Drauzio Varella encontrou no Youtube uma forma de chegar até os jovens

Eleito o melhor influenciador de saúde, médico fala sobre desafios de aprender nova linguagem

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São Paulo

Eleito o melhor influenciador digital na categoria saúde pelo Datafolha, o médico e escritor Drauzio Varella, 80, diz que foi a epidemia de Aids, nos anos 1980, e a desinformação que havia sobre a doença no país que despertaram o seu lado de comunicador.

Na época, ele passou a produzir conteúdo para rádios sobre os cuidados para a prevenção do vírus HIV. Em 2000, estreou uma coluna na Folha e participações no Fantástico, da Rede Globo, e também deu início ao seu portal de saúde. Daí para se tornar "influencer" foi um pulo. Hoje, só o seu canal do YouTube passa de 3,5 milhões de inscritos.

"Quando me sugeriram abrir um canal no YouTube, achei absurdo, achava que não casava bem com a minha profissão. O que via nesses canais eram médicos fazendo autopromoção, sem embasamento científico. Achava e ainda acho isso muito feio", afirma ele.

O médico e escritor Drauzio Varella, eleito o melhor influenciador digital na saúde, em seu escritório em São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

A mudança de opinião veio quando percebeu que, se quisesse se comunicar com os jovens para divulgar informações sobre saúde, teria de aprender a nova linguagem.

Segundo ele, comunicar-se com as redes exige uma rapidez e uma concisão nas explicações que nem sempre os médicos estão habituados. Mas afirma que é possível aprender a condensar o que é mais relevante sobre determinado assunto.

"Se você tem apenas 30 segundos para transmitir uma informação sobre saúde, é claro que será incompleta, mas você pode transmitir uma ideia, uma verdade científica", afirma.

O médico diz que até hoje se impressiona de ver tantas crianças e adolescentes entre os seguidores.
Entre o público infantojuvenil, as brincadeiras em seus vídeos são o que mais faz sucesso. "Quando faço alguma gozação, as coisas viralizam. Alguns têm 2, 3 milhões de visualizações."

Para Drauzio, não é possível falar com pessoas 50, 60, até 70 anos mais jovens do que ele sem buscar uma linguagem adequada. "Mas não pode ser a imitação da linguagem deles, porque aí fica ridículo."

Para ele, a linguagem com crianças e adolescentes deve ser a mesma usada com adultos. "Só que colocadas de um jeito que as crianças entendam. É um desafio enorme."

Uma de suas alegrias é quando consegue, a partir dos seus vídeos, ajudar as pessoas a mudarem hábitos não saudáveis. "O principal que eu ouço é: ‘larguei de fumar depois de ter visto um vídeo seu’."

Pautas como a sexualidade também rendem muitas visualizações. "Gravei um vídeo falando que a homossexualidade é um fenômeno biológico assim como a heterossexualidade. No final eu dizia: ‘que diferença faz para você se seu vizinho divide a cama com outro homem? Se faz diferença é você que não está legal, procure um psiquiatra’. Esse vídeo tem uns dez anos e já teve milhões de acessos."

Drauzio foi citado por 19% dos entrevistados da pesquisa Datafolha como principal influenciador da saúde, bem à frente do segundo colocado, o médico Paulo Muzy, que obteve 5% das menções.

A pesquisa Datafolha foi feita entre 2 e 9 de maio de 2023, com 1.500 entrevistas online. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

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