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Threads, rival do Twitter, supera 30 milhões de usuários no lançamento

Analistas dizem que rede social da Meta pode se tornar uma ameaça ao site de Elon Musk

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Nova York | AFP

Ao menos 30 milhões de pessoas se registraram no Threads, a nova rede social da Meta para rivalizar com o Twitter, anunciou o CEO do grupo, Mark Zuckerberg, nesta quinta-feira (6).

O aplicativo, que entrou em operação na quarta-feira (5) às 20h (horário de Brasília) em cem países e que funciona no momento sem anúncios publicitários, é a maior ameaça contra o Twitter, de propriedade de Elon Musk e que enfrenta problemas por diversos motivos.

"Vamos lá. Bem-vindos a Threads", escreveu Zuckerberg, em sua conta ao lançar a nova plataforma.

"Uau, 30 milhões de contas" anunciou nesta quinta-feira pouco depois das 15h (12h pelo horário de Brasília). "Diria que estamos diante de algo excepcional, mas temos ainda muito trabalho pela frente para construir o aplicativo".

Logo do Threads - Dado Ruvic/Reuters

Mais cedo, havia desafiado Musk: "Vai levar algum tempo, mas acredito que deveria haver uma plataforma de conversas públicas com mais de 1 bilhão de pessoas. O Twitter teve a oportunidade de fazer isso, mas não conseguiu. Espero que nós consigamos".

Em sua primeira mensagem no Twitter em mais de uma década, Zuckerberg postou o meme do Homem-Aranha apontando outro Homem-Aranha, em uma aparente referência às semelhanças entre as duas redes sociais.

Na App Store, a plataforma aparece descrita como "o aplicativo de rede social baseado em texto do Instagram", uma apresentação que, adicionada às imagens, parece semelhante ao Twitter.

"Esperamos que [a Threads] possa ser uma plataforma aberta e acolhedora para o debate", escreveu o CEO do Instagram, Adam Mosseri. "Se isso é o que você também quer, o melhor é ser amável".

"Threads é onde as comunidades se juntam para discutir tudo, desde os temas que nos preocupam hoje aos que serão tendência amanhã", diz a descrição do aplicativo nessas lojas digitais.

"Estamos pensando em uma rede social independente e descentralizada para compartilhar mensagens de texto em tempo real", afirmou o grupo em um comunicado enviado à AFP na terça-feira.

Habitualmente muito ativo no Twitter, Musk não reagiu ao lançamento da Threads.

Um eventual revés para o Twitter

A Meta não fez uma comunicação formal sobre o lançamento da plataforma, que acontece poucos dias depois de uma nova polêmica relacionada ao Twitter.

No sábado, o principal acionista da rede do pássaro azul, Elon Musk, anunciou a imposição de um limite na quantidade de visualizações acessíveis aos usuários que não caiu nada bem entre tuiteiros, desenvolvedores e anunciantes.

A decisão faz parte de uma série de mudanças que o magnata tem implementado na plataforma e que foram mal recebidas, como as novas regras para perfis verificados mediante assinatura e a demissão de quase todo o pessoal dedicado à moderação de conteúdo.

Além disso, na segunda-feira, o Twitter anunciou que a extensão TweetDeck, bastante popular entre usuários mais assíduos e empresas, apenas seria acessível através do plano de assinatura.

Por ora, a Meta optou por não oferecer a Threads aos residentes da União Europeia, até que se esclareçam as implicações para a empresa e seus produtos com base no novo Regulamento de Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês), que entrou em vigor no início de maio, segundo uma fonte familiarizada com o tema.

O DMA busca impor regras específicas para as empresas essenciais de internet, sobretudo a Meta, para evitar práticas anticompetitivas.

Não obstante, o grupo de Menlo Park (Califórnia) pretende, no longo prazo, lançar a Threads na União Europeia, em uma data ainda por definir, indicou uma fonte próxima do tema.

Plataforma de decolagem

A Meta não esconde sua estratégia para que seu aplicativo recém-lançado cresça rapidamente, pois, desde o primeiro momento, decidiu apresentá-la como um braço do Instagram, que é "o produto mais bem-sucedido da família Meta", afirma Pinar Yildirim, professora de marketing da Wharton School da Universidade da Pensilvânia.

"Não podiam associar este novo produto com o Facebook, porque esse nome já não agrada a ninguém".

Com mais de dois bilhões de usuários ativos, o Instagram oferece ao Threads uma plataforma de decolagem, com a qual sonhariam os competidores menores do Twitter, como Mastodon e Bluesky, ou as redes preferidas dos ultraconservadores como Truth Social, Speak, Gettr e Gab.

Assim, a Threads permite aos usuários do Instagram se autenticarem diretamente se já tiverem um perfil para publicar conteúdo na nova plataforma.

"A equação é simples: se um usuário do Instagram com uma quantidade significativa de seguidores, como [Kim] Kardashian, [Justin] Bieber ou [Lionel] Messi começar a publicar na Threads com regularidade, a nova plataforma pode crescer rapidamente e acredito que os orçamentos publicitários vão seguir pelo mesmo caminho no curto prazo", escreveu o analista Brian Wieser da Substack.

Algumas celebridades já pareciam contar com perfis na Threads na hora do lançamento, entre elas a cantora Shakira, a modelo Karlie Kloss e o ator Jack Black.

Esta tendência pode ser ainda mais preocupante para o Twitter, pois a companhia baseada em San Francisco viu suas receitas com publicidade evaporarem desde a chegada de Elon Musk.

Em relação aos dados pessoais dos usuários coletados pela Threads, a descrição indica que serão coletados, entre outros, os contatos e a geolocalização, que serão utilizados com fins publicitários.

Threads é ameaça séria para Twitter, dizem analistas

O Threads pode rapidamente se tornar uma grande ameaça para o Twitter graças ao seu fácil acesso a bilhões de usuários do Instagram, uma interface semelhante à de seu rival e o peso publicitário da gigante da mídia social, disseram analistas e especialistas do setor à agência de notícias Reuters.

"O lançamento do Threads pela Meta veio no momento perfeito para dar a ele uma chance de derrotar o Twitter", disse Niklas Myhr, professor de marketing da Chapman University, referindo-se à turbulência no Twitter depois que a rede limitou o número de tuítes que os usuários podem ver.

"O Threads começará acelerado, pois é construído sobre a plataforma do Instagram com sua enorme base de usuários e, se os usuários adotarem o Threads, os anunciantes seguirão de perto."

Atualmente, não há anúncios no aplicativo Threads e o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, disse que a empresa só pensará sobre monetização quando houver um caminho claro para 1 bilhão de usuários.

Os relacionamentos de anúncios existentes do Instagram e do Facebook devem ajudar a receita da Threads, disse Pinar Yildirim, professora associada de marketing da Wharton School da Universidade da Pensilvânia.

"O Facebook é uma aposta menos incerta em comparação com o Twitter e um player maior no mercado de anúncios."

Embora o Threads seja um aplicativo independente, os usuários podem fazer login usando suas credenciais do Instagram, o que o torna uma adição fácil para os mais de 2 bilhões de usuários ativos mensais do Instagram.

O Twitter, em comparação, tinha 229 milhões de usuários ativos mensais em maio de 2022, de acordo com um comunicado feito antes da compra da plataforma de mídia social por Musk.

Com Reuters

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