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O que são games 'live service' e por que alguns deles vão desaparecer

Extinção em massa desse tipo de jogo atingiu títulos como 'Apex Legends Mobile' e 'Rumbleverse'

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São Paulo

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Uma série de jogos "live service" deixará de existir em poucos meses. São títulos que passaram por anos de desenvolvimento antes de serem lançados, fizeram sucesso com críticos e público e, mesmo assim, terão sua existência precocemente interrompida.

A extinção em massa poderia indicar uma saturação do modelo. No entanto, especialistas do mercado de games acreditam que ela seja mais resultado do ambiente econômico atual e de um amadurecimento natural da indústria.

Explico o fenômeno:

Que jogos tiveram o seu fim anunciado?

Pelo menos seis jogos tiveram encerramento anunciado recentemente. O mais conhecido deles é "Apex Legends Mobile".

O game multiplayer de tiro em primeira pessoa da Eletronic Arts parecia viver um momento de grande sucesso. Foi escolhido o jogo do ano para dispositivos Android e iOS em 2022, aparecia entre os games mais baixados tanto na loja do Google quanto na da Apple e havia sido indicado a jogo mobile do ano no The Game Awards.

Ainda assim, no fim de janeiro, a desenvolvedora Respawn Entertainment afirmou em uma mensagem no Twitter que os servidores que mantém o game funcionando seriam desligados dali a três meses e que o jogo deixará de funcionar em 1º de maio, 16 dias antes de completar seu primeiro ano de vida.

Poucos dias depois, foram anunciados os encerramentos de "Rumbleverse" (battle royale da Epic Games), "Knockout City" (game de ação multiplayer com batalhas de queimada da Velan Studios) e "CrossfireX" (shooter multiplayer para consoles Xbox da Smilegate), além de títulos menos conhecidos como "Crayta" e "Dragon Quest The Adventure of Dai: A Hero's Bonds". Em comum, todos os jogos podem ser considerados títulos "live service".

Imagem do jogo live service 'Apex Legends Mobile'
Imagem do jogo 'Apex Legends Mobile' - Divulgação

O que são jogos "live service"?

A expressão "live service" –ou "jogos como serviço", identificados pela sigla GaaS ("Game as a Service")– é usada para designar games que adotam estratégias de custeio de longo prazo, como cobrança de assinaturas, microtransações e/ou venda de expansões e "passes de temporada".

Em geral, esses jogos não têm fim e são planejados para manter os jogadores engajados por anos. Para isso, contam com atualizações constantes, eventos especiais temporários e adotam mecanismos como prêmios para usuários que acessam o game com frequência.

Para atrair um grande número de jogadores, esses games costumam ter um preço inicial mais barato, sendo que muitos podem ser jogados de graça.

Parece legal! Por que todos os jogos não são assim?

Um jogo "live service" dá muito mais trabalho e embute mais riscos do que um game tradicional.

Jogos que adotam o padrão mais comum na indústria –o de vender o jogo por um valor fechado, sem microtransações ou conteúdo extra– têm um custo de manutenção muito baixo após o lançamento. Tudo o que é arrecadado com as vendas se converte em lucro.

Já as empresas que lançam jogos "live service" precisam manter por anos uma quantidade considerável de desenvolvedores criando novos conteúdos e atualizando aqueles já existentes, equipes para atender os jogadores e fazer a moderação de seus canais de comunicação e servidores para manter o jogo funcionando independentemente do número de usuários conectados, entre outros.

Tudo isso enquanto atrai novos fãs sem irritar os antigos, mantém um balanço positivo entre custos e faturamento e atende às expectativas de executivos e investidores. Não é uma tarefa fácil.

Imagem do jogo como serviço 'Rumbleverse'
Imagem do jogo 'Rumbleverse' - Divulgação

E todo esse trabalho vale a pena?

É uma aposta arriscada, mas que dá um retorno estrondoso quando o game cai nas graças de uma comunidade grande de jogadores. Alguns dos jogos de maior sucesso comercial da atualidade, como o battle royale "Fortnite", o jogo de tiro em primeira pessoa "CS:GO" e o multiplayer "GTA Online" adotam em alguma medida esse modelo.

Além disso, é uma forma de manter um jogo rentável por muitos anos. O MMORPG (RPG multiplayer online massivo) "World of Warcraft", por exemplo, foi lançado em 2004 e até hoje, quase 20 anos depois, rende dividendos para a Blizzard com a venda de expansões e assinaturas.

Esse modelo está superado?

Não é o que especialistas no mercado de games acreditam.

Oscar Clark, autor do livro "Games as a Service" e CEO da publisher Fundamentaly Games, vê a extinção de jogos "live service" como um acontecimento natural tendo em vista a desaceleração do mercado de games após a pandemia. Ele afirma também que isso se tornará cada vez mais comum à medida que um número maior de grandes desenvolvedoras apostam nesse modelo.

"Há um esforço crescente para se fazer mais jogos como serviço, e nós temos visto mais games de alto nível adotando esse modelo. Com mais e maiores jogos 'live service' sendo propostos, é inevitável que passemos a notar mais quando esses jogos inevitavelmente falharem", afirmou em artigo publicado no site PocketGamer.biz.

Serkan Toto, CEO da empresa de análise de mercado Kantan Games, lembra a compra da Bungie --desenvolvedora da conhecida série de jogos como serviço "Destiny"-- pela Sony e declarações do seu CEO, Jim Rayn, de que a empresa pretende lançar ao menos dez jogos "live service" até o fim de 2026, para reforçar a ideia de que os jogos como serviço vieram para ficar.

"Nós estamos apenas nos estágios iniciais de uma revolução dos jogos como serviço, especialmente nos consoles. [...] Existem ainda muitas lições para aprender, usuários para se acostumar a esse novo estilo de jogar e modelos de negócio para serem refinados. Muitos outros jogos 'live service' serão fechados, mas isso faz parte do avanço da indústria", afirmou ao site GamesIndustry.biz.


Play

dica de game, novo ou antigo, para você testar

Hi-Fi Rush

(PC e Xbox One/X/S)

Lançado de surpresa em janeiro deste ano, esse colorido game de ação rítmica marca uma mudança significativa de estilo da desenvolvedora Tango Gameworks, conhecida por jogos de terror e com temas pesados, como a série "The Evil Within" e "Ghostwire: Tokyo". Em "Hi-Fi Rush" o jogador assume o papel de um adolescente que sonha em ser um rockstar e se vê envolvido em uma conspiração envolvendo robôs e uma megacorporação maligna. O jogo está disponível no Xbox Game Pass.

Imagem do jogo 'Hi-Fi Rush', da Tango Gameworks
Imagem do jogo 'Hi-Fi Rush', da Tango Gameworks - Divulgação

Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • A Microsoft recusou proposta do órgão regulador da concorrência do Reino Unido de se desfazer de parte das propriedades da Activision Blizzard para que a aquisição da empresa fosse aprovada. Em contrapartida, a empresa sugeriu acordo com a Sony e com plataformas de jogos na nuvem para assegurar por dez anos a disponibilização de seus games, como a série "Call of Duty", na concorrência.
  • A Sony continua se opondo ao acordo. Segundo o site The Verge, a empresa enviou documento às autoridades britânicas afirmando que teme que, caso o negócio seja concluído, a Microsoft publique de forma intencional uma versão com bugs e erros de "Call of Duty" no PlayStation para minar a confiança dos consumidores em seu console.
  • A Epic Games lançou uma plataforma para que desenvolvedores publiquem seus próprios jogos em sua loja virtual. Em uma tentativa de superar a Steam, maior loja virtual de jogos de computador, a empresa afirma que cobrará dos desenvolvedores taxa de 12% pelas vendas em sua plataforma, menos da metade dos 30% cobrados pela concorrente.
  • A Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos) fechou uma parceria com os organizadores de Gamescom para expor mais de 50 jogos de desenvolvedores brasileiros na principal feira da indústria de games da Europa. O Brasil terá o status de parceiro oficial do evento deste ano, que acontecerá em Colônia, na Alemanha, de 23 a 27 de agosto.
  • A Meta anunciou redução de preço dos seus aparelhos de realidade virtual. O Quest Pro, modelo mais avançado, lançado em outubro, foi de US$ 1.500 (R$ 7.825) para US$ 1.000 (R$ 5.216). Já o Quest 2 de 256 GB foi de US$ 500 (R$ 2.608) para US$ 430 (R$ 2.243). Os aparelhos não foram lançados no Brasil.
  • Previsto para o primeiro semestre deste ano, o RPG de ficção científica "Starfield" só deve chegar às lojas em 6 de setembro. É o segundo adiamento do game da Bethesda, que teve lançamento anunciado inicialmente para novembro do ano passado.
  • "Honor of Kings", game mais popular do mercado chinês, foi lançado oficialmente no Brasil no último dia 8. O Moba (multiplayer online battle arena) para celulares da Tencent conta com um servidor brasileiro e foi totalmente localizado para o país, com menus traduzidos para o português e personagens dublados.
  • A Microsoft anunciou os próximos jogos que chegarão ao Xbox Game Pass em março. Aproveitando o remake de "Dead Space", já estão disponíveis no serviço as sequências "Dead Space 2" e "Dead Space 3". Nesta terça (14), "Valheim" chega ao serviço em acesso antecipado e, na quinta (16), será a vez de "Civilization 6".

Download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

14.mar

"The Legend of Heroes: Trails to Azure": R$ 209,99 (Switch), preço não divulgado (PC, PS 4)

"The Wreck": R$ 59,99 (Switch), preço não divulgado (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S)

16.mar

"The Dark Pictures: Switchback VR": R$ 214,90 (PS VR2)

17.mar

"Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon": R$ 299 (Switch)

"WWE 2K23": R$ 349,90 (PC, PS 4, Xbox One), R$ 399,50 (PS 5, Xbox X/S)

Promoções da semana

  • Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a Humble lançou uma promoção com jogos protagonizados por personagens femininas. Um pacote com oito games, incluindo "Control", Hellblade: Senua's Sacrifice" e "Sable", sai a partir de US$ 15 (R$ 78,26). Parte do valor arrecadado será doado para ONGs com programas que incentivam mulheres a trabalhar com games e tecnologia. A promoção vai até 29 de março.

  • Na última sexta (10), com parte das comemorações do Dia do Mario, a Nintendo colocou em oferta jogos protagonizados pelo encanador bigodudo para o Switch. Na primeira etapa da promoção, até 23 de março, estão com 32% de desconto jogos como "Mario Party Superstars", "Luigi’s Mansion 3" e "Donkey Kong Country: Tropical Freeze". Na segunda etapa, de 24 de março até 7 de abril, estarão com desconto jogos como "Mario Kart 8 Deluxe", "Super Mario Odyssey" e "Super Mario 3D World + Bowser’s Fury".

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