Criminosos clonam site da Folha para aplicar golpes; veja quais endereços evitar

Anúncios patrocinados continuam a circular em redes sociais da Meta após denúncia deste jornal

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São Paulo

Estelionatários copiaram a identidade visual da Folha para aplicar golpes financeiros em internautas. São ao menos 13 sites fraudulentos no ar, de acordo com levantamento da empresa de cibersegurança Kaspersky feito a pedido da reportagem.

Um dos sites falsos ainda circula em publicações patrocinadas em Instagram, Facebook e Messenger, de acordo com a biblioteca de anúncios da Meta —holding dona de todas essas redes sociais.

A conta fraudulenta de Facebook e Instagram Folha SP continua ativa e impulsionando publicações, mesmo após a denúncia desta Folha. O criminoso com controle sobre esse perfil já pagou por 190 anúncios, de acordo com a biblioteca de anúncios da Meta.

Procurada inicialmente na quarta-feira (14), a gigante da tecnologia afirma que atividades que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar terceiros não são permitidas em suas plataformas. Questionada outra vez por email e WhatsApp nesta sexta (16), a Meta não respondeu à reportagem

Publicação patrocinada no Instagram divulga site fraudulento que copia a identidade desta Folha. Fotos mostram produtos da Polishop
Publicação patrocinada no Instagram divulga site fraudulento que copia a identidade desta Folha - Reprodução/Instagram

Uma das orientações da Meta a quem perceber características suspeitas em publicações patrocinadas é denunciar pelos canais das plataformas.

O leitor Marco Rúbia, no entanto, diz que denunciou publicações fraudulentas da conta Folha SP e teve suas queixas recusadas pela equipe de moderação do Instagram. Rúbia reclama ainda da falta de espaço para recorrer ao veredito da Meta diante de erro.

A reportagem havia encontrado, na quarta, 50 anúncios falsos com imagens que fazem referências à Folha e ao site Terra, do grupo espanhol Telefónica e parceiro do Grupo Estado. Em nota enviada à reportagem, o Terra repudia o uso ilegal da imagem de sua marca.

O endereço fraudulento cita o fechamento de unidades da Polishop, o que, de fato, foi noticiado por este e outros jornais. A matéria falsa ainda reproduz a assinatura da repórter de Mercado Júlia Moura, com direito a link para a página real da jornalista.

O site também cita o CNPJ da Folha e selos de credibilidade como o Trust Project, que reconhece a qualidade do jornalismo praticado pela empresa. A confiança do público no jornal é usada como elemento da fraude financeira.

Os criminosos acrescentam à história real uma suposta liquidação online com descontos de até 76%. Ao pé do texto, há um botão que levaria a falsa liquidação —outro site fraudulento de nome "liquidashop", mistura de liquidação e Polishop, outra empresa vítima do golpe.

A página liquidashop oferece um jogo de oito panelas de R$ 799,96 por R$ 199,95, sob o nome "Conjunto Completo Sauté + Tampas (sic)". Produto similar no site da Polishop custa em torno de R$ 800.

Há ainda diversos produtos esgotados para reforçar a sensação de liquidação e uma contagem regressiva até o final do dia. O material golpista, no entanto, está no ar ao menos desde 5 de fevereiro, indicam os dados da biblioteca de anúncios da Meta.

Entre as publicações patrocinadas nas redes sociais, também há relatos de falsos compradores para dar sensação de autenticidade ao site falso.

Quem, atraído pela promoção, clica para concretizar a compra é redirecionado a uma página do Mercado Pago, em que a vítima dá seus dados pessoais, endereço e, por fim, realiza um pagamento.

Todos esses sites mencionados não ficam registrados em domínio ".br", o que oculta os dados do criminoso que registrou os endereços. Por isso, a reportagem não conseguiu encontrá-los.

No site Reclame Aqui, uma das pessoas lesadas pelos criminosos reclama que perdeu R$ 198 com o golpe e não conseguiu estorno de seu banco após constatar ter caído em um esquema.

A vítima anônima afirma que registrou boletim de ocorrência.

Há, no total, 17 reclamações contra o site falso Liquida Shop, no Reclame Aqui. A empresa não está autenticada no repositório de queixas.

Outra matéria falsa, com data de 1º de fevereiro, cita promoção no Ponto Frio, outra empresa que teve a imagem usurpada.

Procurado, o Mercado Pago afirma que o site em questão não está vinculado a nenhum usuário ativo da sua base e, portanto, a plataforma não processa esses pagamentos. "A empresa repudia o uso indevido de sua marca e já reportou o site em questão para que todas as medidas cabíveis possam ser tomadas."

Em seus termos e condições de uso, a plataforma do grupo argentino Mercado Libre afirma que poderá suspender, bloquear ou cancelar usuários, sem notificação prévia, caso conclua que alguma transações caracterize atividade ilegal.

"Com o apoio de machine learning, o Mercado Pago monitora diariamente centenas de URLs que possam estar usando indevidamente o seu nome ou marca", diz a empresa em nota.

A companhia ainda orienta os usuários que, em caso de qualquer dúvida sobre a procedência de um link ou site, denunciem por meio do canal de denúncias disponível neste link.

O estelionato eletrônico é tipificado pela lei 14.155 de 2021, que define o crime de invasão de dispositivo informático.

É crime digital:

  • invadir dispositivo informático
  • comercializar informações vazadas
  • interrupção de serviço telefônico, informático ou de informação de utilidade pública
  • falsificar documento
  • falsificar cartão
  • cometer estelionato por meio de dispositivo eletrônico com ou sem violação de mecanismo de segurança, utilização de programa malicioso ou outro meio fraudulento

Levantamento feito pela Folha com base em dados de boletins de ocorrência do estado de São Paulo obtidos via lei de acesso à informação mostram que o Instagram era a segunda plataforma mais citada em crimes digitais em 2023, atrás somente do WhatsApp, também da Meta.

A Meta recomenda que as pessoas denunciem quaisquer conteúdos que avaliem ir contra os padrões da comunidade do Facebook, das diretrizes da comunidade do Instagram e os padrões de publicidade da Meta por meio dos próprios aplicativos.

  • Para reportar um comportamento abusivo, é necessário clicar nas reticências na parte superior direita do perfil e selecionar a opção "Denunciar"
  • O Instagram pergunta, então, o motivo da queixa. A Meta aconselha escolher a as opções "O conteúdo é inadequado" e "Está fingindo ser outra pessoa"
  • Essa última opção demanda que o usuário especifique se a conta falsa está fingindo ser você, um conhecido, uma organização ou uma figura pública
  • Para finalizar, clique em "Denunciar conta"


De acordo com o professor de segurança da informação do Insper Rodolfo Avelino, os método de prevenção de fraude adotados pelas redes sociais continuam vulneráveis a fraudes. "Vários ataques utilizam nomes de domínios válidos, o que dificulta a detecção, haja vista a necessidade de verificação de conteúdo; os próprios criminosos tentam a todo momento burlar os controles existentes."

Dados da empresa de cibersegurança Kaspersky mostram um aumento, em 2023, de 50% de golpes que usam mensagens falsas como isca, chamados por especialistas de "phishing", em relação ao ano anterior.

"Novos grupos criminosos surgem devido à proliferação da IA generativa [como o ChatGPT], que está sendo usada na criação de mensagens de phishing mais convincentes", diz o pesquisador-chefe da Kaspersky para América Latina, Fabio Assolini.

Veja abaixo os 13 sites falsos que fazem referência à Folha encontrados pela empresa de cibersegurança Kaspersky:

  • folha-sp.com
  • portalfolhasp.com
  • jornalfolhasp.site
  • brasilconsulta.folhadesp.site
  • webmail.jornalfolha.online
  • folhadesp.smartfitplanos.shop
  • jornalfolhasp.blog
  • folhadesp.tech
  • folhaonlinesp.site
  • folhadesp.com
  • folhatech.com
  • folhasdesp.com
  • jornalfolha.online
  • folha-sp-news.shop
  • folha-sp.shop
  • folhadenoticias.online
  • folhasp.fun
  • folhadenoticias.online

A única forma oficial e possível de acessar o site desta Folha é por meio dos endereços folha.uol.com.br e folha.com.br.

A Folha tem tomado medidas necessárias para impedir e tirar do ar o uso indevido e ilegal de suas marcas, conteúdos e títulos, bem como sites golpistas que clonam o site oficial do jornal.

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