Descrição de chapéu Folha ESG sustentabilidade

Fazer celulares durarem mais pode reduzir poluição equivalente a 4,7 milhões de carros

Marca seria alcançada se vida média dos telefones subir um ano, aponta entidade do setor

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Barcelona

O impacto ambiental causado pelos aparelhos celulares é um dos pontos que está na mira do setor de telecomunicações.

A sustentabilidade da telecomunicação foi um dos principais pontos em debate durante o Mobile World Congress (MWC), um dos principais eventos de tecnologia do mundo, que aconteceu nesta semana em Barcelona. Um dos tópicos nessa área é a criação de uma economia circular para os dispositivos.

Ao esticar a vida útil média dos celulares em um ano, levaria a uma redução de 21,4 milhões de toneladas de gás carbônico, equivalente a tirar 4,7 milhões de carros das ruas - Gabriel Cabral/Folhapress

Um estudo da GSMA, entidade que congrega as teles, aponta que ao esticar a vida útil média dos celulares em um ano, levaria a uma redução de 21,4 milhões de toneladas de gás carbônico, equivalente a tirar 4,7 milhões de carros das ruas.

"Adotar um modelo de negócios mais circular pode reduzir impactos ambientais e sociais negativos. Além de criar um novo mercado e empregos", diz o relatório.

A maior parte desse impacto (80%) acontece antes de os aparelhos saírem da caixa, ou seja, na produção e logística.

"Em média, um telefone tem algo como 1.300 componentes. É um eletrônico extremamente complexo e há uma enorme cadeia de suprimentos que precisa ser alinhada", diz Steven Moore, chefe de ação climática da GSMA.

Ele também lidera a força tarefa com 20 operadoras de telefonia que busca uma economia circular para os dispositivos móveis. O objetivo é que, até 2050, os telefones sejam feitos 100% de materiais recicláveis e energia renovável, além de que nenhum aparelho vá para o lixo.

O grupo, formado há cerca de 18 meses, começou com a análise do impacto dos telefones e agora, diz Moore, quer ir mais para a prática. Tiveram a primeira reunião de discussões durante o MWC.

As iniciativas propostas pela GSMA incluem um aumento da coleta de telefones velhos para reciclagem. Passa também por conscientização do público e que as fabricantes deixem os produtos mais fáceis de consertar em casos de problemas, evitando descarte prematuro.

"Não há nenhum telefone hoje que esteja no patamar ideal, mas acho que já começamos a ver alguns sinais positivos", diz Steven.

"A Apple divulgou que cerca de 20% dos conteúdos em seus dispositivos são reciclados, e se comprometeram a usar 100% de energia renovável na sua cadeia de suprimentos até 2030 e criar um telefone livre de carbono até lá. A Samsung não foi tão ambiciosa, mas se comprometeu a usar uma linha de montagem com energia 100% renovável" , afirma o especialista. As duas marcas são as maiores produtoras de celulares no mundo.

Ele também cita novidades como o Fairphone, modelo de uma startup que permite a substituição de peças do aparelho para manutenção e melhorias.

Uma mudança nos sistemas dos telefones, exemplifica Moore, é algo que já poderia ampliar sua vida útil. Hoje, muitos celulares param de receber atualizações após três ou quatro anos.

"O hardware [memória, capacidade de processamento e afins] não tem evoluído tanto a cada ano. Acho que podemos incentivar as pessoas a permanecerem com seus telefones por mais tempo se elas souberem que podem continuar melhorando suas funcionalidades", avalia. "Já ficamos com nossos celulares por mais tempo. Antigamente, a média era substituir a cada dois anos. Subiu para três."

Jornalista viajou a convite da Huawei

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.