirão NFTs.
  • A Ubisoft adiou o lançamento de "Avatar: Frontiers of Pandora" para "2023 ou 2024". A empresa, que anunciou queda de 9,8% nas vendas no primeiro trimestre do ano, também cancelou quatro jogos, entre eles "Splinter Cell VR" (como o próprio nome diz, um game em realidade virtual da série de espionagem "Splinter Cell") e "Ghost Recon Frontline" (um multiplayer battle-royale ao estilo "Call of Duty: Warzone").
  • Pela primeira vez, uma mulher estará na capa da versão global de um jogo "Fifa". A australiana Sam Kerr, jogadora do Chelsea, será o destaque das versões físicas padrão do "Fifa 23" vendidas na Austrália e na Nova Zelândia --nos outros países, a capa padrão terá o francês Kylian Mbappé. A edição com a jogadora, porém, também estará disponível em outros países pela Amazon.
  • O serviço de conversa por voz do aplicativo Discord começou a funcionar nos consoles Xbox. Curiosamente, o recurso ainda não está disponível nos consoles da Sony, que fez um investimento minoritário na empresa de comunicação no ano passado.

Download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

26.jul

"Story of Seasons: Pioneers of Olive Town": preço não divulgado (PS 4)

27.jul

"Octopath Traveler: Champions of the Continent": grátis (Android, iOS)

28.jul

"Bear and Breakfast": preço não divulgado (PC)

"Lost Epic": R$ 34,99 (PC), preço não divulgado (PS 4/5)

29.jul

"Xenoblade Chronicles 3": R$ 299 (Switch)

Promoção da semana

O game de estratégia "Railway Empire" está em promoção na Humble Bundle. O título, que possibilita construir e controlar trens em diversos cenários, está sendo vendido por apenas US$ 1 (R$ 5,50). Pagando um pouco mais, é possível comprar também até nove pacotes de expansão –o conjunto todo sai por US$ 12 (R$ 66). Parte do dinheiro arrecadado irá para instituições de caridade.


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