Descrição de chapéu tecnologia África

África se inspira no Brasil para desenvolver indústria de games

CEO e fundador da nigeriana Maliyo Games esteve no Brasil para o BIG Festival

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São Paulo

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Fundador e CEO do estúdio Maliyo Games, Hugo Obi dedicou os últimos dez anos de sua vida à indústria africana de games. Tentando ampliar a participação do continente em um mercado que gerou quase US$ 200 bilhões (R$ 950 bilhões) no ano passado, o executivo vê o Brasil como um exemplo a ser seguido.

"A indústria brasileira demonstrou que é possível competir no mercado global independentemente de enfrentar desafios como disponibilidade de mão de obra qualificada, financiamento e infraestrutura. Dá para fazer parte de um mercado global e ser relevante nele", afirmou Obi à Folha.

Homem negro vestindo uma blusa de moleton cinza escuro em frente a um painel roxo do BIG Festival
Hugo Obi, CEO e fundador da desenvolvedora nigeriana de games Maliyo Games, após palestra no BIG Festival, em São Paulo - Tiago Ribas/Folhapress

Apesar dos mais de 4.000 km de distância que separam o Brasil de Lagos (capital da Nigéria), onde fica a sede da Maliyo Games, ele identifica mais semelhanças que diferenças entre os dois mercados. Além de desafios sociais, ambos os países contam com uma população de pouco mais de 200 milhões de habitantes e um mercado de games baseado fortemente em títulos para dispositivos móveis.

"Nós vamos chegar a 600 milhões de usuários de smartphones em dois anos [na África subsaariana]. As pessoas já têm esses computadores em suas mãos que elas usam para acessar redes sociais, assistir filmes e também jogar games", afirmou Obi."Meu objetivo é transformar esse mercado consumidor em um mercado também produtor."

Segundo dados da consultoria Newzoo, a África e o Oriente Médio têm 15% da população consumidora de games, mas foram responsáveis por apenas 4% do faturamento mundial do setor em 2022. Ainda assim, foi a região que mais cresceu em faturamento (cerca de 10%) em relação ao ano anterior, com a América Latina em segundo lugar (6,9%).

Foi de olho no crescimento desse mercado que Obi fundou em 2012 a Maliyo Games, que cria jogos com inspiração em elementos da cultura africana. Ele conseguiu se consolidar no mercado do continente e conta hoje com 30 funcionários espalhados em cinco países (Nigéria, Gana, Camarões, Quênia e África do Sul). Sua empresa, no entanto, ainda é uma exceção.

"A situação na Nigéria é similar à da maioria dos países na África. São pouquíssimos estúdios, há pouca mão de obra treinada e muitas oportunidades inexploradas. Talvez isso seja um pouco diferente em Marrocos, onde a Ubisoft já teve um estúdio, e na África do Sul, que já lançou vários games de sucesso, mas o resto da África está bem atrás", afirma.

O foco principal do seu estúdio é a produção de games para o mercado africano. Por isso, seus jogos são todos gratuitos, fortemente influenciados pelas culturas do continente e desenvolvidos para dispositivos móveis.

Seu maior sucesso é "Whot King", um jogo de cartas com regras parecidas com "Uno" popular em países como Nigéria, Gana, Benin e Togo, mas seu catálogo inclui jogos de diversos gêneros. "Aboki Run", por exemplo, é um "endless runner" que faz referências a lendas africanas, e "Jungle Escape" é um "side scrolling" em que o jogador precisa pilotar um avião desviando de perigos e coletando moedas na selva.

Imagem do jogo 'Whot King', desenvolvido pelo estúdio nigeriano Maliyo Games
Imagem do jogo 'Whot King', da Maliyo Games - Reprodução

Essa estratégia, porém, é vista por Obi como um ponto de partida para seu objetivo de ampliar a participação da África no mercado global de jogos eletrônicos.

"A indústria de games é bastante diversa. Nós deveríamos ter africanos envolvidos nessas equipes para construir algo que seja verdadeiramente para o mundo todo. Não há motivo para que estúdios no Japão, na Suécia ou no Brasil não trabalhem com estúdios na Nigéria, em Gana ou na África do Sul em um projeto global", afirma Obi. "Nós podemos contribuir."


Play

dica de game, novo ou antigo, para você testar

Terra Nil

(PC, Android e iOS)

Falando em jogos da África, um dos maiores sucessos recentes a sair do continente foi "Terra Nil". Esse game tranquilo de estratégia foi criado pelo estúdio sul-africano Free Lives e subverte o gênero de construção de cidades. Ao invés de criar estruturas cada vez mais complexas para gerar dinheiro e crescimento, o jogador tem como objetivo recuperar o ambiente em um cenário devastado e, por fim, apagar qualquer traço de presença humana para deixar a natureza seguir seu curso. A versão do jogo para dispositivos móveis é exclusiva para assinantes da Netflix.


Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • A Microsoft anunciou um crescimento de 1% no faturamento de sua divisão de games no último trimestre do seu ano fiscal (abril a junho). O crescimento ficou abaixo das expectativas da empresa, ainda assim, com faturamento de US$ 15,5 bilhões (R$ 73,3 bilhões) no ano fiscal, ela alcançou sua segunda melhor marca, atrás apenas dos US$ 16,2 bilhões (R$ 76,6 bilhões) de 2022.
  • A Capcom anunciou um aumento de 99% no seu faturamento no trimestre de abril a junho. O crescimento foi atribuído ao bom resultado nas vendas de "Street Fighter 6" (2 milhões de cópias), lançado em junho, e de "Resident Evil 4 Remake" (5 milhões de cópias), lançado em março.
  • A Sony anunciou que ultrapassou a marca de 40 milhões de unidades vendidas do PlayStation 5. Segundo o site GamesIndustry.biz, o ritmo de venda do console é semelhante ao do PlayStation 4, que alcançou a marca dois meses antes em relação ao seu lançamento. Não é um mal resultado considerando que o lançamento do console foi impactado pelos problemas de logística resultantes da pandemia de Covid-19.
  • O jogo "Dreams" será disponibilizado gratuitamente para assinantes do serviço PlayStation Plus em agosto. Curiosamente, a Media Molecule, desenvolvedora do game, afirmou que deixaria de dar suporte online ao título em 1º de setembro. Também ficarão disponíveis para os assinantes "Death’s Door" e "PGA Tour 2K23".
  • A CD Projekt Red, desenvolvedora da série "The Witcher", anunciou que irá demitir cem pessoas durante um processo de reestruturação. As demissões vão se estender até março de 2024 e atingirão 9% da força de trabalho da empresa polonesa.
  • A Nintendo planeja lançar um novo console no segundo semestre de 2024, afirmou o site VGC citando fontes anônimas. Segundo a publicação, alguns estúdios parceiros da empresa japonesa já teriam recebido kits de desenvolvimento de jogos para o seu próximo console, que, assim como o Switch, poderia funcionar em modo portátil.
  • A Ubisoft cancelou uma sequência do game "Immortals Fenyx Rising", afirmou o site VGC. Segundo a publicação, o jogo estaria em desenvolvimento inicial no estúdio da publicadora em Quebec. Em resposta, a empresa afirmou está realocando seus funcionários e recursos para projetos ainda não anunciados e focando esforços em suas principais marcas.
  • A BGS (Brasil Game Show) anunciou que, pela primeira vez, o evento de games grasileiro contará com a participação da Sega. Segundo a organização do evento, a desenvolvedora japonesa criadora de ‘Sonic’ contará com um estande de 500 m². O evento será realizado entre os dias 11 e 15 de outubro, em São Paulo.

Download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

3.ago

"Baldur's Gate 3": R$ 199,99 (PC)

"Adore" (jogo brasileiro): R$ 34,99 (PC), R$ 37,99 (Switch), R$ 49,95 (Xbox One/X/S), preço não disponível (PS 4/5)

"Flutter Away": R$ 59 (Switch), preço não disponível (PC)

8.ago

"Gord": R$ 129 (PC), R$ 149,99 (Xbox X/S), R$ 174,50 (PS 5)

"Tower of Fantasy": R$ 59,50 (PS 5)

"WrestleQuest": R$ 112,45 (Switch), preço não disponível (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S)

Promoção da semana

Paralelamente ao lançamento de "Baldur’s Gate 3", a Humble Bundle está vendendo um pacote de jogos clássicos de RPG baseados no universo de Dungeons & Dragons. Por US$ 12 (R$ 56,75) você leva oito jogos, incluindo versões remasterizadas dos primeiros dois jogos da franquia "Baldur’s Gate". A promoção acaba em 9 de agosto e parte do valor arrecadado irá para instituições de caridade.

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