Caos resume o dia de abertura do Web Summit. Quem chegou depois das 17h não conseguiu entrar, apesar de ter pago R$ 2.000 no ingresso do evento que ocorreu no Rio do dia 1º a 4 de maio. A organização alega que avisou pelo aplicativo durante o dia todo que haveria lotação máxima menor do que o total de ingressos vendidos, o que é algo um tanto inusitado. Além disso, quem estava dentro relatava lugares disponíveis.
De qualquer forma, nunca é um bom sinal um evento que começa com organização berrando em megafones: "Esgotado, ninguém mais entra."
Na tentativa de aplacar a frustração, ônibus do Web Summit levavam quem ficou de fora para os bares da avenida Olegário Maciel, na Barra da Tijuca, para "prolongar o networking".
O problema era que ele deixava os participantes num quarteirão vazio, repleto de bancos fechados, e os motoristas não davam qualquer sinalização para onde ir. Me senti como no meme do John Travolta perdido.
A lotação foi um dos principais gargalos do Web Summit, principalmente nos dois primeiros dias de palestras. As filas para cada apresentação eram enormes, e as vagas, poucas.
Depois de ser barrado em uma palestra, você corria para outra de seu interesse do outro lado do Riocentro. Em vão. Ela também já não tinha mais lugares. Perdi a conta de quantas eu não consegui ver, mesmo chegando com alguns minutos de antecedência.
Quando, enfim, dava para ao menos entrar (sentar já é exigir demais), o som era ruim, seja porque havia poucos fones de ouvido disponíveis, seja porque os múltiplos ruídos dentro do pavilhão competiam entre si. Ouvi relatos de mediadores que não ouviam direito nem os palestrantes de sua mesa.
A praça de alimentação também não era suficiente. Na terça e na quarta, filas de até uma hora para pedir comida —cara, em pequena quantidade e de qualidade apenas razoável. Me sentia em um festival de música. As únicas filas um pouco menores eram de food trucks na área externa, no sol carioca de 30°C. De jeans e camisa, não tive coragem.
Não é um problema do Web Summit em si, mas chegar e sair do Riocentro é sempre caótico. Na chegada, muito trânsito. Na saída, além do engarrafamento das 18h, o valor do Uber estava nas alturas e a espera de até uma hora.
Ponto positivo para o aplicativo do Web Summit, bastante funcional e com ótimos recursos, apesar de não sinalizar alguns eventos cancelados, como a da ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara, na quinta.
A variedade de assuntos da programação também merece elogios. Inteligência artificial, fintechs, cripto, inovação, dados, marketing, meio ambiente, educação, saúde, urbanismo, dentre outros, mostram que é um dos principais eventos de tecnologia do mundo. Quem foi para fazer networking se deu bem, com a presença de profissionais do Brasil inteiro e de vários países do mundo. Foram mais de 21 mil participantes de 91 países e quase mil startups presentes.
Como pontuou o prefeito Eduardo Paes (PSD) no Web Summit, o Rio tem pretensões de se consolidar como uma capital global de tecnologia. E caminha bem para isso, recebendo eventos do porte do Web Summit.
Para a edição de 2024 (outras quatro já estão previstas), vale olhar para esses detalhes para que o preço do ingresso valha a experiência por completo.
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