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DX Gameworks encara obstáculos de uma publisher brasileira de games

Com metas ousadas, empresa terá ano decisivo pela frente em mercado incipiente

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São Paulo

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Após dois anos se estruturando e captando investimentos, a DX Gameworks vê 2023 como um ano decisivo. A publisher brasileira tem a ambiciosa meta de se tornar uma referência para a publicação de jogos indies da América Latina.

"O primeiro ano era essa coisa de puxa e empurra, para onde a gente vai, de onde a gente pega [financiamento], quais são os jogos… O segundo ano era quem vai fazer esses jogos com a gente. E agora é o ano dos lançamentos", afirma Daniel Monastero, sócio-fundador e diretor executivo de criação e publishing da DX Gameworks.

A empresa surgiu em 2021 a partir de uma parceria entre Monastero, fundador do estúdio Garage 227, e o executivo André Freitas. Após uma primeira prospecção do setor, eles chegaram à conclusão de que abrir uma publisher seria a melhor forma de ajudar o mercado brasileiro de games a crescer de forma sustentável e, claro, ganhar dinheiro com isso.

"O que a gente encontrou foi um mercado ainda muito pulverizado em termos de talento. Um mercado com muitos criadores, mas poucos empreendedores. Onde você tinha quase nenhum investimento. E a consequência é um mercado em que você não tem grandes casos de sucesso", conta Freitas, também sócio-fundador e que hoje ocupa o cargo de CEO da empresa.

Daniel Monastero e Andre Freitas, sócios-fundadores da DX Gameworks, na sede da publisher, em São Paulo
Daniel Monastero e Andre Freitas, sócios-fundadores da DX Gameworks, na sede da publisher, em São Paulo - Gabriel Cabral/Folhapress

Mercado: apenas 2% dos jogos nacionais contam com participação de publishers brasileiras, segundo a Pesquisa Capacidade de Produção da Indústria Brasileira de Games de 2022. Em um setor dominado por gigantes multinacionais, estúdios indies brasileiros costumam buscar publishers estrangeiras de médio e pequeno porte para publicar seus jogos, como Team17 (Reino Unido), Humble Games (EUA) e Paradox Interactive (Suécia), ou o fazem por conta própria.

Com financiamento inicial da Bertha Capital, a empresa foi ao mercado em busca de mão de obra e games para lançar. Hoje, a DX conta com cerca de 150 funcionários, tanto no Brasil quanto na Europa, alguns deles oriundos dos 14 estúdios incorporados pela empresa, como o brasiliense Bad Minions, do hoje diretor de publishing da DX Leonardo Batelli, e o gaúcho Imgnation, do diretor de desenvolvimento Orlando Fonseca.

Com um mercado de publicação de games ainda incipiente no Brasil, a busca por financiamento e a competição por trabalhadores qualificados são apontadas como principais dificuldades enfrentadas pela empresa nesse período de estruturação.

"Atrair pessoas de tecnologia é muito difícil, porque você compete com uma C6, um Nubank. Você vai oferecer para um engenheiro de software: ‘venha trabalhar na minha empresa de jogos indies’. Você vai pagar um terço do que o cara ganha", diz Monastero.

"Ou então o cara vem trabalhar na sua empresa e logo depois arranja uma vaga na Microsoft. Ele é engenheiro de software, tem experiência em games… Tem que ficar lidando com essa coisa de achar as pessoas."

Funcionários da DX Gameworks trabalham na sede da empresa, em São Paulo
Funcionários da DX Gameworks trabalham na sede da empresa, em São Paulo - Gabriel Cabral/Folhapress

Em sua nova fase, a empresa também começa a enfrentar contratempos inerentes à atividade, como a relação com os desenvolvedores. Angelo Parodi, desenvolvedor de "Eternal Hope", um dos primeiros títulos lançados pela DX para consoles Xbox e PlayStation, conta que seis meses depois do lançamento do jogo ainda não recebeu sua participação nas vendas.

"A gente entra em contato, tenta conversar, mandar email... Mas é sempre um jogando a culpa para o outro. Ou dizendo que vai ver, ou que achava que já tinha sido efetuado o pagamento", conta.

Em nota, a DX reconheceu que teve problemas com uma das empresas contratadas para processar seus pagamentos, mas disse que é transparente com os desenvolvedores e que o pagamento para o estúdio já foi realizado.

"Temos um prazo extenso de pagamento devido a trâmites fiscais, que são burocráticos, mas sempre comunicamos nossos estúdios parceiros", afirmou.

Além de "Eternal Hope", a empresa levou para os consoles o game "Akane", da Ludic Studios, e publicou "Alchemist Adventure", da Bad Minions. Neste ano, a DX pretende expandir consideravelmente seu portfólio e publicar até o fim do ano ao menos outros 7 títulos –podendo chegar a 9, dependendo de outras negociações– de um total de 17 projetos em andamento.

Entre os games que devem chegar às lojas ainda neste ano estão o fofíssimo party game "Toy Sports", o jogo de quebra-cabeça educacional "Amazon Quest" --ambos apresentados ao público no BIG Festival do ano passado-- e o título de ação hack-and-slash "Tameless".

Mesmo com todos os obstáculos, a DX se mantém otimista com o futuro. "Tem 25 jogos na fila que a gente não tem dinheiro nem capacidade para trazer para esse nosso ", afirma Freitas, que espera conseguir fazer essa fila andar quando os lançamentos chegarem ao público e começarem a dar retorno.

"A gente está super bem posicionado. Pode escolher quais são os melhores jogos, trazer para dentro e ajudar a levar esses jogos para um patamar que vai encher os olhos da Xbox, da Nintendo e da Sony."


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dica de game, novo ou antigo, para você testar

Back Scratching Simulator 2023

(PC, navegadores)

Saído da mente do criativo designer Luis Díaz Peralta, conhecido como Ludipe, "Back Scratching Simulator 2023" é um simulador de coçar as costas, como o próprio nome diz. Trata-se de um game cooperativo, em que um jogador deve segurar o teclado nas costas do companheiro, que acompanha no monitor teclas que precisam ser acionadas para "coçar" suas costas. O objetivo é acionar todas as teclas no menor tempo possível sem que o jogador que está "coçando" as costas do amigo observe a tela. É um jogo simples, mas que serve de exemplo para mostrar como, com criatividade, é possível fazer games divertidos mesmo com recursos mínimos.

Imagem do jogo 'Back Scratching Simulator 2023'
Imagem do jogo 'Back Scratching Simulator 2023' - Reprodução

Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • Após o CMA (órgão regulador da concorrência no Reino Unido) ter divulgado relatório preliminar alertando que a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft pode resultar em "preços mais altos, menos opções e menos inovação", o CEO da Activision, Bobby Kotick, afirmou estar confiante de que o negócio será aprovado. A decisão final do CMA deve ser divulgada em 26 de abril.
  • Mesmo após apresentar resultados negativos no último trimestre, a Nintendo anunciou um aumento de 10% nos salários de todos os seus funcionários no Japão, segundo informações da Reuters. O presidente da Nintendo, Shuntaro Furukawa, afirmou que a medida tem como objetivo manter a força de trabalho na empresa visando o crescimento no longo prazo.
  • Em evento virtual realizado na última quarta (9), a Nintendo também deu boas notícias aos fãs ao anunciar o lançamento surpresa de uma versão remasterizada de "Metroid Prime" para o Switch e a inclusão de jogos de Game Boy e Game Boy Advance no seu serviço de assinatura Nintendo Switch Online.
  • Por outro lado, revelou que "The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom", seu principal lançamento do ano, chegará às lojas com preço mais alto. A versão digital do game será vendida nos Estados Unidos por US$ 70, um novo padrão na indústria de games, e no Brasil por R$ 357,99.
  • O prêmio de melhor trilha sonora para videogames, que estreou neste ano no Grammy, ficou com Stephanie Economou, por seu trabalho na expansão "Dawn of Ragnarok" de "Assassin's Creed Valhalla".
  • O jogo multiplayer de tiro em primeira pessoa "CrossfireX", exclusivo para consoles Xbox, sairá do ar em 18 de maio, pouco mais de um ano após seu lançamento. Com o encerramento dos servidores, os jogadores não terão acesso sequer às campanhas solo que tiverem comprado.
  • A Rovio, desenvolvedora de "Angry Birds", anunciou que começou a conversar com potenciais compradores da empresa. O movimento ocorre dias após uma tentativa de compra realizada pela desenvolvedora israelense Playtika.
  • A Nuuvem lançou na última quinta (9) uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar "Bagdéx: O Jogo". O projeto foi criado pelo ilustrador Wagner "Bág" como uma série de memes com releituras brasileiras inspiradas nos monstrinhos de Pokémon e ganhou fama nas redes sociais.

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games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

14.fev

"Blanc": R$ 53,99 (PC), R$ 74,90 (Switch)

"Souls of Chronos": R$ 99,99 (Switch), preço não disponível (PC, PS 5)

"Tomb Raider Reloaded": grátis* (Android, iOS)

"Wanted: Dead": preço não disponível (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S)

15.fev

"Pharaoh: A New Era": preço não disponível (PC)

"Returnal": R$ 249,90 (PC)

16.fev

"Theatrhythm Final Bar Line": R$ 249,50 (Switch, PS 4)

17.fev

"Gigantosaurus: Dino Kart": R$ 147,45 (Xbox One/X/S), R$ 203,95 (Switch), preço não disponível (PC, PS 4/5)

"Tales Of Symphonia Remastered": preço não disponível (Switch, PS 4, Xbox One)

"The Settlers: New Allies": R$ 199,99 (PC)

"Wild Hearts": R$ 299 (PC), R$ 339 (PS 5, Xbox X/S)

*Assinantes Netflix podem baixar versão sem anúncios e microtransações

Promoções da semana

  • Durante o Carnaval, a Steam realizará a promoção "Made in Brazil", apenas com games de desenvolvedores brasileiros. De 18 a 23 de fevereiro, dezenas de jogos nacionais aparecerão na loja virtual com desconto. A lista é grande e tem "Vengeful Guardian: Moonrider", "Unsighted", "Dodgeball Academia", "Fobia - St. Dinfna Hotel","A Lenda do Herói", e "Horizon Chase Turbo".

  • Talvez como uma forma de abafar as críticas pelo aumento no preço de "Tears of the Kingdom", a Nintendo colocou em promoção "The Legend of Zelda: Breath of the Wild" em sua loja virtual. Até o próximo domingo (19), o game pode ser adquirido por R$ 200,33 (-32%).

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