Descrição de chapéu melhor da internet

Fabio de Melo supera papa e Malafaia como religioso mais influente da internet, aponta Datafolha

Padre começou sério nas redes sociais, mas aos poucos foi aprendendo a dosar humor e espiritualidade

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São Paulo

As redes sociais ascenderam no país junto com sua ordenação clerical, no começo do século 21. Sua relação com elas começou a ficar séria anos depois, quando um rapaz que havia o acompanhado como pianista criou uma conta no Twitter para ele. Aí veio a amiga Guilhermina Guinle e sugeriu: por que não o Instagram?

O traquejo online fez com que em 2023 o padre Fabio de Melo, 52, fosse apontado em pesquisa Datafolha como religioso mais influente do Brasil. Dos 1.500 entrevistados em enquete virtual, de 2 a 9 de maio, 16% o citaram, o dobro do segundo colocado, Marcelo Rossi. Em seguida vêm pastor Claudio Duarte, papa Francisco e Silas Malafaia. A margem de erro é de três pontos percentuais.

O padre Fabio de Melo, 52, eleito o maior influenciador religioso da internet em pesquisa Datafolha  - Marcelo Correa/Editora Globo

A peregrinação digital começou quando Melo já era popular por fundir sacerdócio e cantoria. Ele conheceu a potência das redes, para o bem ou para o mal, no Twitter, onde 8,5 milhões o seguem.

Sua personalidade cibernética nasceu mais séria. No princípio era o mais sisudo possível. Professor universitário de teologia e filosofia, ele também queria ser respeitado e ir além do rótulo de "padre bonitinho que apareceu aí e canta também".

Certo dia, Melo achou engraçada a apatia no público num prêmio musical e gracejou: isso que dava confiar em plateia com gente famosa. O humorista Marcelo Médici republicou o post, e o clérigo ganhou vários seguidores de fora da bolha católica.

Com o tempo, diz, foi aprendendo a dosar humor e espiritualidade. Não queria se limitar a ser o palhaço da sala. "Compreendo todo espaço de fala como oportunidade de fazer uma ponte entre as pessoas e o Evangelho." Ele diz que o auge de sua presença virtual aconteceu na pandemia. Chegou a participar de missas que agregaram até 700 mil pessoas ao vivo na época, afirma.

Suas palavras evangelizadoras por vezes se mesclam a críticas sociais. Foi o que fez ao repudiar o racismo sofrido pelo jogador Vini Jr.

Às vezes vai parar em sites de fofoca e gera manchetes como "Polêmicas Sobre o Padre que Ferveram a Web". Essa foi de 2017, quando um portal reproduziu uma selfie vestida de marinheiro que Melo postou e apagou. O site também mencionou uma fake news de que ele largaria a batina após se apaixonar por uma mulher.

O padre até já cogitou desistir da vida clerical. Rompeu o voto de castidade e tudo. Mas ainda era seminarista, e o romance acabou porque a moça mudou de cidade, explicando que ele nasceu para ser padre, como conta o biógrafo Rodrigo Alvarez em "Humano Demais".

Como religioso predileto da internet, está sob escrutínio. Foi acusado de gordofobia e se desculpou por postar vídeo de um homem obeso caindo sobre outro na praia.

Política é terreno pantanoso. Ele diz que já se posicionou no passado, mas hoje evita declarar preferências. Se vê num fogo cruzado: é atacado tanto por "conservadores que me acham moderno demais" quanto por "esquerdistas que me acham conservador". Ele tem uma visão mais pacata sobre si. "Moderno por fora, antigo por dentro."

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