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Web Summit Rio sofre com lotação, mas é sucesso entre empresas

Negócios avaliam evento como positivo e projetam aumentar investimento para edição de 2024

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Rio de Janeiro

O público se deparou com filas, e teve gente de fora de aulas magnas e palestras durante o Web Summit Rio, a versão carioca da maior feira de tecnologia da Europa, com ingressos a partir de R$ 2.000.

Quem perdia as atrações, ficava sem acesso ao conteúdo do debate, já que apenas os encontros do palco principal eram transmitidos ao vivo. A voz dos palestrantes desse palco, ao menos, era mais audível na transmissão do que na arquibancada superior do Pavilhão das Artes do Riocentro, o maior espaço do local do evento.

CEO do Web Summit, Paddy Cosgrave, prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e outros participantes da abertura do evento, apresentada por Luciano Huck, da TV Globo. Ao fundo, há uma tela com o logo do evento e uma instalação de luzes laranjas e brancas.
CEO do Web Summit, Paddy Cosgrave, prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e outros participantes da abertura do evento, apresentada por Luciano Huck, da TV Globo - Ricardo Moraes/Reuters

Na hora de deixar o Web Summit, faltaram táxis e carros de aplicativo para os 21.367 pagantes. Filas se formaram com os participantes serpenteando pelo Riocentro. No primeiro dia, pessoas relataram esperar mais de duas horas para conseguir transporte.

Os assuntos foram vários: inteligência artificial, fintechs, cripto, inovação, dados, marketing, ambiente, educação, saúde e urbanismo.

Vozes críticas aos efeitos da tecnologia e pensadores, contudo, foram poucas. O entusiasta da inteligência artificial Ben Goertzel foi um dos poucos acadêmicos do evento, ao lado de Meredith Whittaker. Representantes da indústria predominaram entre os porta-vozes. Falou-se muito do presente e pouco do futuro.

Na concorrência direta com os Estados Unidos pela ponta no desenvolvimento de tecnologia, a China e seus inovadores ficaram de fora do Web Summit.

De qualquer forma, quem investiu no evento saiu satisfeito.

As palestras chamadas de masterclass, ministradas por parceiros que pagaram R$ 70 mil, estavam todas lotadas e receberam elogios. Tinham o formato mais longo do evento, com 45 minutos.

Apresentações de convidados internacionais, como a CEO do OnlyFans, a ex-informante do WikiLeaks a presidente do aplicativo de mensagens com sigilo Signal, por sua vez, tiveram 25 minutos.

Para o head de marketing da empresa de pagamentos Stone, Rodolfo Luz, o Web Summit é um evento para relacionamento. "Fomos surpreendidos positivamente com o que vimos e com a receptividade que tivemos com a nossa masterclass."

"Sabíamos que por ser o primeiro dessa magnitude no Brasil, algumas questões na organização poderiam acontecer, porém isso não impactou diretamente na nosso participação e nas nossas ativações", acrescentou Luz.

O Banco do Brasil montou dois estandes grandes, um deles com simulação de atendimento no metaverso. A empresa de auditoria KPMG levou um robô humanoide de 1,5 metro que rendeu fotografias.

Já quem não montou um estande se disse arrependido. Executivos ouvidos pela reportagem, sob anonimato, já fazem planos para a edição de 2024.

Entre as startups, foram quase mil participantes em busca de contatos e financiamento, de acordo com a organização.

Baseada em Vitória (RS), a Jade Autism, que promete educação inclusiva por meio de tecnologia para pessoas no espectro autista, recebeu o prêmio de melhor proposta e ficou no centro dos holofotes.

Delegações estrangeiras, vindas de Suíça, Espanha e Ucrânia, também participaram do Web Summit. O representante da startup suíça Upgrain, Eduard Müller, afirma ter conseguido contato com empresas alimentícias e cervejeiras, incluindo a gigante Ambev. Ele espera entrar no mercado brasileiro em 2024 com alimentos reciclados a partir da cevada da cerveja.

Procurada pela Folha, a organização do Web Summit reafirmou o compromisso de realizar mais cinco edições do evento de tecnologia na capital carioca. A organização, capitaneada de Portugal, se disse surpresa com a procura por lugares na noite de abertura, depois de deixar pagantes de fora do evento. Garantiu que essas pessoas seriam acolhidas nos mais de 21 palcos abertos nos três dias de apresentação.

Quem também faturou com o evento foi a cidade. A prefeitura do Rio de Janeiro projeta que o Web Summit deve movimentar mais de R$ 1,2 bilhão na cidade até 2028.

"O evento superou as nossas expectativas, e acredito que do Paddy [Cosgrove, CEO do Web Summit] e do Artur [Pereira, vice-presidente do Web Summit] também", afirmou, em nota, Alexandre Vermeulen, CEO da Invest.Rio, agência de promoção e atração de investimentos da Prefeitura.

Em palestra no palco principal do Web Summit, o prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ) compartilhou planos de atrair o setor de inovação para a cidade. "Primeiro, temos o Porto Maravalley, que vai receber um hub de startups e a primeira faculdade de graduação do Impa [Instituto de Matemática Pura e Aplicada], o ImpaTech, que vai olhar mais para a matemática aplicada e a ciência da computação", disse.

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