Microsoft faz acordo para bancar geração de energia limpa e alimentar data centers

Avanço da inteligência artificial impõe alta na demanda de energia e vira ponto de atenção para transição energética

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Antoine Gara Amanda Chu Rachel Millard
Londres, Nova York (EUA) e São Francisco (Estados Unidos) | Financial Times

A Microsoft vai financiar projetos de energia renovável a serem desenvolvidos pela Brookfield Asset Management, em um acordo para honrar os seus compromissos com a energia limpa, enquanto satisfaz a demanda pela inteligência artificial (IA).

O acordo assinado pela gigante de Seattle (EUA) um compromisso de produzir 10,5 gigawatts, o suficiente para abastecer 1,8 milhão de residências. A energia será adicionada às redes de eletricidade que abastecem os datacenters da empresa.

A Brookfield disse que o volume é oito vezes maior do que o maior acordo de compra de eletricidade renovável já feito, entre a empresa de mineração Rio Tinto e uma fazenda solar australiana.

O presidente executivo e CEO da Microsoft Corporation, Satya Nadella, fala durante o evento "Microsoft Build: AI Day" em Jacarta, Indonésia, em 30 de abril de 2024. - REUTERS

A Microsoft espera que a parceria com a Brookfield ajude a financiar a criação de novas fazendas eólicas e solares a serem construídas entre 2026 e 2030, começando pelos Estados Unidos e pela Europa.

Adicionar 10,5 GW de capacidade custaria mais de US$ 10 bilhões, segundo números recentes do setor.
A corrida por inteligência artificial despertou preocupações com a alta demanda por eletricidade e as emissões de carbono necessárias para colocar essa tecnologia de pé.

A Agência Internacional de Energia diz que até 2026 os datacenters poderiam consumir globalmente mais de 1.000 terawatt-horas de eletricidade, mais do que o dobro dos níveis de 2022, aproximadamente igual ao uso total de eletricidade do Japão.

Os EUA, que abrigam um terço dos datacenters do mundo, passam por um crescimento elevado da demanda de eletricidade pela primeira vez em duas décadas, impulsionado em parte por esses centros de dados.

As previsões de cinco anos para o crescimento da demanda de eletricidade nos EUA quase dobraram no último ano, de 2,6% para 4,7%, de acordo com relatório da companhia Grid Strategies.

Isso tem provocado alarme entre os órgãos de controle de energia, que questionam se as redes elétricas antiquadas podem atender ao aumento do consumo sem atrasar a transição para energias renováveis.

Também questionam se pode representar uma ameaça à confiança no abastecimento.

O acordo feito é quase três vezes maior do que os 3 GW de energia usados pelos datacenters na Virgínia —o maior hub do mundo para instalações do tipo—, abastecidos pela Dominion Energy.

Esse volume é uma parte significativa da capacidade geral de geração de energia renovável nos EUA e na Europa.

Os EUA adicionaram 33,8 GW em projetos de energia renováveis no ano passado, a maior quantidade já registrada, elevando a capacidade total na rede para 262GW, de acordo com a American Clean Power, empresa que analisa o setor.

Enquanto empresas de tecnologia como Amazon e Google assinaram novos acordos de energia renovável, executivos do setor de combustíveis fósseis disseram ao Financial Times que a eletricidade necessária para atender à demanda por IA exigirá um maior consumo de gás natural, dada a natureza intermitente da geração renovável e a incipiente expansão do armazenamento de baterias.

Eólica e solar representaram cerca de 14% da geração de eletricidade nos EUA no ano passado, enquanto o gás natural, a maior fonte de energia do país, representou 43%, de acordo com a Administração de Informação de Energia.

A Brookfield é uma das maiores desenvolvedoras de energia renovável do mundo; sua empresa listada nos EUA, Brookfield Renewable, possui cerca de 33 GW de ativos renováveis em operação, incluindo eólica, solar e baterias, ao redor do mundo, e mais 155 GW em desenvolvimento.

Ela se expandiu nos últimos anos com acordos para comprar rivais muito menores, incluindo o negócio de energia renovável do Banks Group do Reino Unido — que desde então foi renomeado para OnPath Energy — no ano passado, e o desenvolvedor de energia renovável com sede nos EUA, Urban Grid, em 2022.
Empresários do setor estão cada vez mais fechando acordos de longo prazo com grandes corporações, ajudando ambos os lados a obter alguma certeza sobre como ficarão os preços no futuro.

Além da Microsoft, a Brookfield anunciou acordos de compra de energia com a Amazon.

Em 2023, empresas fecharam acordos que somam um recorde de 46 GW em capacidade solar e eólica. A Amazon foi a principal compradora, de acordo com dados publicados em fevereiro pela Bloomberg New Energy Finance.

A Microsoft se comprometeu a garantir que 100% de seu consumo de eletricidade seja atendido em todo o tempo por "compras de energia com zero carbono" até 2030, usando diferentes mecanismos, incluindo acordos de compra de energia e certificados de energia renovável.

"A Microsoft quer usar nossa influência e poder de compra para criar um impacto positivo duradouro para todos os consumidores de eletricidade", disse Adrian Anderson, gerente geral de energias renováveis da empresa.

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