Apple dá raro desconto em iPhones na China de olho na queda da demanda

Enfrentando forte concorrência de rivais domésticos, empresa vai oferecer promoções durante quatro dias no país

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Alexandra Stevenson
Hong Kong | The New York Times

Já comprou celular novo com desconto na loja da Apple? Para a maioria das pessoas, a resposta é não. Isso porque a empresa não costuma dar descontos.

Mas na China, a Apple está reduzindo o preço de alguns de seus últimos iPhones em US$ 70 (R$ 340), temendo que os consumidores chineses tenham se distanciado marca.

Isso significa cerca de 6% a 8% de desconto para o comprador, com base nos preços no site da Apple na China. A empresa também reduziu US$ 112 (R$ 544) do preço de alguns notebooks MacBook Air. A promoção começará na quinta-feira (18) e irá até domingo (21).

Consumidores em loja da Apple em Pequim, na China; empresa dará desconto nesta semana no país - Thomas Peter - 16.set.2022/Reuters

Reduzir os preços de eletrônicos topo de linha para compradores na China é uma medida inesperada da Apple, que destaca os desafios que a empresa americana enfrenta no país, onde os consumidores patriotas estão escolhendo marcas domésticas em meio às crescentes tensões com os Estados Unidos.

A Apple e sua rival chinesa, Huawei, estão na linha de frente de uma batalha tecnológica entre Pequim e Washington, que levou ambos os países a restringir o acesso à tecnologia estrangeira.

Há muito tempo desconfiados dos laços estreitos da Huawei com o governo chinês e temerosos de que sua tecnologia possa ser usada para espionagem, os funcionários dos EUA impediram que agências federais comprassem equipamentos da Huawei e tentaram desencorajar outros países também.

A China, por sua vez, emitiu diretrizes para que alguns de seus funcionários do governo não usem iPhones no trabalho e incentivou marcas domésticas.

A troca de farpas não é boa para os negócios. A Apple tem muito a perder com o aumento das tensões entre Estados Unidos e China, um mercado enorme que representa um quinto de sua receita total.

As vendas totais de smartphones na China caíram cerca de 3% em 2023 devido à desaceleração da economia do país. A China também é a única grande economia a entrar em deflação, à medida que os chineses reduzem os gastos e as economias domésticas aumentam.

A Huawei mirou a participação de mercado da Apple na China, lançando recentemente um smartphone com uma câmera aprimorada, algo que a Apple sempre anunciou como um ponto de venda.

A Apple informou em novembro que suas vendas totais na China haviam caído 2,5%. A empresa relatou uma queda nas vendas por três trimestres ao longo do último ano.

Descontos não são incomuns antes do Ano Novo Lunar, que ocorre no próximo mês e é um dos maiores períodos de compras do ano na China.

A promoção atual da Apple inclui uma imagem de um dragão gigante feito de iPhones, Apple Watches e AirPods, em referência ao próximo ano do dragão no zodíaco chinês.

Os descontos provocaram debate nas redes sociais chinesas nesta segunda-feira (15).

"A Apple só reduzirá o preço de seus celulares quando os produzidos aqui se tornarem mais populares", escreveu um blogueiro conhecido como Victorious Zhang Beihai. Outro comentarista escreveu: "Ainda está muito caro. Eu apoio os celulares domésticos".

A promoção de Ano Novo Lunar da Apple é "uma medida não comumente vista no passado", disse Toby Zhu, analista sênior da Canalys, uma empresa de pesquisa de mercado.

A pesquisa da Canalys indica que as vendas da Apple na China caíram no verão em comparação com 2022, mas a empresa ainda detém cerca de 66% do mercado de smartphones de topo de linha na China.

Zhu acrescentou que os modelos de iPhones em promoção parecem já ter esgotado. Ainda assim, ele acrescentou: "Isso indica os desafios que a Apple está enfrentando no mercado da China continental".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.