IA de ex-funcionários do Google acerta mais que ChatGPT gratuito

Startup de 35 pessoas que chamou atenção de Bill Gates lançou modelo de linguagem nesta quinta

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São Paulo

A startup de inteligência artificial (IA) Inflection anunciou nesta quinta-feira (22) seu próprio modelo de linguagem usado no chatbot Pi, um concorrente que sai à frente da versão gratuita do ChatGPT.

Com o anúncio, a Inflection passa a vender acesso ao modelo, chamado de Inflection-1, para empresas e desenvolvedores, assim como faz a OpenAI, criadora do ChatGPT. O acesso ao Pi continua gratuito e pode ser feito via web, WhatsApp, Messenger e Instagram.

A startup fundada por dois ex-funcionários do braço de IA do Google tem 35 pessoas e diz trabalhar no relatório de um novo modelo com capacidade computacional similar no nível do GPT-4.

Repórter perguntou a Pi: "Podemos ter um diálogo parecido a uma sessão de psicoterapia?" O chatbot respondeu: "Que ótima ideia! Vamos conversar de forma aberta e sem julgamento sobre tudo que você quer falar. Pense nisso como uma sessão de "só ouvir" o que você tem a dizer. Isso pode ser muito libertador e pode ajudar você a entender seus pensamentos e emoções mais profundos. Quer começar?"
Inteligência artificial Pi costuma encerrar respostas com perguntas. Chatbot depois alertou que não era psicólogo e o diálogo não visaria promover benefícios clínicos - Reprodução/Inflection.AI

"Isso foi possível com uma equipe enxuta, porque tivemos financiamento para ter o maior número de chips da Nvidia entre as startups de IA", afirmou o chefe-executivo da Inflection, Mustafa Suleyman em evento de tecnogia da Bloomberg desta quinta.

A Inflection é financiada pelo fundo de risco Greylock, liderado pelo cofundador do LinkedIn Reid Hoffman. O ex-cientista-chefe do Google DeepMind Karén Simonyan está por trás da parte técnica da startup.

Os testes feitos pela própria Inflection colocam o Inflection-1 à frente dos modelos de linguagem LLaMA, do Facebook, e PaLM-540B, equipado no Bard do Google até 10 de maio. O chatbot do Google agora está equipado com o mais ágil PaLM2, mas não está disponível no Brasil nem na Europa.

No evento, Suleyman também alfinetou o modelo de anúncios do gigante das buscas. "Ninguém quer ter no bolso uma IA financiada por anunciantes interessados em dados. Sua inteligência artificial precisa ser de confiança."

O Google coleta durante as conversas com o Bard, além das mensagens, dados de geolocalização, endereço de IP e checa se o usuário está em casa, no trabalho ou em outro lugar. Plataformas de publicidade usam essas informações para ajustar anúncios.

O mote da Inflection é entregar uma inteligência artificial personalizada ao público. Diferentemente da criadora do ChatGPT, OpenAI, a startup de Suleyman diz que sua plataforma é uma IA focada em conversas e não tem pretensões de ser capaz de responder sobre qualquer assunto.

Ainda no evento da Bloomberg, o chefe-executivo da desenvolvedora de chips para smartphone Qualcomm, Cristiano Amon, afirmou que trabalha com Microsoft, Google e Samsung para levar os grandes modelos de linguagem a celulares. Isso abriria novas possibilidades para aplicativos, de acordo com ele.

O chefe-executivo da OpenAI, Sam Altman, também participou do evento e afirmou que startups precisam de espaço para inovar sem constrangimento de regulações. Para ele, negócios menores precisam de brechas para se manter competitivos ante os gigantes da indústria tecnológica.

Altman reiterou sua posição a favor de uma governança global para controlar riscos no desenvolvimento de IA. "Sei que isso não é fácil, mas é urgente."

O executivo da OpenAI reconheceu que a inteligência artificial representa ameaças contra a humanidade, mas afirma que a IA também pode resolver o problema da escassez de alimentos no planeta. "Você impediria a tecnologia com potencial de acabar com a fome?"

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